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IBGE realizará teste de pesquisa sobre os Impactos da enchente no Rio Grande do Sul

Editoria: IBGE | Esther Gama, sob supervisão

26/06/2025 16h28 | Atualizado em 26/06/2025 16h31

O presidente Marcio Pochmann destacou que o IBGE está se preparando para atender novas demandas da sociedade - Foto: Sonia Zanotto

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (26), em evento no Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (CISVALE), em Santa Cruz do Sul (RS), o teste final da Pesquisa Especial sobre as Enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul (PEERS), que será realizado entre os dias 30 de junho e 11 de julho, por telefone.

A Pesquisa resultou da participação do IBGE na força tarefa criada pela Presidência da República, e que originou a criação do Singed Lab. A PEERS será coletada no segundo semestre de 2025 e tem por objetivos principais entender como as pessoas foram afetadas no momento das enchentes e, no segundo momento, cerca de um ano depois, como estão as vidas dessas pessoas.

O evento contou com a presença remota do Presidente do IBGE, Marcio Pochmann; do Diretor de Pesquisas (DPE), Gustavo Junger; do Diretor-adjunto de Geociências (DGC), Gustavo de Carvalho Cayres; e da Coordenadora de Meio Ambiente da Diretoria de Geociências, Maria Luiza Pimenta.

Presencialmente, participaram o Superintendente do Rio Grande do Sul (SES/RS), José Renato Braga de Almeida; o Diretor-adjunto de Pesquisas (DPE), Vladmir Gonçalves Miranda; a Coordenadora do Centro de Entrevista Telefônica Assistida por Computador (CETAC), Andrea Leonel; o Supervisor do CETAC, Thiago Franca; a Analista da Coordenação de População e Indicadores Sociais (COPIS/DPE), Juliana Paiva e o servidor da SES/RS, Luis Eduardo Azevedo Puchalski, que fez a mediação.

"Esse trabalho que foi feito é uma inovação dentro do IBGE, e sabemos que o tema ambiental veio para ficar. Certamente, o que aconteceu no estado do Rio Grande do Sul, no ano passado, não foi um evento ocasional, infelizmente, estamos diante de uma mudança climática, e o Estado brasileiro precisa estar atuante diante dessas modificações. É um passo importante que o IBGE vem dando para poder atender demandas que nos chegam de diferentes partes da República e dar um salto de qualidade para continuarmos fazendo o que o IBGE faz já a 89 anos nas suas pesquisas conjunturas e estruturais, mas também atender mais imediatamente questões como essa que nos foi colocada”, destacou o Presidente do IBGE, Marcio Pochmann.

O Superintendente do Rio Grande do Sul (SES/RS), José Renato Braga de Almeida, afirmou que, desde que ocorreu a calamidade, “o IBGE manifestou a importância de ter essa pesquisa e trabalhar diferente dos nossos processos de coleta. Estamos preparando essa pesquisa desde a enchente, é um trabalho longo, e o objetivo maior desse evento é termos o apoio e sensibilização dos moradores que estão sendo envolvidos no teste”.

O Superintendente do RS pontuou que a Pesquisa foi uma das ações do Singed-Lab, durante a força-tarefa criada pela Presidência da República frente ao desastre do RS - Foto: IBGE

O Diretor de Pesquisas, Gustavo Junger, pontuou que existe uma expectativa grande por parte das Diretorias de Pesquisa e Geociências e todas as áreas envolvidas, e a pesquisa é mais um desdobramento de um esforço conjunto de todas as áreas do IBGE. “O IBGE realiza um avanço importante hoje. Trata-se de uma metodologia que pode servir de referência a outros eventos como esse, eventos extremos que, infelizmente, devem acontecer de uma forma mais recorrente. Esse é um passo importante, assim como outros que estão sendo conduzidos em paralelo, entre eles, a formação de um Grupo de Trabalho com a participação de diferentes áreas do IBGE para que se consiga responder, de forma mais rápida a situações similares, caso ocorram”.

O Diretor-adjunto de Pesquisas, Vladmir Gonçalves Miranda, destacou que os efeitos catastróficos demandam respostas rápidas e efetivas do poder público. “Para que as ações sejam mais efetivas, precisamos de dados de maneira rápida, abrangente e confiáveis, e é isso que o IBGE tem tentado fazer”.

“Tanto nesse evento, como em eventos anteriores, o IBGE já teve uma participação que demostra a preocupação da instituição em dar resposta a sociedade especialmente em situações que é de grande gravidade, como essa que o estado do Rio Grande do Sul viveu, e os colegas do RS viveram de maneira mais intensa. A DGC, particularmente agora, se preocupa e se envolve de forma consistente nessa temática na perspectiva do meio ambiente especificamente, mas não apenas. Essa pesquisa, construída com muito cuidado e muita atenção como forma de dar resposta a essa questão, é um motivo de orgulho e muita expectativa", explicou o Diretor-adjunto de Geociências, Gustavo de Carvalho Cayres.

A Coordenadora de Meio Ambiente da Diretoria de Geociências, Maria Luiza Pimenta, apresentou a perspectiva geocientífica da Pesquisa e afirmou que “o Brasil é o país com maior diversidade natural de paisagens e de diversificadas características socioeconômicas. Esse contexto nacional que nós estamos vivendo nesse tipo de avaliação pós-desastre é uma reflexão interativa. No Brasil, nós estamos vivenciando alterações na frequência e magnitude de eventos extremos e essas questões estão conectadas com as mudanças climáticas globais. Também temos, no nosso país, uma grande desigualdade na vulnerabilidade local e regional que se apresenta distribuída de forma distinta no território. Somando tudo isso, a inovação que a gente apresenta hoje é crucial”.

O servidor da SES/RS, Luis Eduardo Azevedo Puchalski, fez a mediação do evento e pontuou que a pesquisa é resultado da participação do IBGE na força tarefa criada pela Presidência da República, e que originou a criação do Singed Lab, o laboratório de Inovação do IBGE.

Representantes dos municípios, entidades, universidades, gestores públicos e privados também estavam presentes no evento - Foto: Sonia Zanotto

A Pesquisa Especial sobre as Enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul (PEERS)

Os objetivos da Pesquisa Especial sobre as Enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul (PEERS) são avançar na compreensão de: danos sofridos e efetividade das ações desenvolvidas; características socioeconômicas na época das enchentes; grau de gravidade vivenciado, conhecer o tipo de suporte demandado e recebido; e o conhecimento das condições de vida da população residente em municípios atingidos em 2024 e em um ano após a ocorrência das enchentes.

A Analista e Gerente substituta da Coordenação de População e Indicadores Sociais (COPIS/DPE), Juliana Paiva, explicou como funcionará o Teste da Pesquisa, que estará disponível entre os dias 30 de junho e 11 de julho: “o agente do IBGE vai ligar para o morador, se identificar e confirmar se ele morava naquele município que foi atingido. Se ele disser que sim, o agente vai perguntar se ele vivenciou a enchente. Se ele não vivenciou, estava viajando ou morando em outro lugar naquele momento, ele não vai responder o questionário, mas pode indicar outra pessoa para responder, ou indicar que não morava naquele município, mas vivenciou a enchente em outro lugar e, assim, poderá responder ao questionário".

A Coordenadora do Centro de Entrevista Telefônica Assistida por Computador (CETAC), Andrea Leonel, afirmou que “a pesquisa tem a necessidade de ir até o morador, e muitas vezes, o morador não está mais nesse município e ele pode facilmente encontrar essa pessoa. A CETAC conta com 120 agentes de pesquisas e supervisores, que irão realizar as ligações pelo número telefônico (21)2142-0123. Se o morador quiser confirmar a identidade do agente, ele poderá ligar para o número 0800 721 8181.

Os temas abordados no questionário da Pesquisa são: 1- Impactos das enchentes nos domicílios: inundação e acesso, danos físicos, interrupção de fornecimento de água e luz, e danos a veículos e bens de alto valor (móvel, eletrodoméstico, equipamentos de trabalho, aparelhos eletrônicos); 2- Impactos das enchentes nos entornos dos domicílios: domicílios danificados, ruas alagadas, rodovias interditadas ou pontes quebradas, condições das ruas (lixo, iluminação, segurança), e transporte público; 3- Ocorrências domiciliares e impactos das enchentes na vida dos moradores: resgate (meio de transporte utilizado, responsáveis pelo resgate), ajuda emergencial (primeiros socorros, alimentos ou água), atendimento médico e internação hospitalar/Unidade de saúde, evacuação, danos/perdas de documentos, deslocamento (trabalho/escola/creche ou serviços de saúde), vida social e convívio com a família ou amigos, e saúde física ou mental.

Outros temas do questionário são: 4- Perfil da população atingida: data de nascimento/idade, cor ou raça, nível de escolaridade, local de moradia atual e motivo de mudança, rendimento domiciliar em abril de 2024; 5- Educação e trabalho antes e depois das enchentes; 6- Avaliação da qualidade de vida (se piorou ou melhorou após as enchentes): acesso a saúde e internet, fornecimento de água e energia elétrica, coleta de lixo, limpeza de rua, escoamento de água, esgotamento sanitário e transporte coletivo; 7- Auxílio financeiro público relacionado as enchentes; e 8- Prevenção e recuperação.

Analista e Gerente da COPIS/DPE, Juliana Paiva, destacou que o IBGE tem uma forte referência metodologica, com orientações internacionais da ONU e do Banco Mundial - Foto: IBGE

O Supervisor do CETAC, Thiago Franca, apresentou o conteúdo e reiterou que assim que o morador atender ao telefone, o agente vai confirmar a identidade dessa pessoa e identificar se ela se enquadra ou não nos critérios para responder a pesquisa. O questionário pode ser respondido pelo morador informante original, que responde informações de 2024 de todos os moradores à época e de 2025 dos que ainda residem com o informante, ou pelo informante complementar, que não vive mais com o informante original, mas responde informações dos dias atuais.

As enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul atingiram diferentes segmentos socioeconômicos da população. Entre as referências para o desenvolvimento da Pesquisa estão as recomendações da Comissão de Estatística e Banco Municipal; as experiências internacionais com outros eventos climáticos; e a amostragem de domicílios com telefones do Censo Demográfico 2022.