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Demografia das empresas

Saldo entre empresas abertas e fechadas volta a ser positivo em 2019

Editoria: Estatísticas Econômicas | Cristiane Crelier | Arte: Brisa Gil

22/10/2021 10h00 | Atualizado em 22/10/2021 10h29

  • Destaques

  • Em 2019, a taxa de entradas de empresas foi de 20,2% (947,3 mil) e a de saídas ficou em 14,0% (656,4 mil), gerando saldo positivo de 290,9 mil empresas.
  • O saldo de assalariados, resultado da dinâmica de entrada e saída das empresas, também foi positivo, com aumento de 595,5 mil postos.
  • A idade média das empresas era de 11,7 anos.
  • Apenas 22,9% dos endereços de atuações (unidades locais) de empresas chegam a completar 10 anos de atividade.
  • Empresas sobreviventes empregaram 96,9% dos assalariados, a maioria homens (60,7%).
  • Número de empresas de alto crescimento avançou 10,0%, segundo ano consecutivo de alta.
  • O Amapá (13,2%) tem a menor taxa de sobrevivência das empresas no período de 10 anos e Santa Catarina (30,6%), a maior.
  • As “gazelas”, empresas de alto crescimento com até 5 anos de idade, somaram 2,8 mil.
Em 2019, 947,3 mil empresas entraram em atividade e 656,4 mil fecharam suas portas - Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O saldo entre empresas abertas e encerradas em 2019 no Brasil voltou a ser positivo em 290,9 mil. Após o país ter registrado saldo negativo de 65,9 mil empresas em 2018, o movimento se inverteu em 2019, com a entrada no mercado de 947,3 mil empresas e o fechamento de 656,4 mil. Com isso, reverteu-se parte do encolhimento observado de 2014 a 2018 (perda de 382,5 mil empresas). A taxa de sobrevivência foi de 79,8%. As informações são do estudo Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo, divulgado hoje (22) pelo IBGE.

O gerente da pesquisa, Thiego Gonçalves Ferreira, explica que os dados devem ser observados com certa cautela, principalmente na comparação com os anos anteriores, pois a pesquisa sofreu uma alteração na metodologia que define organizações ativas, em razão do novo sistema de registro adotado pelo governo federal.

“O governo instituiu um novo sistema de registros administrativos para escrituração das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas, o chamado eSocial, que está substituindo a RAIS, sendo que algumas das informações que existem na RAIS deixaram de existir no eSocial e, com isso, o IBGE precisou ajustar o critério de seleção de organizações ativas”, explica o gerente da pesquisa, Thiego Gonçalves Ferreira.

Ele destaca que uma das perguntas não incluídas no sistema do eSocial é aquela onde a empresa declara ter exercido ou não suas atividades naquele ano. “É possível que algumas empresas estejam formalmente ativas, mas que, na prática, não estejam operando. Já havíamos identificado, quando da divulgação das Estatísticas do CEMPRE, por exemplo, uma alta incomum no número de organizações ativas sem pessoal ocupado, que não era observada na mesma proporção quando se olhava para as empresas com pelo menos uma pessoa ocupada”, ressalta.

Em 2019, o Cadastro Central de Empresas (Cempre) somava um total de 4,7 milhões de empresas ativas que empregavam 39,7 milhões de pessoas, sendo 33,1 milhões (83,3%) como assalariadas e 6,6 milhões (16,7%) na condição de sócios ou proprietários. Os salários e outras remunerações pagos por essas entidades totalizaram R$ 1,1 trilhão, com um salário médio mensal de 2,5 salários mínimos, equivalente a R$ 2.530,76. A idade média das empresas era de 11,7 anos.

O levantamento considera somente as entidades empresariais, excluindo os Microempreendedores Individuais (MEIs), órgãos da administração pública, entidades sem fins lucrativos e as organizações internacionais que atuam no país.

Empresas sobreviventes empregam 96,9% dos assalariados

Do total de empresas ativas, 3,7 milhões já estavam em atividade em 2018, o que representa uma taxa de sobrevivência de 79,8%. Entraram em atividade 947,3 mil empresas, das quais 15,5% (726,5 mil) nasceram naquele ano e 4,7% respondiam por reentradas (220,8 mil). Já as que saíram do mercado totalizaram 14,0% das empresas (656,4 mil empresas).

Thiego Gonçalves Ferreira ressalta que as empresas sobreviventes, no geral, possuem um porte maior, além de responderem pela maioria das ocupações e pagarem salários mais elevados, sendo que essa combinação, possivelmente, contribui para atraírem mais profissionais com ensino superior.

“As sobreviventes destacaram-se em pessoal ocupado assalariado (96,9%), em salários e outras remunerações pagos no ano (98,9%), em valor de salários mensais (cerca de 15% acima da média) e por terem 14,7% da sua mão de obra com nível superior. Já as entrantes de 2019 tiveram participação de 3,1% de pessoal assalariado e 8,4% de nível superior, enquanto aquelas que saíram do mercado, empregavam 1,3% dos assalariados e 7,5% com maior escolaridade”, exemplifica.

Observando as empresas de acordo com as faixas de pessoal ocupado assalariado, houve predomínio de empresas de menor porte em relação às entradas e às saídas. Cerca de 77,4% daquelas que entraram no mercado em 2019 não tinham pessoal ocupado assalariado, mas apenas sócios ou proprietários, e 20,5% possuíam 1 a 9 pessoas assalariadas. Da mesma forma, com relação às saídas, 78,5% não tinham pessoal ocupado assalariado, e 20,6% registravam 1 a 9 pessoas assalariadas, ou seja: 97,9% das entidades que entraram no mercado e 99,1% das que saíram, em 2019, possuíam de 0 a 9 pessoas assalariadas.

Com relação às empresas sobreviventes, 42,2% não tinham pessoal ocupado assalariado, 45,9% apresentavam 1 a 9 pessoas ocupadas assalariadas, e 12,0% tinham 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas. As de maior porte, com 10 ou mais empregados, respondiam por 72,5% do pessoal ocupado total e 82,8% do pessoal assalariado.

Saldo de assalariados foi positivo, com 595,5 mil novos postos de trabalho

Com a entrada de novas empresas, houve um ganho de 3,1% em pessoal ocupado assalariado. Já com as saídas, a perda de pessoal ocupado assalariado foi na ordem de 1,3%. O resultado final foi um saldo positivo de assalariados de 595,5 mil pessoas.

Enquanto na dinâmica de entrada e saída dessas entidades as participações de empregados com nível superior foram 8,4% e 7,5%, respectivamente, entre as sobreviventes tal participação foi 14,7%, representando, portanto, uma diferença de até 7,2 pontos percentuais (p.p.) entre os eventos de sobrevivência e saída.

No que diz respeito à distribuição por sexo, observa-se que os homens responderam pela maior parte dos vínculos nas empresas ativas: 60,6%, contra 39,4% de mulheres. A participação das mulheres nos eventos de sobrevivência, entrada e saída dessas entidades, foram, respectivamente, 39,3%, 41,3% e 42,7%.

Ao analisar a sobrevivência das empresas por faixas de pessoal ocupado assalariado, verifica-se que, quanto maior o porte da entidade, maior a taxa de sobrevivência. No primeiro ano de observação (2015), para as empresas sem pessoal assalariado e nascidas em 2014, a taxa de sobrevivência foi 70,7%; nas empresas com 1 a 9 assalariados, 91,9%; e, entre aquelas com 10 ou mais assalariados, 95,2%. Após cinco anos (2019), as taxas de sobrevivência segundo o porte foram 32,1%, 49,1% e 64,5%, respectivamente.

Amapá tem a menor taxa de sobrevivência das empresas e Santa Catarina tem a maior

Mas a Demografia das Empresas revela que chegar aos dez anos é bem mais difícil. Apenas 22,9% das unidades locais (filiais) das empresas nascidas em 2009 ainda estavam operando em 2019.

Em termos regionais, o Sul se destaca com a maior taxa de sobrevivência em 10 anos: 26,0%. Em seguida, Sudeste (22,8%) e Centro-Oeste (22,4%) ficam perto da média nacional, embora um pouco abaixo. Já o Nordeste (20,9%) e o Norte (19,0%) têm os menores índices.

Entre os estados, o Amapá (13,2%) tem a menor taxa de sobrevivência das empresas no período de 10 anos. Por outro lado, Santa Catarina (30,6%) tem a maior.

“O ambiente microeconômico no qual a empresa está inserida, o capital humano, e a capacidade de acesso ao crédito são alguns fatores que podem explicar a diferença entre as taxas de sobrevivência em cada unidade da federação”, analisa Thiego Gonçalves Ferreira.

Empresas de alto crescimento avançam mais de 10,0% pelo segundo ano consecutivo

Em 2019, o número de empresas de alto crescimento avançou 10,0% em relação a 2018, sendo o segundo ano seguido de alta, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas dos cinco anos anteriores. Em 2012, ponto mais alto da série, havia 35,2 mil empresas de alto crescimento. Em 2019, essas empresas somavam 25,0 mil, as quais ocuparam 3,3 milhões de pessoas assalariadas e pagaram R$ 94,6 bilhões em salários e outras remunerações, com um salário médio mensal de 2,5 salários mínimos.

Empresas de alto crescimento são aquelas com pelo menos 10 empregados assalariados, que apresentaram um crescimento médio do seu pessoal de pelo menos 20% ao ano, por três anos seguidos. Considera-se que parte desse crescimento está associado ao empreendedorismo.

Essas empresas de alto crescimento representaram 1,1%, das empresas ativas e 5,4% das empresas com 10 ou mais pessoas ocupadas assalariadas. Elas foram responsáveis pela absorção de 12,1% dessa mão de obra entre as empresas com 10 ou mais empregados e pelo pagamento de 9,7% dos salários e outras remunerações.

“Apesar do crescimento verificado em 2019, o panorama econômico nacional, contudo, continua desafiador para as empresas se enquadrarem nesse critério, tendo em vista que um aumento médio de 20% ao ano do pessoal ocupado assalariado por três anos consecutivos tem se restringido a um número cada vez menor delas. Outro indicador do desafio enfrentado para enquadramento das empresas na categoria é a redução de sua participação no contingente daquelas com 10 ou mais pessoas assalariadas. Em 2008, as empresas de alto crescimento representavam 8,3% das entidades com 10 ou mais pessoas assalariadas, proporção essa que declinou continuamente até 2017, quando atingiu 4,5%. Com o aumento observado em 2019, verifica-se que essa participação subiu para 5,4%”, comenta Ferreira.

Quase 2,8 mil eram empresas “gazelas”

Do total de empresas de alto crescimento em 2019, 11,2% (2.805) eram as chamadas “gazelas”, que têm até cinco anos de idade. Essa participação representa uma queda de 0,2 pontos percentuais em relação a 2018, quando eram 11,4%. Em 2019, as “gazelas” absorveram 214,3 mil pessoas assalariadas, sendo esse o terceiro menor nível da variável desde 2008 (os piores foram em 2017 e 2018, ambos com 198,8 mil assalariados). E o salário médio mensal das empresas gazelas foi de 1,9 salários mínimos em 2019, abaixo, portanto, do valor médio de 2,5 salários mínimos mensais observado nas de alto crescimento.