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Revista Retratos

IBGE treina países africanos para a coleta eletrônica de dados

Editoria: Revista Retratos | Marcelo Benedicto

03/08/2017 09h00 | Atualizado em 12/07/2019 11h26

Deixar de lado os questionários de papel e realizar um censo demográfico com coleta eletrônica de dados é um desafio para qualquer instituto de estatística. Mesmo ciente disso, o Brasil foi o primeiro país do mundo a abraçar a tarefa e fazer, em 2010, um censo totalmente digital. O êxito da operação levou o Brasil a firmar diversos acordos de cooperação técnica com países interessados na mesma empreitada, em especial no continente africano. Um desdobramento dessas parcerias é a criação dos Centros de Referência em Censos com Coleta Eletrônica na África.

O objetivo do projeto é possibilitar que os próprios países africanos, que já implementaram a coleta eletrônica, possam capacitar outros países do continente interessados em fazer o mesmo em seus próximos censos (em torno de 2020). A expectativa é a estruturação de três centros, liderados por países de três idiomas diferentes: Cabo Verde (português), Senegal (francês) e um outro de língua inglesa que ainda será definido.

Multiplicação de conhecimento

De acordo com Luciana Prazeres, gerente do IBGE que está à frente do projeto dos Centros de Referência, em termos práticos a meta agora é capacitar Cabo Verde e Senegal para que possam replicar a metodologia de coleta eletrônica de dados para os países africanos. “Ambos já fizeram censo com coleta eletrônica com o apoio do IBGE, mas precisam aprimorar a metodologia para poderem cooperar com outros países”, ressalta Luciana.

Segundo Cynthia Gomes Damasceno, técnica do IBGE responsável pelo treinamento, um diferencial desse tipo de capacitação é o uso de um aplicativo específico para que as pessoas aprendam a utilizar o Dispositivo Móvel de Coleta (DMC). Também há módulos que tratam da infraestrutura tecnológica e de como pensar o questionário no contexto da tecnologia digital, além de discussões sobre os problemas enfrentados na coleta.

“Mostraremos para eles que nós temos um país gigantesco, com muita dificuldade de acesso em vários lugares. E, mesmo com essa realidade, optamos por fazer um censo digital e encontramos soluções para essas dificuldades. Não usamos papel em nenhum lugar”, comenta Cynthia.

O treinamento termina com um acompanhamento da atuação desses países no repasse de conhecimento. Ainda de acordo com Luciana, após essa etapa, o projeto prevê a captação de parceiros que possam financiar a aquisição de equipamentos de coleta – os quais poderão ser usados pelos países através de rodízio.

“De acordo com a ONU, esse projeto tem como foco melhorar a capacidade de produção estatística. Sem dúvida, a coleta eletrônica é um elemento crucial pela agilidade, rapidez nos resultados, eficácia e qualidade do dado”, explica Luciana.

Cooperação Internacional

O projeto dos Centros de Referência em Censos com Coleta Eletrônica na África foi idealizado a partir da parceria da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do IBGE, que acontece no âmbito da Cooperação Sul-Sul, modalidade de cooperação técnica internacional que ocorre entre países em desenvolvimento. A meta é compartilhar desafios e experiências semelhantes por meio de um intercâmbio de conhecimentos.

Imagem: Carlos Thadeu Pacheco