Vendas no varejo
Comércio volta a crescer em maio e registra maior alta nas vendas em 20 anos
08/07/2020 09h00 | Atualizado em 09/07/2020 19h47
O volume de vendas do varejo cresceu 13,9% em maio, maior crescimento desde o início da série histórica, em janeiro de 2000. A alta foi insuficiente para o setor recuperar as perdas de março e abril, que refletiram os efeitos do isolamento social para controle da pandemia de Covid-19. No acumulado do ano, o varejo registrou queda de 3,9%. Já nos últimos 12 meses, o cenário é de estabilidade (0%). Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (8) pelo IBGE.
O gerente da PMC, Cristiano Santos, explica que os números positivos aparecem após o mês em que foi registrado o pior patamar de vendas da série histórica (-16,3%). “Foi um crescimento grande percentualmente, mas temos que ver que a base de comparação foi muito baixa. Se observamos apenas o indicador mensal, temos um cenário de crescimento, mas ao olhar para os outros indicadores, como a comparação com o mesmo mês do ano anterior, vemos que o cenário é de queda”, analisa.
A pesquisa aponta uma perda de ritmo dos impactos do isolamento social no comércio. De todas as empresas coletadas pela pesquisa, 18,1% relataram impacto do isolamento em suas receitas em maio. Em abril, esse número era 28,1%, o maior percentual desde o início da pandemia. Com isso, há a indicação de crescimento nas atividades dessas empresas.
“A massa salarial teve uma queda de 7,3 bilhões no último trimestre, como apontou a PNAD Contínua. Mas em maio também teve uma parcela do 13º salário dos aposentados e o auxílio emergencial, que já estava na sua segunda edição, benefícios que a massa de rendimento não engloba. Então muitos fatores colaboram para esse crescimento, como o próprio aumento das atividades. De alguma maneira, houve algum impacto na abertura dessas lojas físicas e também uma acomodação no modo diferente de trabalhar, como as entregas, por exemplo”, comenta Cristiano.
Todas as oito atividades observadas no comércio varejista registraram taxas positivas na passagem de abril para maio. Entre as que apresentaram maior crescimento percentual estão Tecidos, vestuário e calçados (100,6%), Móveis e eletrodomésticos (47,5%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (45,2%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (18,5%). Já o setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tinha recuado em abril, cresceu 7,1% em maio.
O comércio varejista ampliado, que inclui também as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material e construção, cresceu 19,6% em relação a abril, descontando parte da queda dos dois meses anteriores. A atividade Veículos, motos, partes e peças cresceu 51,7%, enquanto Material de construção registrou 22,2%.
Vendas do varejo crescem nas 27 unidades da federação
As 27 unidades da federação tiveram crescimento no volume de vendas do comércio varejista na passagem de abril para maio. Entre os maiores destaques estão Rondônia (36,8%), Paraná (20,0%) e Goiás (19,4%). No comércio varejista ampliado, a variação também foi positiva nas 27 unidades da federação, com destaque para Rondônia (35,2%), Rio Grande do Sul (27,9%) e Espírito Santo (27,1%).
Comércio registra queda de 7,2% na comparação com maio de 2019
Quando comparado com maio de 2019, o comércio varejista recuou 7,2%, com taxas negativas em sete das oito atividades. A maior contribuição no campo negativo no indicador interanual veio do setor de Tecidos, vestuário e calçados, que recuou 62,5%.
O setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi o único setor a crescer no indicador interanual, com aumento de 9,4%. A pesquisa indica que esse resultado se deve ao fato de que o setor foi considerado uma atividade essencial, o que manteve suas lojas físicas abertas durante o período de quarentena.
Já o setor de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, que abriga atividades também consideradas essenciais, recuou 2,6% nas vendas frente a maio de 2019, sendo a segunda taxa negativa consecutiva. Apesar de não ter tido suas lojas físicas fechadas durante a pandemia, o setor vem registrando perda de ritmo.