Tarefas domésticas impõem carga de trabalho maior para mulheres
07/12/2017 10h00 | Atualizado em 24/01/2018 09h08
As mulheres, mesmo as ocupadas no mercado de trabalho, ainda são a grande maioria a executar afazeres domésticos e cuidar das crianças. Em 2016, somando-se as horas dedicadas a essas atividades no domicílio e à ocupação propriamente dita, as mulheres trabalharam mais do que os homens, com uma carga horária média que ultrapassou 54 horas semanais; os homens trabalharam, em média, 51,5 horas semanais.
Os dados do módulo Outras formas de trabalho, da Pnad Contínua 2016, divulgado hoje pelo IBGE, trazem informações sobre atividades que não fazem parte do mercado de trabalho e, portanto, não entram na categoria ocupação, investigada em outros módulos da pesquisa. Aí se incluem quatro formas de trabalho: a produção de bens para próprio consumo, afazeres domésticos, cuidado de pessoas moradoras ou parentes não moradores e trabalho voluntário.
A analista Alessandra Brito, responsável por este bloco temático, explica que, apesar de não fazerem parte da conta do Produto Interno Bruto (PIB), as outras formas de trabalho trazidas nesta pesquisa são muito importantes porque mostram uma série de atividades “invisíveis”, mas que produzem muito valor. “Quando uma pessoa realiza um serviço doméstico, aquele trabalho tem valor porque poderia ter sido feito por uma pessoa contratada, que receberia uma quantia para realizar aquilo. Da mesma forma, a produção para o próprio consumo: a pessoa produz ela mesma uma coisa que poderia ter sido comprada no mercado, por um determinado valor”, complementa Marina Ferreira, também analista do IBGE.
Mulheres dedicam o dobro de tempo em cuidados de pessoas e afazeres domésticos
Quando consideramos o tempo dedicado apenas aos afazeres domésticos e aos cuidados de pessoas, a desigualdade é ainda maior: as mulheres trabalham praticamente o dobro do tempo (20,9 horas semanais contra 11,1) em relação aos homens nessas atividades.
A pesquisa mostra ainda que, mesmo dividindo o lar com um companheiro, o percentual de mulheres que realizam tarefas domésticas ainda é superior à dos homens: das mulheres que viviam com marido ou companheiro, 95,6% realizaram essas atividades; entre os homens nesta condição, a taxa de realização foi de 76,4%.
Texto: Marília Loschi
Arte: Helga Szpiz
Foto: Pedro Vidal