Finanças públicas: necessidade de financiamento do governo caiu 12,2% em 2024
26/11/2025 10h00 | Atualizado em 26/11/2025 10h00
Em 2024, a necessidade de financiamento líquida do governo geral foi de R$ 741,3 bilhões, apresentando uma queda de 12,2% em relação a 2023. Esse resultado reflete o crescimento nominal de 12,7% da receita total frente ao aumento de 8,5% da despesa computada nos três níveis de governo. Os dados são das Estatísticas de Finanças Públicas e Conta Intermediária do Governo, elaboradas pelo IBGE em parceria com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e o Banco Central do Brasil.
Na análise dos principais agregados da receita, a arrecadação de impostos cresceu 16,3% e as contribuições sociais 8,2% em 2024.
| Resultado de Operações - Governo Geral | Valores correntes (1 000 000 R$) ( em 31.12) | |||||
|---|---|---|---|---|---|---|
| Governo Central | Governos Estaduais | Governos Municipais | Coluna de Consolidação | Governo Geral | ||
| 1 | Receita | 3.115.782 | 1.526.260 | 1.288.423 | -1.294.245 | 4.636.221 |
| 11 | Impostos | 1.815.210 | 943.658 | 254.546 | 0 | 3.013.414 |
| 12 | Contribuições sociais | 698.492 | 113.855 | 65.945 | 0 | 878.292 |
| 13 | Transferências / Doações | 531 | 349.166 | 866.015 | -1.215.623 | 89 |
| 14 | Outras receitas | 601.548 | 119.581 | 101.917 | -78.621 | 744.425 |
| 1411 | Juros | 289.319 | 20.151 | 38.951 | -78.621 | 269.800 |
| 14x | Demais | 312.229 | 99.430 | 62.966 | 0 | 474.625 |
| 2M | Despesa (2+31) | 3.786.079 | 1.581.727 | 1.303.960 | -1.294.245 | 5.377.521 |
| 2 | Gasto | 3.804.267 | 1.559.390 | 1.229.670 | -1.294.245 | 5.299.083 |
| 21 | Remuneração de empregados | 240.776 | 506.924 | 533.883 | 0 | 1.281.583 |
| 22 | Uso de bens e serviços | 82.274 | 215.190 | 395.378 | 0 | 692.841 |
| 23 | Consumo de capital fixo | 47.595 | 63.051 | 64.237 | 0 | 174.882 |
| 24 | Juros | 937.681 | 102.522 | 10.409 | -78.621 | 971.991 |
| 25 | Subsídios | 17.271 | 3.693 | 12.602 | 0 | 33.566 |
| 26 | Transferências / Doações | 923.696 | 289.362 | 6.171 | -1.215.623 | 3.606 |
| 27 | Benefícios previdenciários e assistenciais | 1.478.224 | 284.911 | 96.843 | 0 | 1.859.978 |
| 28 | Outros gastos | 76.751 | 93.737 | 110.147 | 0 | 280.635 |
| 31 | Investimento líquido | -18.188 | 22.337 | 74.289 | 0 | 78.438 |
| 311 | Ativos fixos | -12.489 | 21.960 | 72.752 | 0 | 82.223 |
| 312 | Estoques | 858 | 377 | 1.548 | 0 | 2.783 |
| 313 | Objetos de valor | 18 | 0 | 0 | 0 | 18 |
| 314 | Ativos não produzidos | -6.576 | 0 | -11 | 0 | -6.587 |
| Capacidade (+)/Necessidade(-) líquida de financiamento (1-2M) | -670.296 | -55.467 | -15.537 | 0 | -741.300 | |
| Capacidade (+)/Necessidade(-) líquida de financiamento primária ((1-1411)-(2M-24)) | -21.934 | 26.904 | -44.079 | 0 | -39.109 | |
Todas as categorias de impostos apresentaram elevação de arrecadação, com destaque para impostos sobre comércio e transações internacionais, cuja elevação de 32,4% se deveu a uma combinação de aumento da alíquota média do Imposto de Importação, da taxa de câmbio e do valor em dólar das importações.
Impostos sobre bens e serviços tiveram aumento de 19,0%, impulsionado pela elevação na arrecadação da COFINS sobre os combustíveis. Impostos sobre renda, lucros e ganhos de capital aumentaram 13,3%, impactados pela Lei 14.754/2023, que estipulou a tributação de fundos de investimento e a atualização de bens e direitos no exterior.
Impostos sobre a propriedade tiveram aumento de arrecadação de 8,8% em 2024, os destaques ficam por conta do aumento do ITCD (imposto sobre Transmissão “Causa Mortis” e Doação) e do ITBI (Imposto sobre Transmissão “Inter Vivos” de Bens Imóveis), com variações positivas de 19,1% e 17,7%, respectivamente. Impostos sobre a folha de pagamento e a mão de obra apresentaram 6,3% de aumento de arrecadação.
Em relação aos outros componentes da receita, contribuições sociais apresentaram variação positiva de 8,2%, enquanto outras receitas cresceram 4,4%, com destaque positivo para a receita de dividendos, com aumento de 38,7%. Por outro lado, outras transferências de capital apresentaram variação negativa de 98,9% em razão da arrecadação atípica de R$ 26 bilhões em recursos abandonados do PIS/Pasep e apropriados pelo Tesouro Nacional em 2023 (Emenda Constitucional 126, de 2022).
Pela ótica da despesa, observa-se que todos os itens agregados tiveram crescimento em 2024. Benefícios previdenciários e assistenciais, item de maior peso, aumentaram 6,0%, com destaque para benefícios assistenciais de idade e invalidez, com 18,2%. Salários e vencimentos e uso de bens e serviços apresentaram aumentos de 9,5% e 13,7%, respectivamente. Cabe ressaltar que o aumento da despesa poderia ter sido ainda mais expressivo não fosse o pagamento de aproximadamente R$ 90 bilhões de precatórios em 2023.
Governo contribui com 13,4% do PIB
Em 2024, o valor adicionado do Governo Geral foi de R$ 1.574,4 bilhões e sua participação no PIB foi de 13,4%, o que representa um decréscimo de 0,2 ponto percentual em relação a 2023.
Municípios elevam participação no Valor Adicionado
Enquanto a esfera federal perdeu 1,6 ponto percentual em participação, passando de 27,2% em 2023 para 25,6% em 2024, a esfera municipal aumentou sua participação na mesma proporção, passando de 36,6% em 2023 para 38,2% em 2024. A esfera estadual manteve sua participação em 36,2%.
Programa Pé-de-Meia impacta gastos com benefícios de assistência social
Item de maior peso na composição dos gastos públicos da Conta Intermediária de Governo, os benefícios sociais aumentaram 6,1%. Benefícios de seguridade social em numerário e outros benefícios de seguro social cresceram 4,9% e 5,3%. Benefícios de assistência social em numerário cresceram 12,1%, impactados pelos gastos com o Fundo de Incentivo à Permanência no Ensino Médio (FIPEM), fundo responsável por financiar o programa federal Pé-de-Meia.
A formação bruta de capital fixo, variável que mede a capacidade produtiva futura do Governo Geral, chegou a R$ 257,1 bilhões em 2024, o que representa um aumento de 19,1% em relação aos gastos de 2023. O destaque ficou por conta da esfera municipal, com 26,8% de aumento, enquanto a União aumentou seus gastos com bens de capital em 17,7%. A esfera estadual reverteu a queda do ano anterior e apresentou 9,1% de aumento em 2024.