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PNAD TIC

Rendimento impacta acesso da população a bens tecnológicos e internet

Editoria: Estatísticas Sociais | Carmen Nery | Arte: Brisa Gil

29/04/2020 10h00 | Atualizado em 30/04/2020 08h12

Número de domicílios com acesso à internet subiu para 79,1% em 2018, de acordo com a PNAD TIC - Foto: Pixabay

O rendimento médio per capita dos domicílios que utilizavam a internet foi de R$ 1.769 em 2018, quase o dobro da parcela que não utilizava a rede (R$ 940). A renda das famílias impacta também o meio de acesso, já que entre os lares que utilizaram tablet e televisão para acessar à internet, os ganhos eram de R$ 3.538 (tablet) e R$ de 3.111 (TV), enquanto naqueles que usaram microcomputador e celular os rendimentos foram de, respectivamente, R$ 2.569 e R$ 1.765.

É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) que investigou, no quarto trimestre de 2018, o acesso à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Pela primeira vez, a pesquisa incluiu dados sobre rendimentos médio e sua relação com os diferentes tipos de serviços.

A pesquisa aponta que o número de domicílios com acesso à internet subiu de 74,9% em 2017, para 79,1%, em 2018 – na área urbana, o percentual cresceu de 80,2% para 83,8%, e na rural, saltou de 41% para 49,2%.

“Há ainda 14,9 milhões de domicílios sem acesso à internet. Os principais motivos foram falta de interesse (34,7%), serviço caro (25,4%) e nenhum morador sabe usar (24,3%)”, elenca a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Maria Lucia Vieira.

 

A pesquisa também traz dados relativos aos hábitos dos usuários. Foram estimadas 181,9 milhões de pessoas, das quais para 74,7%, ou 3/4 da população, acessavam à internet – ante 69,8% em 2017. O percentual varia de acordo com as regiões: na Norte são 69,7%; na, Nordeste, 74%; na, Centro-Oeste 81,5%; e na, Sudeste 81,1%.

As mulheres são as que mais acessam e passaram de 70,7% para 75,7%, enquanto entre os homens, o percentual aumentou de 68,8% para 73,6%.

“As faixas etárias de 18 a 19 anos (90,3%), 20 a 24 (91%), e 25 a 29 anos (90,7%), têm os maiores percentuais de utilização. Mas o maior crescimento se deu entre os idosos, aqueles acima de 60 anos, cujo percentual saltou 7,5 p.p. passando de 31,2% para 38,7%. Isso pode ser resultado pelo aumento do acesso pelo celular”, analisa Maria Lucia Vieira.

Em relação à escolaridade, 97,4% das pessoas com nível superior e 98,3% com nível superior incompleto acessavam à internet; enquanto apenas 12,1% das pessoas sem instrução acessavam essa rede. “Há uma correlação entre escolaridade e uso da internet. Quanto maior a escolaridade, maior o acesso à internet”, resume Maria Lucia Vieira.

Celular é o principal meio de acesso, mas TV já atinge 23%

O principal meio de acesso à internet é o telefone celular, já próximo de alcançar a totalidade dos domicílios, sendo utilizado por 98,7% dos domicílios em 2017 e por 99,2% em 2018. Os microcomputadores são o segundo meio mais utilizado, mas o percentual de domicílios onde esse meio é utilizado caiu de 52,4% em 2017 para 48,1% em 2018; assim como também os que utilizam o tablet, cujo percentual caiu para de 14,5% para 13,4% dos domicílios.

“Também aumentou o percentual de domicílios que acessam à internet apenas pelo celular – de 43,4 para 45,5% - ou seja, quase metade dos domicílios usam apenas o celular”, pontua Maria Lucia Vieira.

Os novos recursos das TVs fizeram com que o percentual dos domicílios que utilizam este meio para acesso à internet subisse de 16,1%, em 2017, para 23,3% em 2018. “Foi o tipo de acesso que mais cresceu o que pode estar relacionado à finalidade do uso da internet. Nesse caso, pode ser o crescimento no hábito de assistir filmes e séries por serviços de streaming”, analisa Maria Lucia Vieira.

Individualmente, 98,1% das pessoas utilizam celular, 50,7% usam microcomputador, 23,1% a TV, e 12%, usam tablet. A maior parte usa a internet para enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagem por aplicativos, número que se manteve estável entre 2017 (95,5%) e 2018 (95,7%). As conversas por chamada de vídeo cresceram de 83,8% para 88,1%, assim como a prática de assistir a vídeos incluindo programas e séries que passou de 81,8% para 86,1%. Por outro lado, reduziu o hábito de enviar ou receber e-mail, caindo de 66,2% para 63,2%.

Entre as 45,9 milhões de pessoas que não usavam internet, o principal motivo é que não sabia utilizar ou não tinha interesse. Porém na região Norte, 13% alegou que não utilizava porque o serviço não estava disponível, percentual que em nível nacional é de 4,5%.

Impacto da renda na posse de equipamentos

A pesquisa aponta uma redução no número de domicílios com posse de microcomputador, tablet e telefone fixo. O percentual de domicílios com computador caiu de 43,4%, em 2017 para 41,7%, em 2018. O percentual de domicílios com tablet representa apenas 30% dos que têm computador, e caiu de 13,8% para 12,5%. “São bens que as pessoas precisam ter uma condição financeira melhor para comprar.

Há uma diferença de renda per capita nos domicílios que não têm nem computador nem tablet - menos de um salário mínimo (R$ 957)- para os que tinham pelo menos um deles (R$ 2.404,). O rendimento médio dos domicílios somente com tablet (R$ 1.305) ficou perto de 2/3 daquele dos que tinham somente microcomputador (R$ 2.046) e alcançou R$ 3.798 nos que tinham ambos os equipamentos”, ressalta Alessandra Scalioni Brito, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Em 2018, não havia telefone - fixo ou móvel - em 5,1% dos domicílios. O percentual é mais elevado nos domicílios nas Regiões Norte (10,0%) e Nordeste (9,6%), enquanto nas demais não ultrapassou 3%. O rendimento real médio per capita desses domicílios (R$ 728) representou menos da metade daquele dos que tinham telefone (R$ 1 643). Houve uma queda de 31,6% para 28,4% dos domicílios com telefone fixo e os que tinham celular permaneceu estabilizado em mais de 90%, passando para 93,2% em 2018. “Cresceu o número de domicílios que têm só celular”, diz Alessandra.

Conexão discada perto do fim

A parcela que utilizava conexão discada foi tornando-se cada vez mais irrelevante, tendo passado de 0,6%, em 2016, para 0,4%, em 2017, e baixado para 0,2%, em 2018, no País. Já o nível da banda larga móvel (3G ou 4G) manteve-se mais elevado que o da fixa, passando de 77,3%, em 2016 para 78,6% e para 80,2% em 2018; enquanto a proporção dos domicílios que utilizavam a banda larga fixa estava em 71,4%, em 2016, e evoluiu de 73,5% para 75,9%, de 2017 para 2018.

O percentual dos domicílios que tinham os dois tipos de conexão subiu de 52,3% para 56,3%. Já os que tinham apenas conexão por banda larga móvel caiu de 25,2% para 23,3% e naqueles em que havia somente o uso de conexão por banda larga fixa, de 20,2% para 19,0%.

Posse do celular

A posse do celular para uso pessoal atingiu 79,3% das pessoas, percentual que varia de acordo com as grandes regiões. Os maiores percentuais são no Centro-Oeste, 86,2%; no Sul, 84,3%; e no Sudestes, 84,1%. Norte, com 60,4% e Nordeste, com 60,7%, foram as regiões com menores percentuais.

Em relação ao perfil, 80,7% das mulheres têm celular e entre os homens o percentual é de 77,8%. Em termos etários, o perfil não é tão jovem quanto os que acessam à internet (maior percentual entre 18 a 29 anos). Os grupos etários de maior utilização concentraram-se na faixa de 25 a 39 anos. Nos grupos de 25 a 29 anos o percentual é de 89,7%; de 30 a 34 anos, o índice é de 90,3% e de 35 a 39 anos, 89,5%.

“Além disso, quanto maior a escolaridade maior o percentual de pessoas com posse de celular. Mas enquanto no acesso à internet 12% das pessoas sem instrução usavam a rede; no caso da posse de celular, o percentual é maior. Entre os que não têm instrução, 37,3% possuem celular, lembrando que muitas vezes o celular é um meio de contato para as pessoas conseguirem trabalho, principalmente entre os informais”, analisa Maria Lucia Vieira.

Entre os 37,6 milhões de pessoas que não têm celular (20,7%), 28,0% alegaram que o aparelho é caro; 24,2% porque não têm interesse; 19,8% porque não sabiam usar; e 16,6% porque utilizava o celular de outra pessoa.