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Triplo Fórum

Países de língua portuguesa discutem os desafios da Era Digital em Fortaleza 

Editoria: IBGE | Diana Souza

11/06/2025 17h37 | Atualizado em 12/06/2025 08h13

Josué Miguel, do INE de Angola, destacou o papel fundamental dos dados e indicadores estatísticos como alicerces para a formulação de políticas públicas eficazes na era digital - Foto: @graoamarca

“Novos indicadores e temas estratégicos para o desenvolvimento e a sustentabilidade dos países de língua portuguesa na Era Digital” foi o assunto tratado na tarde dessa quarta-feira (11) na Mesa CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). O evento integra o primeiro dia do Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global, realizado em Fortaleza (CE) pelo IBGE, em parceria com o Governo do Estado do Ceará e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 

O mediador Gustavo Cayres, diretor adjunto de Geociências do IBGE, fez a abertura, enfatizando a importância de se discutir em uma mesa dois dos motes do encontro: o Sul Global e a Era Digital. Para ele, os países de língua portuguesa compartilham uma história que está marcada nos povos e territórios e que precisa, segundo ele, fazer parte da reflexão dos institutos de estatística e, no caso do IBGE, de geografia também.  

Trata-se, para Cayres, de um impulso para que se “mantenha e reforce uma história de cooperação, que não é uma história que nasceu ontem. A partir justamente do entendimento dessa trajetória comum, frequentemente desses desafios comuns, das similaridades, mas também das diferenças. Isso significa que nossos institutos precisam lidar com isso, precisam investigar esses aspectos das nossas sociedades, que vão nos permitir caracterizar essas diferenças, essas similaridades”.  

Ele reforçou, ainda, a necessidade de se posicionar os sistemas estatísticos e geocientíficos para dar conta da diversidade e das particularidades do Sul Global. “Como é que nós podemos cooperar mais? Como é que nós podemos olhar para essa cooperação, considerando a era digital e considerando a nossa posição enquanto sul global?”, questionou. 

Moçambique reforça comprometimento com indicadores digitais e tecnológicos 

Representando o Instituto Nacional de Estatística (INE) de Moçambique, Miquelina Sito, falou sobre o tema Indicadores digitais e tecnológicos e Governação digital e cooperação, buscando uma relação com os novos indicadores de temas estratégicos para o desenvolvimento e sustentabilidade na Era Digital. 

Dados como posse de telefone celular, uso de internet e computador, acesso a bens de tecnologia da informação e comunicação nos agregados familiares e inclusão financeira foram apresentados. 

Ela enfatizou o comprometimento do país com a busca de respostas a esses novos indicadores, maximizando os benefícios para todas as áreas de intervenção. Não se trata apenas, segundo ela, de um olhar para a parte digital e tecnológica, mas para aquilo que pode ser melhorado usando a tecnologia, por exemplo, na agricultura e na educação. “Só as tecnologias de informação e comunicação são capazes de alavancar a economia de um país e essas ações são medidas através de censos e inquéritos”, disse. 

Angola busca conciliar desenvolvimento econômico, inclusão social e sustentabilidade 

Josué Miguel, do INE de Angola, abordou a temática Novos indicadores e temas estratégicos para o desenvolvimento sustentável dos países de língua portuguesa na era digital. Ele destacou o papel fundamental dos dados e indicadores estatísticos como alicerces para a formulação de políticas públicas eficazes na era digital. 

Explicou, ainda, que Angola, como os demais países da CPLP, enfrenta o desafio de conciliar desenvolvimento econômico, inclusão social e sustentabilidade com as exigências do século XXI. “Essa equação será resolvida com indicadores que captem a realidade digital, social e ambiental contemporânea”, afirmou. 

Miguel disse que Angola deu um salto considerável na modernização estatística com a adoção de métodos digitais em levantamentos de grande escala, como os censos da agricultura, da população e habitação. “Governar sem dados robustos é navegar sem bússola. Precisamos de indicadores que exponham as desigualdades digitais que mediam o progresso na inovação e que nos guiem rumo a um futuro sustentável e digitalmente inclusivo”, concluiu. 

Favelas e comunidades urbanas devem ser representadas pela sua potência, diz pesquisadora do IBGE 

Encerrando as apresentações, Letícia de Carvalho Giannella, pesquisadora do IBGE, falou sobre Padronização, comparabilidade e diversidade territorial nas estatísticas oficiais dos países do Sul Global: reflexões a partir do conceito de favela e comunidades urbanas do IBGE. 

Ela destacou a importância das estatísticas oficiais para embasar a formulação e monitoramento de políticas públicas, contribuir com o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas, apoiar a apropriação pela população para reivindicações diversas e para o monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS). 

Para Letícia, ao lado do debate sobre novos indicadores, é preciso debater também novas representações sobre as pessoas e territórios, é preciso lidar e retratar as diferentes e múltiplas realidades territoriais, em especial no que tange ao Sul Global. 

“No caso do Brasil, as favelas e comunidades urbanas não podem ser tratadas simplesmente pela carência, pela falta. Elas precisam construir outras representações que reflitam a força, a potência, a cultura, a criatividade, a inventividade desses territórios”, disse. 

Por isso, em janeiro de 2024, o IBGE promoveu a mudança do termo aglomerado subnormal para favelas e comunidades urbanas. “Esses territórios estão buscando garantir um direito universal, que é o direito à moradia digna. As estatísticas oficiais precisam ser vistas como construções sociais, portanto como representações que nãos só são um produto da sociedade, mas também produzem a sociedade ne medida em que recortam o real a partir de decisões metodológicas e operacionais”, concluiu. 

Foto: @graoamarca

Também na tarde desta quarta-feira (11), houve a reunião dos Chefes de INE do BRICS, em Fortaleza (CE). 

Sobre o Triplo Fórum

O Triplo Fórum é organizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em coorganização com o Governo do Estado do Ceará, de 11 a 13 de junho, no Centro de Eventos do Ceará (Av. Washington Soares, 999, acesso pavilhão oeste, portão C). Inscrições ainda podem ser feitas e veja a programação no portal do evento, que tem o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do Ceará Sem Fome, da Companhia de Participação e Gestão de Ativos do Ceará S/A - Ceará Par, da Secretaria de Turismo do Ceará, da Secretaria Nacional de Juventude - Secretaria Geral da Presidência da República, e demais parceiros. As plenárias serão transmitidas pelo IBGE digital, e pelos canais oficiais do instituto IBGE DigitalYoutube, Instagram, TikTok e Facebook.