PNAD Contínua
Coleta de lixo atende 93% dos domicílios, mas 4,7 milhões ainda queimam resíduos em 2024
22/08/2025 10h00 | Atualizado em 22/08/2025 10h15
Destaques
- A coleta direta de lixo chegou a 86,9% dos 77,3 milhões de domicílios do país em 2024, um crescimento na cobertura da coleta desde 2016, quando era de 82,7%.
- Já nas áreas rurais, a proporção de moradias com coleta direta de resíduos chega a apenas 33,1% dos 8,9 milhões de domicílios nessas localidades, enquanto está disponível em 93,9% dos 68,5 milhões de lares urbanos.
- Apesar do aumento gradativo na coleta direta de lixo nos últimos anos, cerca de 4,7 milhões de domicílios (6,1%) ainda queimavam lixo na própria moradia em 2024. Nas áreas rurais, a queima de lixo ocorre em mais da metade (50,5%) das propriedades. Nas zonas urbanas, essa proporção é de somente 0,4%.
- Em relação ao esgotamento sanitário, apenas 9,4% dos domicílios rurais tinham escoamento do esgoto feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral em 2024. Essa proporção chega a 78,1% em áreas urbanas. No país, esse indicador aumentou de 68,1% em 2019 para 70,4% em 2024.
- Outro tipo de esgotamento sanitário foi estimado em 14,4% dos domicílios do país em 2024, indicando que 11,1 milhões de moradias lançam seus dejetos em fossa rudimentar, vala, rio, lago ou mar. Na área rural, mais da metade (53,8%) utiliza outro tipo de esgotamento, enquanto chega a 9,5% dos domicílios urbanos.
- O número de domicílios alugados passou de 12,3 milhões, em 2016, para 17,8 milhões de domicílios em 2024, um aumento de 45,4%. No mesmo período, houve uma contínua redução na proporção de domicílios próprios já pagos, de 66,8% para 61,6%, indicando uma concentração de riqueza.
- Em 2024, a parcela da população com menos de 30 anos era de 41,9% e com mais de 60 anos, de 16,1%, mostrando uma tendência de envelhecimento populacional.
- A proporção de unidades domésticas unipessoais, ou seja, compostas apenas por um morador, teve crescimento, passando de 12,2% em 2012 para 18,6% em 2024, um crescimento de 6,4 p.p.
- Em 2024, 57,2% dos homens em arranjos unipessoais tinham 30 a 59 anos, e, entre as mulheres, 55,5% situavam-se na faixa de 60 anos ou mais.

Em 2024, 93,1% dos domicílios eram atendidos por coleta de lixo, seja diretamente na propriedade (86,9%) ou coletado em caçamba (6,2%). A coleta direta de lixo destacou-se pelo crescimento na cobertura desde 2016, quando era de 82,7%. O Nordeste teve a maior alta desse indicador, passando de 67,5% para 78,4% no mesmo período, apesar de ter a menor cobertura entre as grandes regiões. Nas áreas rurais, a proporção de moradias com coleta direta de resíduos era de 33,1%, enquanto em áreas urbanas alcançava 93,9% dos lares.
Apesar do aumento gradativo na coleta direta nos últimos anos, cerca de 4,7 milhões de domicílios (6,1%) ainda queimam lixo na própria moradia em 2024. Norte e Nordeste têm 14,4% e 13,1% de domicílios com essa prática, respectivamente, as maiores proporções entre as grandes regiões, totalizando 3,5 milhões de lares. No entanto, a queima de lixo diminuiu em relação a 2016, quando chegava a 18,6% dos domicílios do Norte, e 17,2% do Nordeste.
Nas áreas rurais, a queima de lixo é uma prática de mais da metade (50,5%) das propriedades, seguida pela coleta direta (33,1%) e coleta em caçamba (11,7%).
As informações são do módulo Características Gerais dos Domicílios e Moradores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada hoje (22), pelo IBGE. Essa é a primeira divulgação anual após a reponderação dos dados com base no Censo 2022. Os dados também estão disponíveis no Sidra.
O analista da pesquisa, William Kratochwill, ressalta o alto percentual de lares com queima de lixo em propriedades onde não há coleta direta pelo serviço público. “É um dado ainda preocupante, que acarreta aumento de poluição, e mesmo insalubridade para a zona rural, pois o lixo precisa ficar acumulado de alguma forma até que seja queimado”.
Ainda em relação às áreas rurais, a PNAD Contínua mostra que apenas 9,4% dos domicílios tinham escoamento do esgoto feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral em 2024, enquanto essa proporção chegava a 78,1% em áreas urbanas. No total de domicílios do país, esse indicador aumentou de 68,1% em 2019 para 70,4% em 2024.
William explica que a cobertura de alguns serviços de saneamento básico é factível em áreas rurais quando localizadas no entorno de centros urbanos. “Já em áreas mais isoladas ou com baixa densidade populacional, pode ser necessária a instalação de fossas sépticas não ligadas à rede coletora e o uso de poços artesianos para o abastecimento de água”, esclarece.
Entre os domicílios em situação rural no país em 2024, 36,8% (3,2 milhões) possuem fossa séptica não ligada à rede, enquanto 53,8% (4,6 milhões) utilizam outro tipo de esgotamento, como fossa rudimentar não ligada à rede, vala, escoamento direto para áreas fluviais. Nas áreas urbanas, tais formas de destinação de dejetos são usadas por 12,4% (8,5 milhões) e 9,5% (6,5 milhões), respectivamente, dos domicílios.
As menores estimativas de acesso à rede geral de esgoto foram no Norte, Nordeste, Centro-Oeste. No entanto, essas grandes regiões tiveram os maiores crescimentos entre 2019 e 2024, passando de, respectivamente, 27,2% para 31,2%, 46,7% para 51,1% e 59,5% para 63,8%. Já o Sudeste chegou a 90,2%, enquanto o Sul, 70,2%
De acordo com William, a menor cobertura de acesso à rede geral de esgoto em regiões como Norte e Nordeste, que possuem maior proporção de domicílios em zona rural, ocorre devido ao custo de implantação do serviço. “Criar essa estrutura é moroso e caro, então a zona rural por ser afastada e dispersa torna a implantação mais complexa. Essa é uma justificativa para a zona rural ter essa carência no acesso tanto à rede geral de esgoto quanto de água”, explica.
Outro tipo de esgotamento sanitário foi estimado em 14,4% dos domicílios do país em 2024, indicando que 11,1 milhões de moradias lançam seus dejetos em fossa rudimentar, vala, rio, lago ou mar. Essa proporção foi mais alta no Norte (36,4%), com 2,1 milhões de domicílios nessa condição, superando a estimativa daqueles que tinham a rede geral como destino (24,7%). O Nordeste também apresenta elevado percentual de outro tipo de esgotamento (25,1%), o que corresponde a cinco milhões de domicílios, enquanto o Sudeste tem a menor proporção (5,6%), com 1,9 milhão de lares que destinavam dejetos dessa forma.
Um em cada três domicílios rurais é abastecido por rede geral de água
Em 2024, 86,3% dos domicílios tinham acesso à rede geral de abastecimento de água (66,7 milhões), frente a 85,8% em 2016. Dos que tinham acesso, a disponibilidade de água era diária em 88,4%, de quatro a seis vezes na semana em 5,0% e de uma a três vezes na semana em 4,6%. O uso de poço profundo ou artesiano (7,5%), de poço raso, freático ou cacimba (2,7%), de fonte ou nascente (1,8%), bem como de outra forma (1,7%) foram meios de abastecimento de água menos frequentes.
Já entre os 8,9 milhões de domicílios rurais, apenas 31,7% são abastecidos predominantemente por rede geral, o equivalente a um em cada três lares. A maior parte dos domicílios rurais recorrem a outras formas de abastecimento de água: 30,8%, por poço profundo ou artesiano; 12,9%, poço raso, freático ou cacimba; 13,3%, fonte ou nascente; e 11,2% são abastecidos, principalmente, por outra forma, incluindo rios, açudes e caminhão-pipa.
Entre os 68,5 milhões de domicílios em áreas urbanas, 93,4% têm a rede geral como a principal forma de abastecimento de água. Essa proporção é de 70,8% na zona urbana do Norte, a única grande região abaixo de 90%. No Sudeste, chega a 96,6%.
Regionalmente, para o total de domicílios, o abastecimento de água via rede geral varia de 61,7%, no Norte, a 92,5%, no Sudeste. A Região Nordeste (72,6%) apresenta a menor cobertura diária de abastecimento, enquanto a Sul (95,8%), a maior. O Norte assinala os maiores percentuais de domicílios em que a principal fonte de abastecimento de água é poço profundo ou artesiano (22,0%), ou poço raso, freático ou cacimba (11,2%). O Nordeste, por sua vez, apresenta o maior percentual de utilização de outra forma de abastecimento (5,2%), sendo 1,7% a média nacional desse tipo de proveniência.
Distribuição de energia elétrica chega quase à totalidade das moradias
O acesso à energia elétrica chegava a 99,8% das 77,3 milhões de moradias do país em 2024, seja via rede geral, seja via fonte alternativa. Esse elevado percentual variou de 99,4% na Região Norte, chegando a 99,7% no Nordeste, e 99,9% no Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
A energia elétrica é proveniente da rede geral em 99,3% do total de domicílios, sendo que 98,4% têm disponibilidade em tempo integral. Entre as grandes regiões, a proporção de moradias com energia em tempo integral é de 98,6% no Sudeste; 98,5% no Sul; 98,4% no Nordeste; 98,1% no Centro-Oeste; e 97,8% no Norte.
Domicílios em área urbana e rural também tem elevada cobertura de energia elétrica, respectivamente, 99,9% e 99,2%. No entanto, o percentual de residências rurais que dispõem de energia proveniente de rede geral era mais baixo (97,4%), notadamente no Norte (85,2%). Nessa região, considerando-se a rede geral e fontes alternativas, 97,1% dos domicílios rurais tinham acesso à energia elétrica, o que revela a importância de fontes alternativas como única fonte desse serviço para a população nessas localidades.
Proporção de domicílios com parede de alvenaria ou taipa revestida cresce 2% em um ano
Do total de domicílios do país em 2024, 89,3% (69 milhões) possuem paredes externas de alvenaria/taipa com revestimento. Esse contingente representa uma alta de 2,0% em relação a 2023 e de 17,4% frente a 2016, crescimento maior que o do número de domicílios no país, que foi de 15,9%. Essa proporção variou de 71,2%, no Norte, a 94%, no Sudeste. A Região Sudeste apresentou queda na proporção de domicílios nessa categoria, passando de 95,2% para 94%.
O Norte é a grande região com a menor proporção de domicílios com parede de alvenaria ou taipa com revestimento, porém indicou o maior crescimento. “Esse movimento de alta pode ser explicado por ser uma localidade com mais espaço para expandir dada a sua cobertura menor. Além disso, pode estar relacionado ao próprio aumento da renda domiciliar per capita”, avalia o analista da pesquisa.
As outras categorias representaram: 0,4% (309 mil), outro material, como madeira aproveitada de tapumes e embalagens; 6,7% (5,2 milhões), alvenaria/taipa sem revestimento; 3,6% (2,8 milhões), madeira apropriada para construção.
Oito em cada 10 domicílios têm piso de cerâmica, lajota ou pedra
Em 2024, o piso era de cerâmica, lajota ou pedra em 82,3% (63,6 milhões) dos domicílios, predominando em todas as grandes regiões: de 69,3%, no Norte, a 89,4%, no Centro-Oeste. Em 11,5% (8,9 milhões) dos domicílios, o piso era de cimento, enquanto em 5,7% (4,4 milhões), de madeira apropriada para construção. Outro material, incluindo madeira aproveitada de embalagens, tapumes ou andaimes, era utilizado em 0,5% (395 mil) dos domicílios.
Quase metade dos domicílios têm telha sem laje de concreto
Cerca de 49,3% (38,1 milhões) dos domicílios possuíam telha sem laje de concreto em 2024. Já 32,8% (25,3 milhões) tinham telha com laje de concreto, 15,2% (11,7 milhões), somente laje de concreto e 2,7% (2,1 milhões) utilizavam outro material. Em relação a 2016, destaque para a queda do percentual de domicílios com telha sem laje de concreto (de 52,0% para 49,3%) e o aumento da proporção daqueles com cobertura de telha com laje de concreto (de 31,8% para 32,8%).
Quantidade de domicílios alugados aumenta em 5,6 milhões de 2016 para 2024
Em 2024, do total de domicílios do país, 23,0% eram alugados. O número de domicílios alugados passou de 12,3 milhões, em 2016, para 17,8 milhões, em 2024, um aumento de 45,4% (5,6 milhões a mais). Quase metade (2,6 milhões) dessa variação no total de domicílios alugados aconteceu de 2022 para 2024. Na comparação com 2023, o crescimento foi de 5,3% (896 mil domicílios), e de 2022 para 2023, de 11% (1,7 milhão).
A maior parte dos domicílios, 61,6% (47,7 milhões), eram próprios já pagos, e 6,0% (4,7 milhões) eram próprios, porém ainda pagando. De 2016 para 2024, houve uma contínua redução de domicílios próprios, principalmente entre os já pagos (66,8% em 2016). “Essa redução de 5,2 pontos percentuais ao longo dos anos em domicílios próprios, combinada ao aumento de domicílios alugados, indica uma concentração de riqueza nesse período. Se não se criam oportunidades para a população adquirir o seu imóvel, as pessoas precisam partir para o aluguel. Ao passo que temos também na economia um processo muito longo de inflação e salário reduzidos, o que cria mais dificuldades para as pessoas alavancarem seu patrimônio”, avalia William.
Norte (70,0%) e Nordeste (69,6%) registraram as maiores estimativas de domicílios próprios já pagos em 2024, mesmo com redução desde 2016, quando eram 74,2% e 73,1%, respectivamente. Centro-Oeste (30,8%), Sudeste (25,4%) e Sul (23,0%) apresentaram os maiores percentuais de domicílios alugados. No Centro-Oeste, destaque também aos imóveis cedidos, que representavam 10,7% dos domicílios da região.
Posse de motocicletas supera a de automóveis no Norte e Nordeste
No país, quase a metade (48,8%) dos domicílios possuem automóvel; 25,7%, motocicleta; e 13,4%, ambos. O Sul apresenta o maior percentual de posse de automóvel (69%). Já Nordeste e Norte têm as menores proporções desse bem (28,8% e 29,7%, respectivamente), sendo as únicas regiões onde a posse de motocicleta (37,9% e 33,5%, respectivamente) superou a de automóveis. Já o Sudeste tem a menor proporção de domicílios onde havia motocicleta (19,4%), enquanto o Centro-Oeste tem maior percentual de lares com posse de ambos os bens (18,7%).
A PNAD Contínua revela também que 98,3% dos domicílios possuem geladeira, percentual que variou entre 93,9%, no Norte, e 99,4%, no Sul. Com cobertura bem abaixo, a máquina de lavar roupa está presente em 70,4% dos domicílios, com diferenças regionais acentuadas: Nordeste (40,5%) e Norte (55,4%) apresentam os menores percentuais, enquanto Sul (90,0%), Sudeste (82,3%) e Centro-Oeste (81,5%), os maiores.
Em relação a 2016, Norte e Centro-Oeste têm os maiores crescimentos na proporção de domicílios com máquina de lavar, 14,4 p.p. e 14,6 p.p., respectivamente.
“Quando a família passa a ter maior rendimento, ela busca por mais bem-estar. A máquina de lavar é um item que facilita muito a vida de uma família por motivos óbvios. Os veículos proporcionam também esse aumento de bem-estar, a possibilidade de fazer passeios, de turismo”, avalia William.
Proporção de idosos continua aumentando e chega a 11,2% da população
A distribuição da população por grupos etários mostra uma tendência envelhecimento da população. Em 2012, a população com menos de 30 anos de idade era 49,9% do total, passando para 41,9%, em 2024. Já a população de 30 anos ou mais cresceu no período 2012-2024, passando de 50,1% a 58,1%. Entre os idosos, destaca-se a expansão da participação das pessoas de 65 anos ou mais de idade, que atinge 11,2% da população total em 2024.
“Na população com menos de 30 anos, destaca-se a queda da participação das pessoas de 5 a 13 anos, que passou de 14,6% para 12,3%, e das pessoas de 14 a 17 anos de idade, que passou de 7,1% para 5,6%”, explica William. “Entre 2012 e 2024, a população de menos de 30 anos sofreu não apenas uma redução de sua participação na população total, mas também uma redução de 9,4% no contingente, passando de 98,2 milhões para 89,0 milhões de pessoas”.
Em 2024, as mulheres correspondiam a 51,2% da população do Brasil, enquanto os homens totalizavam 48,8%. Em todas as grandes regiões, há mais mulheres do que homens.
A razão de sexo indica haver 95,2 homens para cada 100 mulheres no Brasil. A concentração de homens mostrou-se mais elevada na Região Norte, com 99,3 homens para 100 mulheres, ao passo que as regiões Nordeste (93,0) e Sudeste (94,9) apresentam as menores razões de sexo. “Entre os fatores que podem influenciar as diferenças regionais desse indicador, podemos citar os fluxos migratórios e os diferenciais de mortalidade entre as grandes regiões”, comenta William.
A população masculina apresenta padrão mais jovem que a feminina. Em 2024, para todos os grupos etários até 24 anos, os homens têm estimativa superior à das mulheres. No grupo etário de 25 a 29 anos, os contingentes de homens e mulheres eram muito próximos, ficando em cerca de 3,9% da população total. A partir dos 30 anos, no entanto, o percentual de mulheres era superior ao dos homens em todas as faixas de idade.
Como a mortalidade dos homens é maior que a das mulheres em cada grupo etário, observa-se maior concentração de mulheres entre a população idosa. A razão de sexo calculada para a população de 60 anos ou mais foi de 78,9 homens para cada 100 mulheres, e para os idosos de 70 anos ou mais de idade foi de 72,3.
De 2012 a 2024, percentual de brancos tem queda em todas as regiões
Entre 2012 e 2024, o percentual da população que se declarava de cor ou raça branca caiu 4,3 pontos percentuais (p.p.), passando de 46,4%, em 2012, para 42,1%, em 2024, o menor percentual da série. Já a proporção de pessoas declaradas pretas subiu de 7,4% em 2012 para 10,7% em 2024, uma diferença de 0,1 p.p. em relação a 2023. Já para a cor ou raça parda, houve pouca variação em relação a 2012, de 45,5% para 46,1%.
A participação da população declarada de cor ou raça branca se reduziu em todas as grandes regiões de 2012 para 2024, com destaque para a Região Sul (-7,4 p.p.). No Nordeste, houve a principal expansão da participação das pessoas de cor ou raça preta (4,7 p.p.).
Sudeste tem a maior proporção de domicílios unipessoais
Em 2024, o arranjo domiciliar mais frequente foi o nuclear, que correspondia a 65,7% do total de domicílios, mas que apresentou queda em relação a 2012 (68,4%). O arranjo nuclear consiste em um único núcleo formado pelo casal, com ou sem filhos (inclusive adotivos e de criação) ou enteados. São também nucleares as unidades domésticas compostas por mãe com filhos ou pai com filhos, as chamadas monoparentais.
A unidade estendida, constituída pela pessoa responsável com pelo menos um parente, formando uma família que não se enquadra em um dos tipos descritos como nuclear, correspondia a 14,5% em 2024, com redução de 3,4 p.p. em relação a 2012.
Já as unidades domésticas unipessoais, ou seja, compostas apenas por um morador, tiveram crescimento no período, passando de 12,2% para 18,6%, um crescimento de 6,4 p.p. As regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentam os percentuais mais elevados de domicílios com apenas um morador (19,6% e 19,0%, respectivamente), ao passo que a Região Norte registrou a menor proporção (15,2%).
“Nos grandes centros, é mais comum as pessoas migrarem por razões profissionais. Primeiro vão e moram sozinhas, para se estabelecer em um novo emprego, e só depois trazer a família. Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais são estados atrativos para mão de obra, por serem centros maiores”, explica William.
Ao analisar o padrão etário das pessoas em arranjos unipessoais, 12,5% tinham de 15 a 29 anos; 47,0% situavam-se na faixa de 30 a 59 anos; e 40,5% eram pessoas de 60 anos ou mais de idade.
As mulheres eram 44,9% das pessoas que moravam sozinhas em 2024, enquanto os homens eram 55,1%. Há marcantes diferenças entre homens e mulheres que moravam sozinhos quanto ao perfil etário: 57,2% dos homens em arranjos unipessoais tinham 30 a 59 anos, seguidos por aqueles de 60 anos ou mais (28,2%); e, entre as mulheres, a maioria situava-se na faixa de 60 anos ou mais de idade (55,5%).
“O perfil de domicílios unipessoais também é formado por pessoas que estão no final do ciclo da vida, em sua maioria mulheres, cujos filhos saíram de casa para formar suas famílias, ou com o parceiro já falecido”, diz William.
Mais sobre a pesquisa
A PNAD Contínua: Características Gerais dos Domicílios e Moradores reúne informações sobre tipo e condição de ocupação, material predominante das paredes, piso e telhado, serviços de saneamento básico e energia elétrica e posse de bens, dados referentes à caracterização dos domicílios.
Já a caracterização dos moradores apresenta informações sobre distribuição da população, sexo e grupos de idade, cor ou raça e unidades domésticas (arranjos domiciliares). Os dados estão desagregados para Brasil, grandes regiões, unidades da federação, regiões metropolitanas e municípios de capitais.