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Encontro da OIT

IBGE recebe delegações para discutir estatísticas sobre trabalho forçado

Editoria: IBGE | Rodrigo Paradella

23/03/2018 14h00 | Atualizado em 10/04/2018 08h50

Em evento encerrado na quinta-feira (22), o IBGE recebeu nesta semana o Grupo de Trabalho de Estatísticas sobre Trabalho Forçado promovido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Foram três dias de discussões no Rio de Janeiro sobre metodologia para a produção de indicadores relativos ao tema, envolvendo pesquisadores de 23 países, visando a 20ª Conferência Internacional dos Estatísticos do Trabalho (CIET), agendada para outubro, em Genebra, na Suíça.

O debate neste grupo tem como principal objetivo a aprovação de uma resolução na 20ª CIET sobre metodologia para mensuração de trabalho forçado. A produção de indicadores relativos ao assunto é crucial para o cumprimento do item 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que versa sobre a eliminação de situações análogas à escravidão, tráfico humano e trabalho infantil. 

Participaram da abertura do evento o presidente e o diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto Ramos e Claudio Crespo, respectivamente. Pela OIT, estiveram presentes o diretor do Departamento de Estatísticas, Rafael Diez de Medina, e o diretor da instituição no Brasil, Martin Hahn, além da analista do departamento de Princípios Fundamentais e Direitos no Trabalho, Michaelle De Cock.

“Receber esse encontro é uma honra, podermos colaborar com a discussão, apresentar nossa equipe para nos inserirmos nessas discussões. Queremos cada vez mais nossa equipe inserida nos debates internacionais, especialmente no trabalho forçado. É algo que tem nos preocupado, é um tema importante para nós”, ressaltou Roberto Olinto.

Da esq. para a dir., Cimar Azeredo, Michaelle De Cock, Roberto Olinto, Rafael de Medina e Claudio Crespo

O encontro desta semana faz parte de um processo iniciado em 2013, na 19ª CIET. Na ocasião, a formulação de uma metodologia para mensuração do trabalho forçado foi anunciada como uma das metas para a 20ª conferência.

“O trabalho forçado está chegando em sua hora de ter conceitos definidos, e estamos muito orgulhosos disso. Avançamos muito em relação a 2013. A OIT avançou em buscar uma resolução e formou um grupo para discutir a metodologia nessa questão, que é este aqui. Já temos uma proposta de como serão essas pesquisas. Com todas as limitações, já estamos bem melhor que no passado. Estamos otimistas”, destacou Rafael Diez de Medina. 

 

 

Hard to see, harder to count

Mais do que decidir como uniformizar as estatísticas para esse tema, o grupo tem como missão definir uma forma eficiente para medir trabalho forçado, algo que não é facilmente detectado em pesquisas.

“Gerar conhecimento sobre trabalho forçado é uma atividade desafiadora, uma vez que estamos falando de um fenômeno global, mutável, que se adapta a qualquer circunstância e que, antes de mais nada, é complexo, pois se trata de uma atividade criminosa de escala internacional”, lembra Martin Hahn, citando o conceito "hard to see, harder to count" ("difícil de ver, mais difícil ainda de medir", em tradução livre).

O IBGE é considerado internacionalmente como um dos pioneiros na adoção de resoluções da OIT sobre relações laborais. Para manter essa posição de referência, o Instituto trabalha para se manter atualizado também na questão do trabalho forçado.

Especialistas durante discussão sobre metodologia para indicadores de trabalho forçado

“A contribuição do IBGE para os indicadores de trabalho está expressa, principalmente, nas parcerias com a OIT, iniciadas em 2001, com o trabalho infantil. Posteriormente, monitoramos o conceito de trabalho decente”, explicou Claudio Crespo. “Em 2015, tivemos uma nova experiência fruto dessa parceria para tratar das relações de trabalho. Nesse conjunto, tivemos informações de indicadores pela primeira vez investigados no Brasil. Investigamos o aspecto do empregador que prendia o trabalhador pela existência de algum débito financeiro, por exemplo”, lembrou.

“Esse foi um encontro bastante importante porque estamos falando de trabalho forçado. Inserimos esse tema na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2015, em que detectamos 1,5 milhão de pessoas presas ao empregador por dívida. Foi um número importante, que nos levou a pensar um estudo mais completo para o futuro”, completou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.