PAM 2018: valor da produção agrícola nacional cresce 8,3% e atinge recorde de R$ 343,5 bilhões
05/09/2019 10h00 | Atualizado em 05/09/2019 10h00
Após cair em 2017, o valor da produção agrícola do país cresceu 8,3% em 2018, chegando a R$ 343,5 bilhões e atingindo novo recorde na série histórica iniciada em 1974. A alta foi puxada, principalmente, pelas commodities soja, algodão e café total, que tiveram aumentos de, respectivamente, 13,6%, 52,3% e 22,0%.
A área plantada, no entanto, caiu 0,6%, ficando em 78,5 milhões de hectares, influenciada pela redução de 1,2 milhão de hectares (-6,8%) na área cultivada do milho, devido à falta de chuvas na época do plantio.
A supersafra de grãos de 2017 não foi superada em 2018. Mesmo com os acréscimos de 29,0% na produção de algodão herbáceo (caroço), 43,5% na aveia, 2,8% na soja e 24,8% no trigo; o recuo de 16,0% na produção do milho - equivalente a 15,6 milhões de toneladas - foi fator predominante para o decréscimo de 4,7% no total produzido pelo grupo dos cereais, leguminosas e oleaginosas, que ficou em 227,5 milhões de toneladas.
A soja foi responsável por 37,1% do valor da produção agrícola, mantendo-se no topo do ranking desde 1994, com exceção ao ano de 1996, quando a cana-de-açúcar alcançou a primeira posição. Na sequência, os principais produtos foram a cana (15,2%), o milho (11,0%), o café total (6,6%) e o algodão herbáceo (em caroço) (3,7%).
São Paulo é o estado com maior valor da produção, com 15,5% de participação nacional, seguido de Mato Grosso, que aumentou seu percentual de 13,7% para 14,6%. Bahia e Mato Grosso do Sul também aumentaram seus percentuais na participação nacional, alcançando 5,7% e 5,6%, respectivamente. Esses estados aumentaram, em 2018, a produção de soja e algodão herbáceo, além de serem importantes produtores de milho.
Em relação aos municípios, os maiores valores de produção foram em São Desidério (BA), com R$ 3,6 bilhões; Sapezal (MT), com R$3,3 bilhões; e Sorriso (MT), com R$3,3 bilhões.
A pesquisa da Produção Agrícola Municipal (PAM) 2018 traz informações em nível de municípios sobre a área plantada, área destinada à colheita, área colhida, a quantidade produzida, rendimento médio obtido e valor da produção de 64 produtos agrícolas. Acesse a publicação completa e o material de apoio para mais informações.
Soja, algodão e café atingem recordes de produção e valor da produção
O recorde de R$ 343,5 bilhões do valor da produção da safra 2018 foi puxado pelos aumentos na produção de três importantes commodities brasileiras: a soja, o algodão herbáceo e o café total, que também atingiram recordes nas duas variáveis.
No topo do ranking de valor da produção, a soja teve crescimento de 2,8% na produção e de 13,6% no valor da produção, totalizando 117,9 milhões de toneladas que atingiram R$ 127,5 bilhões. Essa alta dos preços da soja foi influenciada pela briga comercial entre a China e os Estados Unidos e a quebra de safra na Argentina. Foram plantados 34,8 milhões de hectares de soja no país, ou seja, 4,1% do território nacional. Os maiores produtores de soja foram o Mato Grosso, com 26,8% de produção; Paraná (16,1%) e Rio Grande do Sul (14,8%).
O algodão herbáceo (em caroço) teve crescimento de 29,0% na produção, com 5,0 milhões de toneladas. O valor da produção chegou a R$ 12,8 bilhões, uma alta de 52,3%, motivada pelo decréscimo do estoque mundial e pela alta demanda. Com o aumento do preço, os produtores expandiram a área plantada em 23,9%, chegando a 1,2 milhão de hectares, a maior desde 2012. No ranking de valor de produção, o algodão ocupa a 5ª posição. Em relação ao caroço de algodão, o Mato Grosso, com 2,0 milhões de toneladas, e a Bahia, com 761,1 mil toneladas, são os principais produtores do país, responsáveis por mais de 90% da produção.
Em ano de bienalidade positiva (característica fisiológica da espécie arábica, que alterna anos de elevada produção com anos de baixa produção), o café total teve uma produção de 3,6 milhões de toneladas, 32,5% superior ao ano anterior. O valor da produção subiu 22,0%, chegando a R$ 22,6 bilhões e ocupando a 4ª posição no ranking de valor de produção. Do total produzido, 75,0% refere-se ao café arábica (2,7 milhões de toneladas), com valor da produção de R$ 18,1 bilhões. Os principais produtores de café arábica são Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia. Já o café canephora teve uma produção de 889,8 mil toneladas, que chegaram a R$ 4,5 bilhões, e os principais estados produtores são Espírito Santo, Bahia e Rondônia.
Tabela 1 - Área plantada ou destinada à colheita, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio, valor da produção, variação da produção e do valor da produção em relação ao ano anterior, segundo os principais produtos - Brasil - 2018
Principais produtos | Área | Quantidade produzida (t) | Rendimento médio (kg/ha) | Valor (1 000 R$) | Variação (%) | Participação no total do valor da produção nacional (%) | ||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Plantada ou destinada à colheita (ha) | Área colhida (ha) | Da produção em relação ao ano anterior | Do valor da produção em relação ao ano anterior | |||||
Total | 78 502 422 | 77 821 132 | .. | .. | 343 501 004 | 8,3 | 100,0 | |
Soja (em grão) | 34 831 743 | 34 771 690 | 117 887 672 | 3 390 | 127 549 867 | 2,8 | 13,6 | 37,1 |
Cana-de-açúcar(1) | 10 063 739 | 10 042 199 | 746 828 157 | 74 369 | 52 238 542 | (-)1,6 | (-)3,0 | 15,2 |
Milho (em grão) | 16 538 551 | 16 121 147 | 82 288 298 | 5 104 | 37 644 731 | (-)16,0 | 14,1 | 11,0 |
Café Total (em grão) | 1 869 437 | 1 866 225 | 3 556 638 | 1 906 | 22 623 368 | 32,5 | 22,0 | 6,6 |
Arábica | 1 474 501 | 1 471 351 | 2 666 882 | 1 813 | 18 079 942 | 30,6 | 24,3 | 5,3 |
Canephora | 394 936 | 394 874 | 889 756 | 2 253 | 4 543 426 | 38,5 | 13,6 | 1,3 |
Algodão herbáceo (em caroço) | 1 150 026 | 1 150 014 | 4 956 044 | 4 310 | 12 790 580 | 29,0 | 52,3 | 3,7 |
Mandioca | 1 222 019 | 1 205 413 | 17 644 733 | 14 638 | 9 718 965 | (-)4,6 | (-)11,7 | 2,8 |
Laranja | 595 268 | 589 139 | 16 713 534 | 28 369 | 9 450 570 | (-)4,5 | 10,2 | 2,8 |
Arroz (em casca) | 1 865 501 | 1 861 313 | 11 749 192 | 6 312 | 8 650 626 | (-)5,7 | (-)11,3 | 2,5 |
Banana (cacho) | 451 445 | 449 284 | 6 752 171 | 15 029 | 6 975 536 | 2,5 | (-)12,0 | 2,0 |
Fumo (em folha) | 361 319 | 356 477 | 762 266 | 2 138 | 6 510 625 | (-)11,9 | (-)5,9 | 1,9 |
Feijão (em grão) | 2 948 606 | 2 837 697 | 2 915 030 | 1 027 | 5 693 442 | (-)4,3 | (-)18,2 | 1,7 |
Tomate | 57 166 | 57 134 | 4 110 242 | 71 940 | 5 088 543 | (-)2,7 | 16,9 | 1,5 |
Trigo (em grão) | 2 075 180 | 2 065 254 | 5 418 711 | 2 624 | 3 794 297 | 24,8 | 61,1 | 1,1 |
Batata-inglesa | 119 117 | 118 297 | 3 688 029 | 31 176 | 3 365 241 | 0,9 | 13,0 | 1,0 |
Açaí | 198 679 | 198 497 | 1 510 022 | 7 607 | 3 265 513 | 13,1 | (-)5,9 | 1,0 |
Outros | 4 154 626 | 4 131 352 | .. | .. | 28 140 558 | .. | .. | 8,2 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal 2018. (1) A área plantada refere-se a área destinada à colheita no ano. |
Seca afeta produção de milho e eleva preços do cereal
A seca afetou a produção de milho e a safra de 2018 foi 16,0% inferior à de 2017 – o equivalente a 15,6 milhões de toneladas –, ficando em 82,3 milhões de toneladas. Com a menor oferta nacional e internacional, já que a Argentina também sofreu problemas climáticos, o valor da produção chegou a R$ 37,6 bilhões, um aumento de 14,1%.
As condições climáticas adversas causaram perdas de produção no Rio Grande do Sul (-24,8%), Paraná (-27,3%), Mato Grosso do Sul (-24,3%), Mato Grosso (-12,6%) e Goiás (-10,6%). Dentre os 10 maiores estados produtores de milho, apenas Bahia e Piauí apresentaram acréscimo de produção, com altas de 18,3% e 5,5%, respectivamente.
Os 20 maiores municípios produtores de milho estão na região Centro-Oeste e juntos foram responsáveis por 24,1% de toda a produção nacional. Os principais estados produtores são Mato Grosso, Paraná e Goiás.
Safra de grãos cai 4,7% em 2018
A supersafra de grãos de 2017 não foi superada em 2018. Impactada pela redução da produção de milho, a safra de grãos caiu 4,7% em 2018, ficando em 227,5 milhões de toneladas. O valor da produção para esse grupo, no entanto, foi recorde, ficando em R$ 198,6 bilhões.
Dos cereais de inverno (aveia, centeio, cevada, trigo e triticale), apenas o triticale teve redução de produção. Já em termos de valor da produção, todos tiveram acréscimo. O motivo para a alta de preços foi a redução da produção desses itens em seus principais países produtores, especialmente o trigo russo, devido a problemas climáticos.
No Brasil, foram produzidos 5,4 milhões de toneladas de trigo, alta de 24,8%. O valor da produção foi de R$ 3,8 bilhões, acréscimo de 61,1%, sendo o maior preço pago na tonelada desde a criação do Plano Real.
Paraná foi o recordista em produção de cereais de inverno, colhendo 3,3 milhões de toneladas, com valor de produção de 2,4 bilhões de reais, sendo o trigo o produto de maior produção, deste grupo, no estado.
Tabela 2 - Área plantada, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor de produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, em ordem decrescente de valor da produção, segundo os principais produtos de valor de produção - Brasil - 2018
Principais produtos | Área | Quantidade produzida (t) |
Rendimento médio (kg/ha) |
Valor (1 000 R$) |
Variação (%) | ||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Plantada (ha) | Colhida (ha) | Da produção em relação ao ano anterior | Do valor da produção em relação ao ano anterior | ||||
Total | 61.050.995 | 60.439.329 | 227.537.896 | ... | 198.587.485 | -4,7 | 13,6 |
Soja (em grão) | 34.831.743 | 34.771.690 | 117.887.672 | 3.390 | 127.549.867 | 2,8 | 13,6 |
Milho (em grão) | 16.538.551 | 16.121.147 | 82.288.298 | 5.104 | 37.644.731 | -16,0 | 14,1 |
Algodão herbáceo (caroço de algodão) (1) | 1.150.026 | 1.150.014 | 3.023.187 | 2.629 | 12.790.580 | 29,0 | 52,3 |
Arroz (em casca) | 1.865.501 | 1.861.313 | 11.749.192 | 6.312 | 8.650.626 | -5,7 | -11,3 |
Feijão (em grão) | 2.948.606 | 2.837.697 | 2.915.030 | 1.027 | 5.693.442 | -4,3 | -18,2 |
Trigo (em grão) | 2.075.180 | 2.065.254 | 5.418.711 | 2.624 | 3.794.297 | 24,8 | 61,1 |
Amendoim (em casca) | 151.865 | 151.832 | 563.347 | 3.710 | 881.340 | 3,0 | -5,2 |
Sorgo (em grão) | 794.550 | 793.575 | 2.272.939 | 2.864 | 751.858 | 2,2 | 24,7 |
Aveia (em grão) | 441.956 | 436.842 | 897.805 | 2.055 | 368.773 | 43,5 | 66,6 |
Cevada (em grão) | 101.370 | 101.370 | 330.374 | 3.259 | 254.088 | 9,1 | 53,0 |
Girassol (em grão) | 84.829 | 84.582 | 135.872 | 1.606 | 151.098 | 30,5 | 36,6 |
Mamona (baga) | 48.825 | 46.075 | 14.224 | 309 | 35.047 | 5,5 | 15,1 |
Triticale (em grão) | 13.046 | 13.041 | 32.948 | 2.526 | 16.083 | -9,5 | 17,2 |
Centeio (em grão) | 4.947 | 4.897 | 8.297 | 1.694 | 5.655 | 9,5 | 42,6 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal 2018. (1) A produção da lavoura de algodão foi computada em caroço de algodão, utilizando-se o fator médio de conversão de 61%. No caso do valor da produção, a informação refere-se ao caroço mais a fibra ( algodão em caroço). |
Região Centro-Oeste, estado de São Paulo e município de São Desidério (BA) têm os maiores valores de produção
Com R$ 95,9 bilhões, a região Centro-Oeste alcançou o maior valor de produção. Em todas as grandes regiões, o principal produto foi a soja, com exceção da região Sudeste, que tem a cana-de-açúcar como principal lavoura.
São Paulo é o estado com maior valor da produção, com 15,5% de participação nacional, seguido de Mato Grosso, que aumentou seu percentual de 13,7% para 14,6%, Bahia (5,7%) e Mato Grosso do Sul (5,6%). Esses estados aumentaram, em 2018, a produção de soja e algodão herbáceo, além de serem importantes produtores de milho.
Em relação aos municípios, o maior valor de produção foi em São Desidério (BA), que saiu da 3ª para 1 ª posição, com R$ 3,6 bilhões. Os produtos mais importantes do município são a soja, o algodão e o milho.
Sapezal (MT), com R$3,3 bilhões, se manteve na segunda colocação entre os municípios, sendo o algodão, a soja e o milho os principais produtos cultivamos.
Já o município de Sorriso (MT), com R$3,3 milhões, caiu da primeira para a terceira posição, tendo a soja, o milho e o algodão como principais produtos.