Estatísticas do Registro Civil
Número de divórcios cai em 2024 após três anos de alta
10/12/2025 10h00 | Atualizado em 10/12/2025 10h30
Destaques
- Número de divórcios caiu 2,8% entre 2023 e 2024, chegando a 428.301. A última vez que houve queda nesse indicador foi entre 2019 e 2020 (-13,6%).
- Pela primeira vez, proporção de divórcios judiciais de casais com guarda compartilhada (44,6%) superou aqueles em que a mulher tinha a guarda da criança (42,6%).
- Número de casamentos civis cresce 0,9% entre 2023 e 2024, mas não alcança patamar pré-pandemia. Entre pessoas do mesmo sexo, a alta foi de 8,8% e bateu novo recorde, com 12.187 registros.
- País teve 2,38 milhões de nascimentos ocorridos em 2024, uma queda de 5,8% em relação a 2023 (2,52 milhões). É o sexto ano consecutivo de redução na natalidade.
- Proporção de mães com até 24 anos cai de mais da metade (51,7%) para pouco mais de um terço (34,6%) entre 2004 e 2024.
- País registrou 1,50 milhão de óbitos ocorridos em 2024, número 4,6% maior em comparação com 2023.
- Do total de óbitos, 6,9% foram por causas não naturais (homicídios, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos, quedas acidentais etc).
- Número de óbitos não naturais entre homens (85.244) foi 4,7 vezes maior do que entre mulheres (18.043); entre os adolescentes e jovens de 15 a 29 anos, essa sobremortalidade masculina (27.575 óbitos) por causas não naturais é ainda mais acentuada, 7,7 vezes maior que a feminina (3.563 óbitos).
O país registrou 428.301 divórcios em 1ª instância ou realizados por escrituras extrajudiciais em 2024, uma redução de 2,8% em relação a 2023 (440.827). A última vez que a quantidade de divórcios diminuiu foi em 2020 (-13,6%). Sul (-1,4%), Sudeste (-2,5%), Nordeste (-3,1%), e Centro-Oeste (-11,8%) puxaram essa queda, enquanto o Norte (9,1%) foi a única grande região com aumento entre 2023 e 2024.
Os dados são das Estatísticas do Registro Civil, divulgadas hoje (10), pelo IBGE. A pesquisa investiga informações relativas aos nascidos vivos, casamentos, óbitos e óbitos fetais informados pelos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais; aos divórcios judiciais declarados pelas Varas de Família, Foros ou Varas Cíveis; bem como aos divórcios extrajudiciais, realizados pelos Tabelionatos de Notas.
“A queda na quantidade de divórcios é pequena. Quando olhamos a série histórica, vemos que essas variações são cíclicas, portanto, é preciso esperar próximas divulgações para ver se essecomportamentoindica alguma mudança de tendência”, diz a gerente da pesquisa, Klívia Brayner.
Pela primeira vez, a proporção de divórcios judiciais entre pais com guarda compartilhada com filhos menores (44,6%) superou a de casais cuja guarda de filhos menores era da mulher (42,6%). Em 2014, essas proporções eram de, respectivamente, 7,5% e 85,1%. “A pesquisa mostra que essa inversão de tendência é consequência da Lei n. 13.058, de 2014, que passou a priorizar a guarda compartilhada ainda que não haja acordo entre os pais quanto à guarda dos filhos, desde que ambos estejam aptos a exercer o poder familiar”, avalia a gerente da pesquisa.

Os divórcios judiciais concedidos em 1ª instância corresponderam a 81,8% dos divórcios do país em 2024. Na análise desse tipo de divórcio segundo o arranjo familiar, a maior proporção das dissoluções ocorreu entre as famílias constituídas somente com filhos menores de idade, atingindo 45,8% em 2024, contra 46,3% em 2023. Na sequência, estão os divórcios entre casais sem filhos (30,4%).
Em média, os homens se divorciaram em idades mais avançadas (44,5 anos) que as mulheres (41,6 anos). Entre pessoas de sexos diferentes, para cada 100 casamentos registrados, ocorreram cerca de 45,7 divórcios no país, contra 47,4 em 2023. O tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio se manteve em 13,8 anos em 2024, repetindo o resultado de 2023. Em 2010, era de aproximadamente 16 anos.
Número de casamentos civis cresce 0,9%, mas não alcança patamar pré-pandemia
Em 2024, houve aumento de 0,9% nos registros de casamentos civis realizados em Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais, somando 948.925. Nordeste foi a única grande região com decréscimo (-1,4%). Centro-Oeste teve o maior crescimento (2,6%), seguido por Sul (2,3%), Norte (1,5%) e Sudeste (1,1%).
A partir de 2016, o número de casamentos civis apresentou tendência de queda. Com a pandemia da Covid-19, a redução foi ainda maior em relação ao ano anterior. Em 2021, as cerimônias matrimoniais voltaram a crescer, mas sem alcançar o número de 2019. O mesmo aconteceu em 2022. No ano seguinte, a quantidade de casamentos civis sofreu redução novamente. O ano de 2024 superou o de 2023, mas sem alcançar a média observada no período de 2015 a 2019.

Entre 2022 e 2024, os maiores números de registros de casamentos foram a partir de setembro em cada ano. Nesses três anos, dezembro permaneceu como o de maior número de registros. Em 2024, com exceção de março, setembro e dezembro, o total de casamentos nos outros meses foi maior do que no mesmo mês de 2023.
Casamento entre pessoas do mesmo sexo bate recorde
O número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo bateu recorde em 2024, com 12.187 registros, alta de 8,8% em relação ao ano anterior (11.198). É o maior número desde o início da série histórica, em 2013. Desse total, os casamentos entre cônjuges femininos representaram 64,6%. Em relação a 2023, os casamentos entre mulheres tiveram aumento de 12,1%; já entre homens, o crescimento foi de 3,3% no mesmo período.
"A tendência é de que a cada ano seja maior. Tanto pela aceitação maior da sociedade quanto pela lei. Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça aprovou uma resolução impedindo que cartórios de todo o país se recusassem a converter uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo em casamentos", explica Klívia.
Centro-Oeste (28,2%), Nordeste (16,4%), Sudeste (6,1%) e Sul (4,2%) tiveram aumento no número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. A única redução foi no Norte (-4,2%).
Idades dos cônjuges aumentaram ao longo dos anos
A diferença entre idades dos cônjuges solteiros de sexos distintos com 15 anos ou mais foi de aproximadamente 2 anos, sendo que os homens se casaram, em média, aos 31,5 anos, e as mulheres, aos 29,3 anos, em 2024. Nos casamentos civis entre pessoas solteiras do mesmo sexo, a idade média foi de 34,7 anos, entre os homens, e de 32,5 anos, entre as mulheres.
As idades dos cônjuges nos casamentos entre pessoas de sexos distintos, independente do estado civil prévio, aumentaram ao longo dos últimos anos, tanto para homens quanto para mulheres. Em 2004, 8,5% das mulheres que se casaram tinham 40 anos ou mais, enquanto em 2024, a proporção chegava a 25,3%. O aumento também aconteceu em relação aos homens com 40 anos ou mais, subindo de 13,2%, em 2004, para 31,3%, em 2024.
“A ampliação da idade ao se casar pode estar relacionada ao adiamento da decisão pelo casamento civil e ao aumento do número de recasamentos, uma vez que a extensão da expectativa de vida também contribui para esse cenário”, destaca Klívia.
A participação de registros de casamentos em que pelo menos um dos cônjuges era divorciado ou viúvo aumentou de 13,5%, em 2004, para 23,4%, em 2014, e, em 2024, alcançou 31,1% de todos os registros de casamentos civis entre pessoas de sexos diferentes do país. Em 2024, considerando pelo menos um dos cônjuges divorciado ou viúvo, as idades médias ao se casar do homem e da mulher eram de 45,3 e 41,5 anos, respectivamente.
Nascimentos caem pelo sexto ano consecutivo e chegam a 2,38 milhões em 2024
O país teve 2,38 milhões de nascimentos ocorridos em 2024, uma queda de 5,8% em relação a 2023 (2,52 milhões). Esses nascimentos foram registrados até o primeiro trimestre de 2025. Este é o sexto recuo consecutivo na série histórica, iniciada em 1974. Já os outros 65.825 registros de nascimentos realizados em 2024 são de nascimentos ocorridos em anos anteriores a 2024 ou com o ano de nascimento ignorado.

Todas as grandes regiões tiveram queda no número de nascimentos entre 2023 e 2024, especialmente no Sudeste (-6,3%), Norte (-6,2%) e Sul (-6,0%). Nordeste (-5,3%) e Centro-Oeste (-4,7%) tiveram quedas menos intensas. Entre as unidades da federação, destaques para Acre (-8,7%), Rondônia (-8,6%) e Piauí (-8,2%), com os maiores recuos, e Paraíba (-1,9%), Alagoas (-2,4%) e Goiás (-3,0%), com reduções menos expressivas.
Em 2024, 88,5% dos registros de nascimentos gerados por mães residentes no país foram realizados no prazo de até 15 dias e 98,9% em até 90 dias. As áreas com mais de 20% dos registros realizados após os 90 dias estão concentradas em 11 municípios, sendo 7 deles na Região Norte, 3 no Piauí e 1 em Minas Gerais. Para a Região Norte, cerca de 1 a cada 4 registros de nascimentos (25,1%) foram realizados após o prazo de 15 dias, enquanto no Sul essa participação foi de 3,5%.
Proporção de mães com até 24 anos cai de mais da metade (51,7%) para pouco mais de um terço (34,6%) em duas décadas
Cerca de 34,6% dos nascimentos eram de mães com até 24 anos em 2024, uma redução considerável em comparação a 2004, quando mais da metade (51,7%) dos nascimentos eram de mães nessa faixa etária. Na Região Centro-Oeste houve a principal queda neste indicador, de 55,1% para 35,1% no mesmo período, enquanto Sul (29,9%) e Sudeste (30,7%) apresentaram valores mais baixos em 2024.
Houve diminuição também do número de registros de nascimentos gerados por mães adolescentes com até 19 anos, variando de 20,8% em 2004 para 11,3% em 2024. Mesmo assim, foram 267.446 nascimentos concebidos por mães com até 19 anos no país, considerando que a maternidade entre mulheres jovens pode ser um fator que dificulta sua permanência na educação formal.
Em 2024, 2.370.945 registros de nascimentos ocorridos no ano foram de filhos de mães que residiam no Brasil, sem considerar aquelas que moram no estrangeiro ou cuja residência é ignorada. Desse total, 0,9% (22.290) eram filhos de mães que nasceram em país estrangeiro e residiam no Brasil. Venezuela (32,4%), Bolívia (18,8%) e Paraguai (9,9%) foram os países de nacionalidade dessas mães estrangeiras, que residiam no Brasil, com maior participação percentual.
País teve 1,50 milhão de óbitos em 2024; 6,9% por causas não naturais
Em 2024, aconteceram 1,50 milhão de óbitos no país, uma alta de 4,6% em comparação ao ano anterior. Esses óbitos foram registrados até o primeiro trimestre de 2025. O grupo de idosos com 60 anos ou mais representou 71,7% dos óbitos registrados, o que corresponde a 1,07 milhão de mortes. Na comparação com 2023, houve alta de 5,6% ou 57.133 óbitos a mais nessa faixa etária.
Considerando a natureza do óbito, 90,9% das mortes foram por causas naturais, 6,9% por causas externas e em 2,2% não foi possível obter a natureza.
Os óbitos por causas externas ou não naturais (homicídios, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos, quedas acidentais etc) acometem especialmente os homens. Em 2024, o número de óbitos dessa natureza entre homens (85.244) foi 4,7 vezes maior que o de mulheres (18.043); entre os adolescentes e jovens de 15 a 29 anos, essa sobremortalidade masculina (27.575 óbitos) por causas não naturais é ainda mais acentuada, 7,7 vezes maior que a feminina (3.563 óbitos).
O aumento no número de óbitos aconteceu em todas as grandes regiões e em 26 unidades da federação. Sul (7,4%) e Centro-Oeste (6,2%) tiveram as maiores elevações na quantidade de óbitos, enquanto o aumento foi menor no Sudeste (4,0%), Nordeste (3,8%) e Norte (3,2%). Distrito Federal (11,6%), Rio Grande do Sul (7,6%), Santa Catarina e Goiás (ambos com 7,5%) e Paraná (7,0%) tiveram as maiores variações no número de óbitos. Roraima foi o único estado com queda (-5,7%).
Na comparação por sexo, aconteceram e foram registrados 815.608 mil óbitos masculinos e 678.372 femininos em 2024. O aumento no número de óbitos masculinos em relação ao ano anterior foi de 4,2% e dos femininos, 5,0%. Consequentemente, a razão de óbitos entre os sexos diminuiu de 121,2 para 120,2 óbitos masculinos a cada 100 femininos.