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Revista Retratos

Reserva Ecológica do IBGE conta com Brigada Voluntária de incêndio

Editoria: Revista Retratos | Mônica Marli e Diane Dias (estagiária)

04/09/2017 09h00 | Atualizado em 11/02/2020 13h19

Os voluntários da brigada combatem o incêndio até a chegada dos bombeiros - Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

Basta o primeiro soar da sirene para um grupo de servidores da Reserva Ecológica do IBGE (Recor) parar, imediatamente, o trabalho que está fazendo, vestir um macacão especial, subir no caminhão e seguir na missão de combater o fogo anunciado. Essa é a dinâmica da Brigada de incêndio do IBGE, criada em 1983 e formada por voluntários, que, no dia a dia, atuam em diferentes setores da reserva.

Localizada a 26 quilômetros da capital federal, a Recor sentiu a necessidade de ter seus próprios meios para lidar com as queimadas e proteger a área, pois a distância era um grande problema no momento em que os incêndios começavam.

A gerente de recursos naturais do IBGE, Betânia Góes, explica que o papel principal dos brigadistas é, justamente, o de realizar o primeiro combate ao fogo, enquanto o corpo de bombeiros se desloca para o local. “A nossa brigada combate o foco inicial e depois o corpo de bombeiros assume a coordenação. Mas como os voluntários conhecem melhor a área, eles acabam sendo fundamentais, também, nas decisões, pois conseguem indicar aos bombeiros onde o fogo é mais forte ou a área mais sensível, por exemplo”, comenta.

A existência da Brigada de Incêndio propiciou, também, a realização de pesquisas relacionadas a queimadas na reserva. O projeto Fogo, que estudou os efeitos do fogo sobre o cerrado, foi uma das mais relevantes. Iniciada em 1989 e com duração de 20 anos, a pesquisa – desenvolvida em parceria com diversos institutos, incluindo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – consistiu em queimadas programadas feitas em áreas pré-determinadas. “Conseguimos fazer esse projeto graças ao fato de termos uma brigada, porque se a gente fosse contar só com o corpo de bombeiros cada hora que fossemos fazer uma queimada dessas, ficaria difícil”, afirma Mauro Lambert, gerente da reserva.

A Reserva Ecológica do IBGE é tema de uma das reportagens da edição de número 3 da Revista Retratos.

Treinamento

Para garantir a eficiência do trabalho, os brigadistas do IBGE passaram por cursos e treinamentos de combate ao fogo e, além disso, o grupo não fica muito tempo sem participar de atividades de atualização. “O treinamento inicial foi de 40 horas, ficamos aqui a semana inteira com os bombeiros do Distrito Federal e, depois disso, eles já voltaram algumas outras vezes. Esse ano mesmo, tivemos um curso de perito em incêndios florestais, oferecido pelo IBAMA”, conta Betânia.

Mauro relembra, ainda, que a brigada do IBGE teve a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos com uma equipe de bombeiros dos Estados Unidos: “Como a gente tinha um convênio com o serviço florestal norte-americano, eles vieram aqui e deram um treinamento para a nossa equipe”.

Os tipos de fogo que atingem a Reserva

As “águas de março que fecham o verão” chegam, normalmente, acompanhadas de raios, que são os causadores dos incêndios naturais. Como esse tipo de queimada acontece em áreas ainda úmidas devido à chuva, ela costuma ser superficial e rapidamente apagada pela própria natureza.

De acordo com Mauro, o fogo natural foi um agente ecológico importante para a evolução do cerrado ao longo do tempo. “A vegetação de campo se recupera rapidamente do incêndio natural. Ele pode ser até benéfico para a diversidade biológica, já que muitas espécies de sementes só eclodem com fogo”, comenta.

Sobre o fogo causado pelo homem, Mauro explica que ele acontece fora da época natural, e que, por isso, tem impactos violentíssimos. “Esse tipo de queimada, que é muito usada pela Agricultura para a criação de pastos e adubo natural, acontece em uma época muito seca e quente. Então, trisca uma faísca ali e queima tudo. É um fogo diferente, porque é lento e bem mais profundo”, diz.