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Valor da produção agrícola bate recorde com safra e área colhida menores em 2018
05/09/2019 10h00 | Atualizado em 05/09/2019 10h16
O valor da produção agrícola brasileira bateu recorde em 2018, atingindo R$ 343,5 bilhões, uma alta de 8,3% em relação a 2017. Esse cenário foi impulsionado pelo aumento nos preços de commodities como soja (13,6%), algodão (52,3%) e café (22%), num ano em que a safra de grãos caiu 4,7% e a área colhida, 0,5%.
A supervisora da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) 2018, divulgada hoje pelo IBGE, Larissa Leone, explica que, com exceção do café, o contexto internacional teve papel decisivo na alta dos outros dois produtos.
“Na soja, o que alavancou os preços foi o mercado internacional, influenciado pela briga comercial entre Estados Unidos e China”, explica.
Segundo ela, houve um processo de tarifação envolvendo os dois países. Com isso, a China tarifou a soja que era importada dos EUA, fazendo com que os compradores chineses buscassem outros países para trazer um produto mais barato.
“Isso, somado à quebra de safra na Argentina, o principal concorrente sul-americano do Brasil, potencializou o país como principal exportador mundial”, acrescenta a supervisora.
No caso da alta do algodão, houve maior demanda chinesa pelo produto e uma redução do estoque mundial. Já o café foi influenciado não só pelo preço, mas principalmente pela produção, que aumentou por conta do bom clima e da bienalidade positiva, fenômeno que faz com a produtividade seja maior em um ano e menor no ano seguinte.
Quebra de safra do milho mantém preços elevados
A supersafra de grãos de 2017 não foi superada em 2018. Mesmo com os acréscimos de 29% na produção de algodão herbáceo (caroço), 43,5% na aveia, 2,8% na soja e 24,8% no trigo, o recuo de 16% na produção do milho - equivalente a 15,6 milhões de toneladas - foi fator predominante para o decréscimo de 4,7% no total produzido pelo grupo dos cereais, leguminosas e oleaginosas, que ficou em 227,5 milhões de toneladas.
O gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, esclarece que, apesar da queda significativa na produção de milho, o valor da produção foi bem mais alto que o ano anterior (14,1%).
“A gente teve recorde de soja, recorde de café e queda no milho. Se você olhar o valor de produção do milho, ele está mais alto que em 2017. O preço foi lá para cima. A gente teve queda aqui, queda na Argentina. Então, faltando milho no mercado, o preço subiu bastante”, diz.
Soja é o principal produto em quatro das cinco grandes regiões
Com R$ 95,9 bilhões, a região Centro-Oeste alcançou o maior valor de produção. Em todas as grandes regiões, o principal produto foi a soja, com exceção da região Sudeste, que tem a cana-de-açúcar como destaque na lavoura.
São Paulo é o estado com maior valor da produção, com 15,5% de participação nacional, seguido de Mato Grosso, que aumentou seu percentual de 13,7% para 14,6%, Bahia (5,7%) e Mato Grosso do Sul (5,6%). Esses estados aumentaram, em 2018, a produção de soja e algodão herbáceo, além de serem importantes produtores de milho.
Em relação aos municípios, o maior valor de produção foi em São Desidério (BA), que saiu da terceira para primeira posição, com R$ 3,6 bilhões. Os produtos mais importantes do município são a soja, o algodão e o milho.