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IPCA

Inflação chega a 0,67% em junho, impulsionada por alta de alimentos

Editoria: Estatísticas Econômicas | Umberlândia Cabral

08/07/2022 09h00 | Atualizado em 07/03/2023 11h42

#PraCegoVer A foto mostra o interior de um restaurante, com mesas e cadeiras pretas. Na frente, do lado esquerdo, duas melhores estão sentadas conversando. Ao fundo, aparecem algumas pessoas sentadas comendo e conversando.
Os preços dos alimentos para consumo fora do domicílio subiram 1,26% em junho e influenciaram alta do IPCA - Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

A inflação chegou a 0,67% em junho, após a variação de 0,47% registrada no mês anterior. A alta foi influenciada principalmente pelo aumento de 0,80% no grupo de alimentação e bebidas, que tem grande peso no índice geral (21,26%). No ano, a inflação acumulada é de 5,49% e, nos últimos 12 meses, de 11,89%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (8) pelo IBGE.

“O resultado foi influenciado pelo aumento nos preços dos alimentos para consumo fora do domicílio (1,26%), com destaque para a refeição (0,95%) e o lanche (2,21%). Nos últimos meses, esses itens não acompanharam a alta de alimentos nos domicílios, como a cenoura e o tomate, e ficaram estáveis. Assim como outros serviços que tiveram a demanda reprimida na pandemia, há também uma retomada na busca pela refeição fora de casa. Isso é refletido nos preços”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. 

O pesquisador também destaca outro fator que influenciou o resultado do índice em junho: o aumento no plano de saúde (2,99%). “Em maio, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autorizou o reajuste de até 15,50% nos planos individuais, com vigência a partir de maio e o ciclo se encerrando em abril de 2023. No IPCA, houve, em junho, a apropriação das frações mensais de maio e junho, o que impactou bastante esse resultado”, pontua. O plano de saúde foi o maior impacto individual no índice do mês (0,10 p.p.) e impulsionou a alta de 1,24% no grupo de saúde e cuidados pessoais.

 

Em alimentação e bebidas, outros itens que tiveram alta de preço foram o leite longa vida (10,72%) e o feijão-carioca (9,74%). Com isso, os alimentos para consumo no domicílio subiram 0,63%. Mas também houve queda em itens importantes desse grupo, como a cenoura, cujos preços já haviam caído em maio (-24,07%) e continuaram recuando em junho (-23,36%). Entre os outros itens essenciais na mesa do brasileiro que tiveram redução estão a cebola (-7,06%), a batata-inglesa (-3,47%) e o tomate (-2,70%).

“Há dois fatores que influenciam a queda desses alimentos. O primeiro é o componente sazonal: nos três primeiros meses do ano, ainda é verão e há chuva. Isso pode prejudicar a produção e, como consequência, há o aumento dos preços. A partir de abril e maio, o clima começa a ficar seco e isso melhora a produção, a oferta aumenta e os preços caem. Outro ponto é que esses alimentos tiveram um grande aumento de preços nos primeiros meses do ano e, com a base de comparação alta, é normal que eles recuem”, diz Kislanov, que também destaca a atuação do próprio consumidor na queda do valor dos alimentos, ao substituir um produto por outro. “Nesse caso, o varejista é forçado a diminuir os preços”, completa.

Em transportes, grupo de maior peso no índice geral, a alta foi de 0,57%, uma desaceleração frente ao mês anterior (1,34%). Em junho, o resultado foi impactado pela queda de 1,20% nos combustíveis. Os preços da gasolina, item de maior peso individual no IPCA, caíram 0,72%, enquanto os do etanol recuaram 6,41% e os do óleo diesel subiram 3,82%. Mas a maior variação (11,32%) e o maior impacto positivo (0,06 p.p) do grupo vieram das passagens aéreas, que acumulam alta de 122,40%, em 12 meses.

“Ainda houve reajustes nas tarifas de ônibus urbano e ônibus intermunicipais em alguns locais, como Salvador e Aracaju”, ressalta Kislanov. Com isso, o ônibus urbano teve alta de 0,72%.

Já em vestuário, que teve a maior variação entre os grupos pesquisados pelo IPCA (1,67%), os destaques foram as roupas masculinas (2,19%) e femininas (2,00%). Os preços das roupas infantis (1,49%) e dos calçados e acessórios (1,21%) também subiram em junho. “Esse grupo tem registrado alta mês após mês. Uma das explicações é o aumento de preços das matérias-primas, principalmente do algodão. Há também a influência indireta de outros fatores, como a alta dos combustíveis”, diz o pesquisador.

No caso do grupo habitação, a inflação de 0,41% é explicada pelos reajustes da taxa de água e esgoto (2,17%) em algumas regiões do país, como Belém, São Paulo, Campo Grande e Curitiba.  Do lado negativo, a energia elétrica recuou 1,07%, após ter tido queda de 7,95% em maio. Desde abril, está em vigor a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional de luz.

O gerente da pesquisa faz um balanço da inflação no primeiro semestre de 2022. “No primeiro trimestre do ano, o destaque foi a alta dos produtos alimentícios, como a cenoura. Em março e abril, houve o aumento nos preços da gasolina e também dos produtos farmacêuticos. Nesse segundo trimestre, observamos a redução do patamar do índice geral, que estava acima de 1% e, em maio, foi para 0,47% e em junho, para 0,67%”, avalia Kislanov.

INPC tem alta de 0,62% em junho

A alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 0,62% em junho, acima do registrado no mês anterior (0,45%). O índice acumula alta de 5,61% no ano e de 11,92% nos últimos 12 meses. Os produtos alimentícios passaram de 0,63% em maio para 0,78% em junho. Os não alimentícios passaram de 0,39% para 0,57%.

Mais sobre as pesquisas

O IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, enquanto o INPC, as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. Acesse os dados no Sidra.