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Em janeiro, IBGE prevê safra de grãos 1,8% menor que a de 2010

A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas2 indica produção da ordem de 146,8 milhões de toneladas...

09/02/2011 07h01 | Atualizado em 09/02/2011 07h01

A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas2 indica produção da ordem de 146,8 milhões de toneladas, inferior em 1,8% à obtida em 2010 (149,5 milhões de toneladas), porém superior em 0,7% ao último prognóstico de dezembro (145,8 milhões de toneladas). É o que indica a primeira estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)3 em 2011. A área a ser colhida em 2011, de 48,2 milhões de hectares, apresenta acréscimo de 3,4% frente à área colhida em 2010. As três principais culturas, que somadas representam 90,4% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, o arroz, o milho e a soja, respondem por 81,9% da área a ser colhida e registram, em relação ao ano anterior, variações positivas de 2,5%, 1,0% e 1,5%, respectivamente. No que se refere à produção, o milho e a soja apresentam, nessa ordem, decréscimos de 7,1% e 1,2%, enquanto que o arroz tem acréscimo de 13,5%. Vale destacar que, considerando apenas os produtos da safra de verão (algodão herbáceo, amendoim 1ª safra, arroz, feijão 1ª safra, mamona, milho 1ª safra e soja) a produção prevista, para esse grupo de grãos, de 117,8 milhões de toneladas supera em 1,0% a registrada para esse mesmo conjunto em 2010 (116,7 milhões de toneladas).

Entre as Grandes Regiões, esse volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresenta a seguinte distribuição: Sul, 58,5 milhões de toneladas; Centro-Oeste, 52,2 milhões de toneladas; Sudeste, 17,1 milhões de toneladas; Nordeste, 15,0 milhões de toneladas e Norte, 4,1 milhões de toneladas. Comparativamente à safra passada, são constatados incrementos nas regiões Norte (2,7%) e Nordeste (26,6%) e decréscimos na Sul (8,8%), Centro-Oeste (0,6%) e de apenas -174 toneladas na Sudeste.

Observa-se na figura que o Mato Grosso, nessa primeira avaliação para 2011, lidera como maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 20,6%, seguido pelo Paraná, com 19,3% e Rio Grande do Sul, com 16,2%, estados que somados representam 56,1% do total nacional.

Estimativa de janeiro em relação à produção obtida em 2010

Entre os vinte e cinco produtos selecionados, dez apresentam variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior: algodão herbáceo em caroço (53,7%), arroz em casca (13,5%), batata-inglesa 1ª safra (16,3%), batata-inglesa 2ª safra (9,1%), feijão em grão 1ª safra (41,0%), feijão em grão 2ª safra (1,7%), mamona em baga (93,5%), mandioca (9,1%), sorgo em grão (10,1%) e triticale em grão (17,8%).

Com variação negativa estão: amendoim em casca 1ª safra (21,3%), amendoim em casca 2ª safra (16,2%), aveia em grão (24,5%), batata-inglesa 3ª safra (5,3%), cacau em amêndoa (4,1%), café em grão (9,2%), cana-de-açúcar (3,3%), cebola (2,4%), cevada em grão (10,9%), feijão em grão 3ª safra (9,6%), laranja (0,1%), milho em grão 1ª safra (3,6%), milho em grão 2ª safra (12,3%), soja em grão (1,2%), trigo em grão (18,3%).

Cumpre registrar que, para os cultivos de 2ª e 3ª safras de alguns produtos e para as culturas de inverno (trigo, aveia, centeio e cevada) – que, devido ao calendário agrícola, não permitem que se tenha ainda uma avaliação da produção – os dados correspondem às projeções obtidas a partir das informações ocorridas em anos anteriores.

ALGODÃO HERBÁCEO (em caroço) – A primeira estimativa de algodão herbáceo para 2011 é da ordem de 4,5 milhões de toneladas, contra 2,9 milhões de toneladas obtidas em 2010, indicando um incremento de 53,7%. Este novo levantamento amplia a tendência registrada anteriormente, principalmente, em face da expansão da área que agora cresce 43,7% contra os 28,8% informados no último prognóstico, como consequência das boas cotações do produto, tanto no mercado interno quanto no externo. Destaca-se que o Mato Grosso (principal produtor, que participa com 55,0% da produção nacional) ampliou em 55,3% sua área de cultivo, sendo que deste aumento de área, parte ocorreu em áreas antes plantadas com soja e parte em áreas onde, usualmente, era plantado o milho 2ª safra. A área prevista é de 652.368 ha, sendo que, nesse Estado, os plantios estendem-se até fevereiro. No momento, caso se confirme o rendimento médio previsto de 3.797 kg/ha, a produção esperada de 2.476.745 t, para o Mato Grosso, suplantará em 70,3% a produção de 2010. À exceção de Alagoas, com inexpressiva participação na produção, verificam-se ganhos nos demais centros produtores, destacando-se a Bahia, segundo produtor nacional, com crescimento de 19,5% na área e de 25,7% na produção.

AMENDOIM (em casca) 1ª safra – Para o amendoim, a área a ser colhida, no conjunto dos estados informantes, é de 68.675 ha, 1,3% maior que a área colhida na safra anterior. A produção esperada é de 161.728 t, 21,3% inferior à quantidade colhida na safra 2010, que totalizou 205.599 t. São Paulo, maior produtor nacional, manteve os números do terceiro prognóstico. A cultura embora mostre avanços tecnológicos no que diz respeito a variedades e mecanização da colheita, ainda não alcançou estágio semelhante ao de outras importantes culturas no País. A utilização de áreas de renovação de cana-de-açúcar, para plantio do amendoim, é uma prática empregada mas que faz com que o cultivo da leguminosa fique aguardando a disponibilidade de áreas de cana, erradicadas após 5 anos de colheitas sucessivas, o que pode não ocorrer, dependendo de condições de mercado e de custos de produção, principalmente.

ARROZ (em casca) – No que se refere à cultura do arroz, neste 1º levantamento de 2011, a produção esperada é de 12,9 milhões de toneladas, 13,5% superior a registrada em 2010. Essa avaliação praticamente mantém o quadro previsto no terceiro prognóstico, realizado em dezembro, que era de uma produção de 12,8 milhões de toneladas. O acréscimo se deve, notadamente ao Rio Grande do Sul, principal produtor, com 63,9% de participação na produção nacional, que nessa avaliação registra um aumento de 18,7% na produção esperada e 6,4% na área plantada, em relação a 2010. Neste Estado houve uma retomada de áreas que na safra 2010, devido às chuvas intensas no período da semeadura, não puderam ser instaladas.

BATATA INGLESA (1ª safra) – Para a batata-inglesa 1ª safra, a área destinada à colheita de 72.915 hectares é maior 8,4% que a colhida na safra correspondente de 2010, mesmo com as quedas nos preços do produto verificadas no segundo semestre de 2010. Caso se confirme o rendimento médio previsto de 24.502 kg/ha a produção estimada poderá alcançar 1.786.552 toneladas, crescendo 16,3% frente à safra de mesmo período em 2010. Minas Gerais é a principal Unidade da Federação produtora desta primeira safra, participando com 33,5% do volume de produção, seguido pelo Paraná (27,9%), Rio Grande do Sul (19,0%) e São Paulo (14,8%).

CAFÉ (em grão) – A primeira estimativa de café para a safra nacional a ser colhida em 2011 totaliza 2.598.935 t (ou 43,3 milhões de sacas de 60kg) do produto em grãos beneficiados. O percentual de decréscimo em relação a 2010 é de 9,2%. A área destinada à colheita é de 2.147.518 ha, 0,6% menor que a de 2010. A área total ocupada com a cultura no País decresce 1,3%.

A retração prevista na produção, confrontada à safra obtida em 2010, reflete, principalmente, a particularidade que apresenta o café arábica, espécie predominante no País (70%), que é a de alternar anos de altas e baixas produtividades. Já o café conilon, com mais rusticidade e cultivado em regiões baixas e quentes, cada vez mais é plantado sob irrigação ou simples “molhação”, fazendo com que esta característica passe despercebida.

As florações da safra a ser colhida em 2011 ocorreram de forma normal e não sofreram com falta de chuvas, o que seria uma situação crítica para o cafeeiro. Verificou-se a ocorrência de índices pluviométricos satisfatórios a partir da formação dos chumbinhos, o que, em princípio, garante seu “pegamento”, salvo ocorrências negativas posteriores.

O fenômeno La Niña aparentemente ainda não mostrou efeitos negativos, como diminuição significativa de chuvas nas regiões cafeeiras tradicionais do Sudeste, já que a partir de setembro as precipitações voltaram ao normal. Assim, o novo ciclo produtivo se inicia regido notadamente pela condição bianual do cafeeiro. É importante ressaltar que as chuvas e as temperaturas se mantenham dentro da normalidade, em janeiro e fevereiro, e que não haja ocorrência de veranicos, fenômeno que, dependendo da intensidade e duração, pode ser muito prejudicial ao café.

FEIJÃO (em grão) 1ª safra – Para o feijão 1ª safra, aguarda-se para 2011 uma produção de cerca de 2,2 milhões de toneladas, superando em 41,0% a produção obtida em 2010. As boas cotações do produto, por ocasião do plantio, estimularam o cultivo registrando-se uma área plantada de 2,5 milhões de hectares, maior 13,9% que a de 2010. Considerando que essa safra se desenvolva em condições meteorológicas dentro da normalidade, o rendimento médio previsto de 870 kg/ha, será 14,2% superior ao obtido no ano anterior. Vale lembrar que, no Nordeste, essa safra foi muito prejudicada pela seca ocorrida na Região em 2010, a atual perspectiva de ganho de produção almeja acréscimo de 162,5%. No Paraná, maior produtor, participando com 24,7% da produção prevista para o País, a área a ser colhida de 340.272 ha e a produção esperada de 541.562 t, são maiores que as registradas na safra das águas de 2010 em 5,8% e 10,8%, respectivamente. Prosseguem os trabalhos de colheita no Estado sendo que no presente levantamento quase metade da área prevista já se encontra colhida.

MANDIOCA (raízes) – A produção nacional de mandioca para 2011, sem discriminação do destino da produção de raízes na coleta de dados, esta avaliada em 27,1 milhões de toneladas, variação positiva de 9,1% em relação à safra de 2010. Os preços da mandioca para indústria aumentaram ao longo do ano de 2010, fazendo com que a área destinada a colheita de 1,9 milhão de hectares apresente um crescimento de 3,9% quando comparada com a área colhida em 2010.

MILHO (em grão) 1ª safra – Aguarda-se para o milho 1ª safra uma produção de 32,1 milhões de toneladas, inferior em 3,6% à observada em 2010, em face da retração de 6,8% prevista para o rendimento médio já que a área plantada manteve-se estável com um crescimento de apenas 0,1%. As perspectivas desfavoráveis são decorrentes dos baixos preços do produto verificado ao longo de 2010, em face dos volumes estocados e do elevado custo de produção. Na região Sul, maior produtora, a área plantada de 2,4 milhões de hectares e a produção esperada de 13,7 milhões de toneladas, comparativamente ao ano passado, são inferiores em 8,4% e 15,3%, respectivamente. O Paraná mostra expressiva redução na área plantada (-19,5%) como consequência dos fatores apontados acima e ainda pelo fato dos produtores estarem optando pelo cultivo do milho segunda safra e privilegiando o cultivo da soja no verão. A produção esperada de 5,3 milhões de toneladas é inferior 22,9% para um rendimento médio previsto de 7.261 kg/ha, menor 4,2% aos valores obtidos em 2010. Com essa redução na safra paranaense, Minas Gerais passa a ser o maior estado produtor de milho 1ª safra, com uma produção estimada em 6,1 milhões de toneladas. Mesmo registrando uma diminuição na área plantada de 0,7%, a expectativa é de uma produção 3,5% superior a do ano passado, neste Estado.

SOJA (em grão) – Para a soja em 2011, a produção esperada de 67,6 milhões de toneladas apresenta variação negativa de 1,2% em comparação ao total obtido em 2010. A área a ser colhida aponta um crescimento de 1,5%, enquanto que o rendimento médio esperado registra um decréscimo de 2,8%, sendo respectivamente, 23,7 milhões de hectares e 2.858 kg/ha. Conforme apontado nos prognósticos iniciais a cultura ocupou áreas adicionais, notadamente, áreas anteriormente exploradas com o milho, devido às maiores cotações e maior liquidez da soja. No que se refere ao rendimento, a queda reflete as perspectivas climáticas desfavoráveis, estiagem devido ao fenômeno climático La Niña. Até o momento, a região Sul é a única a registrar diminuição nessa variável (-8,9%).

No Mato Grosso a soja precoce sofreu com a seca durante o plantio, considerando a principal região produtora do Estado que é o médio norte, mas as variedades de ciclo longo, plantadas depois, estão sendo beneficiadas pelas chuvas, principalmente na fase atual que corresponde ao enchimento de grãos. A luminosidade também está boa, portanto a expectativa é de uma colheita bem produtiva. No período do levantamento cerca de 1% da área prevista encontrava-se colhida sendo que essa atividade se intensificará em janeiro e se estenderá até a metade de abril. A área a ser colhida de 6,3 milhões de hectares e a produção esperada de 19,8 milhões de toneladas registram, frente a 2010, crescimento de 1,6% e 5,6%, respectivamente. No Paraná, segundo centro produtor do País, a área a ser colhida de 4,5 milhões de hectares manteve estabilidade (+0,2%). A produção esperada de 13,8 milhões de toneladas encontra-se 2,1% inferior a de 2010, ano em que as condições climáticas foram excepcionais e o rendimento médio de 3.139 kg/ha foi recorde. De qualquer modo, mesmo com o La Niña, o rendimento médio esperado é de 3.066 kg/ha, menor em 2,3% que o de 2010.

1 Em atenção a demandas dos usuários de informação de safra, os levantamentos para Cereais, Leguminosas e Oleaginosas, ora divulgados, foram realizados em estreita colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra, iniciado em outubro de 2007, para as principais lavouras brasileiras.

2 Caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale.

3 O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) é uma pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras dos principais produtos agrícolas, cujas informações são obtidas por intermédio das Comissões Municipais (COMEA) e/ou Regionais (COREA); consolidadas em nível estadual pelos Grupos de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) e posteriormente, avaliadas, em nível nacional, pela Comissão Especial de Planejamento Controle e Avaliação das Estatísticas Agropecuárias (CEPAGRO) constituída por representantes do IBGE e do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA).