Extração vegetal e silvicultura
Valor da produção de florestas plantadas cai em 2019 e interrompe 3 anos de altas
15/10/2020 10h00 | Atualizado em 15/10/2020 17h47
Destaques
- O valor da produção da silvicultura caiu 5% em 2019 e chegou a R$ 15,5 bilhões, reduzindo sua participação a 77,7% na produção florestal.
- O valor da produção florestal teve uma redução de 2,7%, somando R$ 20 bilhões.
- Na silvicultura, o valor da produção da madeira em tora para celulose caiu 11%, chegando a R$ 4,5 bilhões, enquanto a madeira em tora para outras finalidades caiu 3%, totalizando outros R$ 4,5 bilhões.
- Entre os madeireiros da silvicultura, só a lenha teve crescimento no valor da produção (1,1%), passando a R$ 2,2 bilhões.
- Entre os produtos da extração vegetal, houve aumento dos produtos madeireiros e de outros grupos, como o de alimentícios, que cresceu 0,8% e totalizou R$ 1,2 bilhão.
- O açaí segue com a maior participação no valor da produção entre os produtos alimentícios (48,3%).
- Minas Gerais totalizou R$ 4,4 bilhões em valor da produção em 2019 e liderou o ranking da produção florestal no país.
Após três anos consecutivos de crescimento, o valor da produção da silvicultura (obtida em florestas plantadas) caiu 5% em 2019 na comparação com o ano anterior, atingindo R$ 15,5 bilhões. Com isso, a participação da silvicultura representou 77,7% do valor de produção florestal, que atingiu R$ 20 bilhões, enquanto o extrativismo vegetal (em matas e florestas nativas) respondeu por 22,3%, como mostra a Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), divulgada hoje (15) pelo IBGE.
A silvicultura supera a extração vegetal na participação no valor da produção desde 2000. A retração da silvicultura levou a uma queda de 2,7% no valor total da produção florestal (R$ 20 bilhões).
“Houve queda acentuada no valor de produção tanto na madeira em tora para celulose quanto para outras finalidades. E essas duas produções têm um peso muito grande dentro da silvicultura. A celulose, por exemplo, é um produto de exportação forte no Brasil, foi o quarto mais exportado pelo país. Então a retração desses dois produtos fez com que o valor da produção da silvicultura tivesse essa queda de 5%”, explica a supervisora da pesquisa, Rachel Pinton.
Na silvicultura, o valor da produção da madeira em tora para celulose teve uma queda de 11%, chegando a R$ 4,5 bilhões, enquanto a madeira em tora para outras finalidades teve seu valor de produção reduzido em 3%, atingindo também R$ 4,5 bilhões. Entre os produtos madeireiros da silvicultura, só a lenha teve crescimento no valor da produção (1,1%), passando a R$ 2,2 bilhões.
Mesmo com a queda de 3,3% na participação do valor da produção total, os produtos madeireiros da silvicultura e da extração vegetal ainda seguem predominantes no setor, representando 90% da produção florestal. Entre os não madeireiros da silvicultura, todos os produtos cresceram em valor da produção em 2019. A resina cresceu 2,6%, gerando R$ 371,7 milhões, enquanto a casca de acácia-negra teve alta de 36,4%, totalizando R$ 46 milhões.
Entre os produtos da extração vegetal, houve aumento dos produtos madeireiros e de outros grupos, como o de alimentícios, resultando em um crescimento de 6,4% no valor da produção. “O aumento no grupo de alimentícios pode ser explicado pelo incentivo da política de garantia de preços mínimos para produtos da sociobiodiversidade. Entre eles estão o pequi e a castanha-do-pará, que são produtos importantes para comunidades tradicionais, pequenos agricultores e assentamentos, e tiveram aumento bem expressivo”, analisa Rachel.
A atividade extrativista de produtos não madeireiros, relevante para os povos e comunidades tradicionais, teve crescimento de 2,3% no valor da produção, totalizando R$ 1,6 bilhão. O valor da produção do grupo de alimentícios, que é o maior entre os não madeireiros da extração vegetal, cresceu 0,8%, atingindo R$ 1,2 bilhão. Entre os produtos desse grupo, o açaí continuou a ter a maior participação no valor da produção (48,3%).
Minas Gerais lidera valor da produção florestal do país
Liderando o ranking dos estados no valor da produção florestal, Minas Gerais totalizou R$ 4,4 bilhões em 2019. O estado é o maior produtor de carvão vegetal no país, respondendo por 86,8% do volume nacional. Embora tenha tido uma alta de 2,2% no volume de produção, o valor da produção do carvão caiu 2% em Minas Gerais.
Já o segundo lugar no ranking, o Paraná, teve um valor da produção de R$ 3,1 bilhões, com destaque para a produção de madeira em tora para outras finalidades, que teve uma alta de 6,2% e alcançou 17,9 milhões de metros cúbicos. Com isso, o estado se mantém como o maior produtor do país.
Já Mato Grosso do Sul, maior produtor de madeira em tora para papel e celulose, teve queda de 16,6% na quantidade produzida, totalizando 14,6 milhões de metros cúbicos. A retração se deu em função dos baixos preços da celulose em 2019.
Entre os municípios, João Pinheiro (MG) liderou o valor da produção em 2019, com R$ 263,7 milhões. O destaque do município foi na produção de carvão de eucalipto, que teve um aumento de 7,4% no volume. Já Três Lagoas (MS), o segundo no ranking, tem como destaque a produção de madeira em tora de eucalipto para papel e celulose. Mesmo com a retração de 11% no valor da produção do produto, o município totalizou R$ 247,3 milhões no total da silvicultura.
Área de florestas plantadas cresce 1,2% no país
A pesquisa aponta um acréscimo de 1,2% na área total de florestas plantadas no país, o que representa um incremento de 118,1 mil hectares. Cerca de 79,4 mil hectares desse total correspondem às áreas de eucalipto, espécie predominante no território brasileiro. Eucalipto e pinus, somados, respondem pela cobertura de 96,1% das áreas cultivadas com florestas plantadas para fins comerciais.
Entre as grandes regiões, o Sudeste superou o Sul, totalizando 35,3% da área de florestas plantadas do país. A pesquisa aponta uma tendência de ampliação da área de silvicultura no Sudeste. Em 2019, a diferença entre as duas regiões era de 56,9 mil hectares.