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De ônibus para o Peru: quem são os passageiros da maior linha rodoviária do mundo

Editoria: Geociências | Mônica Marli e Pedro Renaux, com colaboração de Adelina Bracco

11/08/2017 09h00 | Atualizado em 22/11/2019 14h39

Percorrer os caminhos da cidade Inca de Machu Picchu, conhecer as misteriosas Linhas de Nazca, admirar a arquitetura colonial de Lima, saborear o tradicional ceviche. Não faltam motivos para conhecer o Peru, mas é como diz o ditado popular: o importante não é o destino, mas sim a jornada. Para aqueles que estão em busca de aventura e querem economizar com a passagem aérea, viajar do Brasil ao Peru de ônibus é uma alternativa possível. De acordo com a publicação Ligações Rodoviárias e Hidroviárias 2016, lançada em junho pelo IBGE, uma vez por semana há ônibus de São Paulo e do Rio de Janeiro com destino às cidades de Puerto Maldonado, Cuzco e Lima, com preços que variam de R$ 600 a R$ 910 e com duração de aproximadamente quatro dias.

O responsável pela Ormeño, empresa que oferece o serviço, é o peruano Oscar Vásquez-Solis. Segundo ele, em um ano de constituída, cerca de 1.500 pessoas utilizaram a linha Rio X Lima, enquanto o trajeto de São Paulo a Lima, disponível há aproximadamente sete anos, contou com aproximadamente 14 mil passageiros. “Estamos acostumados a fazer grandes trechos pela América do Sul, mas nada é como fazer a viagem Rio X Lima. São 6.035 km, é a maior linha rodoviária do mundo”, ressalta. Ele conta que os passageiros – tanto os da linha que sai do Rio de Janeiro, quanto os que embarcam em São Paulo – sempre terminam a viagem como uma grande família, apesar da diversidade e da história particular de cada indivíduo: “A maioria de nossos clientes é do Peru, mas já viajaram conosco alemães, estadunidenses, japoneses e sul-africanos”.

A peruana Rosana Mesa Rojas é passageira assídua do ônibus que vai da capital paulista a Lima. Ela, o marido e a filha de três anos moram no Brasil e, uma vez por ano, fazem a viagem para visitar os parentes. Rosana comenta que o percurso é cansativo, mas que as belezas do caminho fazem a aventura valer a pena. “As paisagens são lindas, principalmente no trecho altiplano andino. Além disso, esta é uma boa época do ano para fazer a viagem, porque faz calor no lado brasileiro e vai esfriando quando atravessamos a fronteira”, afirma. Já Leonardo Cusiquispe, conterrâneo de Rosana, não acha tão agradável a temperatura que faz na parte peruana da travessia. “Faz muito frio em Cuzco, por volta de 10o C”, reclama. Leonardo confessa, também, que não se acostuma com as curvas que o ônibus faz nas montanhas andinas: “Chego a ficar tonto”.

Quem acha a viagem longa precisa conhecer os colombianos Francy Milena Toro e Alberto Burgos e seus dois filhos. A bióloga e o músico, que chegaram ao Brasil há 13 anos pelo rio Amazonas, após fazerem a conexão em Lima, seguirão definitivamente para sua cidade natal, Bogotá: “As coisas têm melhorado na Colômbia, portanto a expectativa é arrumarmos um bom emprego e nos desenvolvermos profissionalmente”. Eles escolheram o ônibus como meio de transporte por causa da grande quantidade de bagagens. Prestes a embarcar, o casal faz um convite entusiasmado: “A viagem é demorada, mas há muitas paradas para esticarmos as pernas. Claro que é um convite mais atrativo para os mochileiros, mas estamos aqui para mostrar que também é uma viagem para a família. Gostamos muito de aventura, e a América do Sul é um lugar que nos proporciona isso, é fantástico!”, afirma.

A Agência IBGE Notícias acompanhou o embarque da família colombiana na rodoviária Novo Rio. Confira no vídeo acima! E lembre-se: para entrar no Peru, cidadãos brasileiros devem apresentar carteira de identidade emitida há até 10 anos da data da viagem ou passaporte com no mínimo seis meses de validade.