PNAD Contínua
Gastos com turismo nacional aumentam 11,7% em 2024
02/10/2025 10h00 | Atualizado em 02/10/2025 10h35
Destaques
- No ano passado, a proporção de domicílios em que pelo menos um morador declarou ter viajado no período de referência do módulo de Turismo da PNAD Contínua foi de 19,3%. Em 2023, foi de 19,8%. Em 2021, ano marcado pela pandemia de Covid-19, foi de 12,7%. Em 2020, foi de 13,9%.
- Em 2020, no primeiro ano da pandemia, o número de viagens realizadas pelos moradores foi estimado em 13,4 milhões, caindo para 12,1 milhões em 2021 e, com o fim da emergência sanitária, saltou para 20,6 milhões em 2023. Em 2024, o total de viagens se manteve em 20,6 milhões. Esse total inclui as viagens nacionais e internacionais.
- Cerca de 85,5% dessas viagens foram realizadas com finalidade pessoal, e o lazer foi o principal motivo apontado, representando 39,8% delas, seguido por visita ou evento de familiares e amigos (32,2%).
- Por outro lado, 14,5% das viagens foram realizadas por finalidade profissional, sendo que 82,7% delas eram para negócio ou trabalho e 11,8% eventos e cursos para desenvolvimento profissional.
- Os gastos totais em viagens nacionais com pernoite, em 2024, alcançaram R$ 22,8 bilhões, um aumento de 11,7% em relação a 2023. O maior aumento dos gastos foi em famílias com rendimentos de meio a menos de 1 salário mínimo (8,7%).
- A busca por sol e praia foi o principal tipo de lazer apontado pelos entrevistados da pesquisa, respondendo por 44,6% do total das viagens com essa finalidade.
- As viagens de lazer para cultura e gastronomia foram as únicas que cresceram ao longo de todos os anos da série histórica da pesquisa. Em 2020, eram 15,5% das viagens, passando para 21,5 em 2023 e alcançando 24,4% em 2024.
- Em 2024, a classe de menor rendimento, formada pelos que viviam com rendimento mensal menor que meio salário mínimo per capita, apesar de representar 21,0% dos 77,8 milhões de domicílios estimados no país, respondia por apenas 11,3% daqueles em que ocorreu viagem no período de referência da pesquisa.
- Nas viagens, a participação de meios de transporte não coletivos, como carro particular e de empresa, caiu de 57,6%, em 2020, para 50,7%, em 2024. Em contrapartida, a proporção de viagens de avião passou de 10,5% em 2020 para 14,7% em 2024.
- Em 2024, das 20,6 milhões de viagens realizadas, 40,7% tiveram hospedagem em casa de amigo ou parente. Em segundo lugar ficaram os hotéis e resorts, com 18,8%.
- Na maioria das viagens nacionais (80,9%), a mesma região foi origem e destino, com destaque para os viajantes que partiram e tiveram como destino o Sudeste (35,3%).
- Os viajantes que partiram do Nordeste tiveram o menor gasto médio (R$ 1.206) com as viagens. No entanto, quando o destino era algum estado dessa região, foram registrados os maiores gastos médios (R$ 2.523).

Em 2024, assim como em 2023, foram registradas 20,6 milhões de viagens, ante 12,1 milhões em 2021 e 13,4 milhões em 2020. Dos 77,8 milhões de domicílios estimados no país em 2024, 15,0 milhões (19,3%) registraram viagem de ao menos um morador. Esse valor se manteve estável em relação a 2023 mas, proporcionalmente, houve redução de 0,5 ponto percentual. Durante a pandemia de Covid-19, as proporções foram de 13,9%, em 2020, e de 12,7%, em 2021. Os dados são do módulo de Turismo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgados hoje (2).
Verificou-se pouca alteração em relação à finalidade das viagens: em 2020, 85,1% das viagens ocorreram por finalidade pessoal; em 2021, o percentual foi de 85,4%, em 2023 foi de 85,8% e em 2024 foi de 85,5%, incluindo viagens nacionais e internacionais.
A maior parcela dos domicílios em que houve viagem (4,48 milhões ou 29,8%) se encontra na faixa de rendimento domiciliar per capita de 1 a menos de 2 salários mínimos. A principal finalidade das viagens por motivo pessoal era o lazer (7,0 milhões ou 39,8%), seguido por visita ou eventos de familiares e amigos (5,67 milhões, ou 32,2%). Sol e praia ainda são o motivo mais frequente de lazer. E, independentemente de motivos pessoais ou profissionais, o maior percentual de hospedagens continua sendo casa de amigo ou parente.
Gastos com viagens alcançam R$ 22,8 bilhões
Os gastos totais em viagens nacionais com pernoite, em 2024, alcançaram R$ 22,8 bilhões, um crescimento de 11,7% em relação a 2023, quando os gastos somaram R$ 20,4 bilhões. “Tivemos o mesmo número de viagens e um gasto maior, o que significa que viajar está mais caro ou, então, as pessoas estão fazendo viagens mais caras”, comenta o analista da pesquisa, William Kratochwill.
Nas viagens com destino na Região Sudeste, o gasto total foi de R$ 8,7 bilhões, seguido do Nordeste (R$ 7,4 bilhões) e Sul (R$ 4,1 bilhões). As Regiões Centro-Oeste e Norte apresentaram os menores gastos totais, com R$ 1,7 bilhão e R$ 978,0 milhões, respectivamente.
Entre as regiões, os destinos que registraram os maiores gastos médios com viagens foram Nordeste (R$ 2.523), Sul (R$ 1.943) e Centro-Oeste (R$ 1.704), seguidas pelas regiões Sudeste (R$ 1.684) e Norte (R$ 1.263). Quanto à origem, os maiores gastos estavam entre viagens saindo da Região Centro-Oeste (R$ 2.182), Sudeste (R$ 2.128) e Sul (R$ 1.787), seguidas por Norte (R$ 1.451) e Nordeste (R$ 1.206).
Como destino, Alagoas (R$ 3.790) foi o estado que apresentou o maior gasto médio no país. Já o Distrito Federal apresentou os maiores gastos médios com viagens de origem, com R$ 3.090.
Principal motivo de não viajar foi falta de dinheiro
Em 2024, a pesquisa revelou que em 62,8 milhões de domicílios não houve viagem. Se por um lado houve desinteresse, falta de necessidade ou outro motivo para os moradores de 19,0 milhões de domicílios, por outro, a demanda por viagens nos outros 43,7 milhões de domicílios foi reprimida pela falta de dinheiro, tempo, saúde ou por terem outra prioridade.
A falta de dinheiro foi o motivo mais frequente, declarado por 24,6 milhões de domicílios (39,2%), seguida por 12,0 milhões por falta de tempo (19,1%). Na análise por rendimento, a falta de dinheiro foi superior à média brasileira em dois estratos: em 55,3% dos domicílios com menos de meio salário mínimo per capita e em 44,5% dos domicílios com rendimento de meio a menos de 1 salário mínimo. No grupo com 4 ou mais salários mínimos, em apenas 11,4% não houve viagem por não ter dinheiro.
Por outro lado, entre os domicílios que registraram viagem, apenas 11,3% pertenciam ao grupo de rendimento mensal domiciliar per capita inferior a meio salário mínimo. Este grupo representa pouco mais que um quinto dos domicílios pesquisados. Já o grupo de domicílios com rendimento per capita de 4 ou mais salários mínimos, que eram 7,4% do total de domicílios, representaram 17,5% dos domicílios em que houve ocorrência de viagem. Os domicílios com rendimento de 2 a menos de 4 salários mínimos eram 13,9% do total e representaram 21,4% dos domicílios em que houve viagem de algum morador.
Kratochwill comenta que, em 2024, houve aumento no rendimento domiciliar per capita. “Entretanto, isso não se refletiu na distribuição do número de viagens. Ou seja, apesar da diminuição das desigualdades, as viagens continuam concentradas no estrato da população com maior renda”.
O percentual de ocorrência de viagem em cada grupo foi diretamente proporcional ao rendimento. O grupo de domicílios com rendimento domiciliar per capita de 4 ou mais salários mínimos teve ocorrência de viagem de algum morador em 45,7% de seus domicílios, sendo o grupo de maior incidência. A taxa de ocorrência de viagem nos domicílios com rendimento domiciliar per capita menor que meio salário mínimo foi de 10,4%, ou seja, em aproximadamente 90% dos domicílios nesta faixa de rendimento per capita não houve ocorrência de viagem.
A falta de tempo foi o motivo mais indicado nos domicílios com maiores rendimentos, ocorrendo em 33,2% dos domicílios com mais de 4 salários mínimos e em 31,4% dos domicílios com 2 a menos de 4 salários mínimos de rendimento domiciliar per capita. Para o grupo de menor rendimento, em 7,4% dos domicílios foi alegada a falta de tempo para não haver viagem.
Lazer foi o principal motivo das viagens pessoais
Em 2024, 85,5% das viagens realizadas eram pessoais, enquanto 14,5% tinham finalidade profissional. O percentual pouco se alterou em relação ao ano anterior, quando 85,8% eram pessoais e 14,2%, profissionais.
Entre as viagens profissionais, 84,7% eram para negócio ou trabalho e 11,8% para eventos e cursos para desenvolvimento profissional.
Entre as viagens pessoais, as que tinham como motivo o lazer foram as mais frequentes em 2024, com 39,8%, frente a 38,5%, em 2023, e 32,8%, em 2020. Já visitas ou eventos de familiares e amigos foram o segundo principal motivo para viagens pessoais. Elas foram maiores em 2020, com 38,6%, caindo ao longo dos anos apurados. Em 2023, foram 33,0% do total das viagens pessoais, e, em 2024, esse número caiu para 32,2%.
Tratamento de saúde ou consulta médica foi a finalidade pessoal que manteve uma estabilidade em relação às pesquisas anteriores. Em 2024, a porcentagem era de 20,1%; em 2023, 20,0%, em 2021, 19,9%. “Esse número está estável. Acredito que chegou a um nível que é o que a sociedade demanda para viajar para cuidados de saúde”, analisa Kratochwill.
Sol e praia continuam sendo as principais viagens de lazer
A principal finalidade das viagens de lazer em 2024 foram os destinos de sol e praia, com 44,6%. Esta é a proporção mais baixa da série: em 2023, eram 46,2% e, em 2020, 55,5%. Ainda assim, foram a preferência em todas as classes de rendimento, alcançando a maioria de todas as viagens daqueles com renda de até meio salário mínimo, com 53,7%. Esse percentual diminuiu conforme o nível de rendimento aumentou, reduzindo para 39,1% das viagens daqueles que tinham 4 ou mais salários mínimos de rendimento domiciliar per capita.
"Quase a maioria da população prefere praia. Mas, o que era 55,5%, em 2020, passou para 44,6%, em 2024. Na situação sem crise sanitária e com rendimentos crescentes, as pessoas estão começando a buscar outros tipos de viagens”, comenta Kratochwill.
As viagens de lazer para cultura e gastronomia foram as únicas que cresceram ao longo de todos os anos da série histórica da pesquisa. Em 2020, eram 15,5% das viagens, passando para 21,5 em 2023 e alcançando 24,4% em 2024. Este aumento é verificado especialmente nos estratos mais altos de rendimento: enquanto, na faixa de 4 ou mais salários mínimos, o percentual atingiu 32,3%, entre aqueles com rendimento de até meio salário mínimo o número chegou a 14,7%.
Casa de conhecidos foi o principal local de hospedagem
Na passagem de 2023 para 2024, o número de viagens sem pernoite (4,7 milhões) diminuiu 6,0%. O número de viagens com pernoites (15,8 milhões) cresceu 1,8%. Houve pernoites em 76,9% das viagens, contra 75,5% das viagens de 2023.
As viagens com 2 ou 3 pernoites foram as mais frequentes, com 5,9 milhões de viagens em 2024, o que equivale a 28,7%. A quantidade de viagens dos grupos com mais pernoites apresentou os maiores crescimentos relativos, com destaque para o grupo de viagens com 6 ou 7 pernoites, cujo crescimento foi de 9,4% de 2023 para 2024, seguido do número de viagens com 11 a 15 pernoites, que cresceu 8,7%, e das viagens de 16 ou mais pernoites, que apresentou um crescimento de 6,9%.
A casa de amigo ou parente foi o local de hospedagem preferido em todos os anos avaliados. Em 2024, das 20,6 milhões de viagens realizadas, 40,7% tiveram hospedagem em casa de amigo ou parente. Em segundo lugar ficaram os hotéis e resorts, com 18,8%.
Os imóveis por temporada, inclusive aqueles por aplicativo de Internet, alcançaram 5,2% das viagens. Já as pousadas foram utilizadas em 5,9% das viagens. Apenas em 3,2% das viagens a hospedagem aconteceu em imóvel próprio.
O motivo da viagem diferenciou o tipo de hospedagem. As viagens profissionais concentraram suas hospedagens em hotel, resort ou flat (42,9%); nas viagens de cunho pessoal, este percentual foi de 14,7%. A maior frequência de hospedagem das viagens pessoais se deu em casa de amigo ou parente, que atingiu 45,4% do total de viagens com finalidade pessoal. Das viagens profissionais, 13,2% tiveram hospedagem em casa de amigo ou parente.
O percentual de viagens com estada em casa de amigo ou parente se reduziu conforme aumentou o rendimento das pessoas. Para aqueles que viviam com menos de meio salário mínimo, este percentual foi de 44,7%, ao passo que, para aqueles com 4 ou mais salários mínimos, foi de 33,0%. Quando observamos o imóvel próprio como hospedagem, o percentual entre aqueles com menos de meio salário mínimo foi de 1,2%; entre aqueles com 4 ou mais salários mínimos, este percentual chegou a 4,9%.
A mesma tendência se repetiu quando o local de hospedagem foi hotel, resort ou flat, variando de 4,3% para aqueles com menos de meio salário mínimo, a 37,0%, quando o rendimento domiciliar per capita foi de 4 ou mais salários mínimos.
Viagens realizadas pelos moradores dos domicílios no período de referência dos últimos três meses, por classes de rendimento mensal domiciliar per capita e principal local de hospedagem |
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Principal local de hospedagem | Total | Menos de 1/2 salário mínimo | 1/2 a menos de 1 salário mínimo | 1 a menos de 2 salários mínimos | 2 a menos de 4 salários mínimos | 4 ou mais salários mínimos |
Hotel, resort ou flat | 18,8 | 4,3 | 7,8 | 14,5 | 24,5 | 37 |
Pousada | 5,9 | 3,4 | 4 | 5,9 | 7,2 | 7,5 |
Casa de amigo ou parente | 40,7 | 44,7 | 44,1 | 43 | 39,8 | 33 |
Imóvel próprio | 3,2 | 1,2 | 1,6 | 2,9 | 4,5 | 4,9 |
Imóvel por temporada ou AirBnB | 5,2 | 2,4 | 3,1 | 4,7 | 6,4 | 8,1 |
Outro | 26,2 | 44,1 | 39,5 | 28,9 | 17,6 | 9,5 |
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, 2019 (3º trimestre), a partir de 2020 (acumulado de segundas visitas). |
Viagens internacionais crescem 11,1%
Após a recuperação no número de viagens realizadas pelos moradores, que passou de 12,1 milhões em 2021 para 20,6 milhões em 2023 e 2024, os resultados apontam uma expansão das viagens com destino internacional (3,0% em 2023 e 3,3% em 2024). Com 688 mil viagens tendo destino internacional, o ano de 2024 apresentou 11,1% de crescimento quando comparado com o ano de 2023 (619 mil viagens).
No território nacional, na maioria das viagens (80,9%), o viajante teve a mesma região como origem e destino. Em 35,3% das vezes, o viajante partiu e teve como destino o Sudeste. Essa região, que é a mais populosa do país, foi a origem de 43,9% do total das viagens, seguida pelo Nordeste (23,8%) e pelo Sul (17,4%). A mesma sequência se manteve em relação ao destino da viagem: Sudeste (41,2%), Nordeste (27,4%) e Sul (17,6%).
Avião ganha participação entre os meios de transporte e supera os ônibus de linha
Em 2024, o principal meio de transporte nas viagens foi o carro particular ou de empresa (50,7%), seguido por avião (14,7%) e ônibus de linha (11,9%). Verifica-se mudança em relação ao período da pandemia de Covid-19, nos dados de 2020 e 2021, quando o percentual de viagens em meios de transporte não coletivos, como carro, eram consideravelmente maiores, atingindo 57,6% em 2020.
“Com o fim da pandemia, há uma retomada dos transportes coletivos, com destaque para as viagens de avião, que foram pouco superiores a 10% em 2020 e 2021 e, em 2024, chegaram a 14,7%”, aponta Kratochwill. Em 2023, eram 13,4%, aumento de 1,3 ponto percentual. As viagens de ônibus de linha (11,9%) apresentaram redução em relação a 2023 (13,4%).
O carro de empresa ou particular é o principal transporte entre todos os estratos de rendimento. Nas viagens de avião, as diferenças são mais profundas: enquanto, entre o estrato de 4 ou mais salários mínimos, as viagens de avião representam 36,2%, esse percentual cai para 3,7% no estrato de menos de meio salário mínimo. Este grupo é o que menos viaja de carro (31,9%, ou 18,8 pontos percentuais abaixo da média brasileira) e o que mais viaja por ônibus de linha (25,2%, ou 13,3 p.p. acima da média).
A principal variação no transporte aéreo se deu nas viagens por motivos profissionais: eram 19,9% em 2020, aumentaram para 27,1% em 2023 e atingiram 28,8% das viagens com finalidade profissional em 2024.
Sobre a pesquisa
O módulo de Turismo da PNAD Contínua buscar quantificar os fluxos de turistas nacionais dentro do país e para o exterior. Entre os dados apresentados estão o percentual de domicílios com ocorrência de viagem dos moradores, o número de viagens realizadas pelos moradores e as características das viagens, como motivo, destinos, meios de transporte e gastos médios. Há dados para Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Acesse o material de apoio e a publicação completa para mais informações.