PIB dos Municípios 2016: Semiárido responde por 5,1% do PIB do país
14/12/2018 10h00 | Atualizado em 14/12/2018 14h10
Entre 2002 e 2016, a participação conjunta dos municípios do Semiárido no PIB nacional passou de 4,5% para 5,1%, e a dos municípios que formam a Amazônia Legal foi de 6,9% para 8,6%. Esta é a primeira vez que o IBGE agrega análise geográfica ao PIB dos Municípios, permitindo a análise de diferentes recortes e de suas interações econômicas. Os diversos mapas desse estudo estão disponíveis na Plataforma Geográfica Interativa de IBGE.
Em 2016, entre os 5.570 municípios do país, os 1.456 que eram predominantemente urbanos responderam por 87,5% do PIB brasileiro. No Sudeste, os 625 municípios com esta caraterística responderam por metade do PIB nacional.
Seis municípios concentravam cerca de 25% do PIB do país: São Paulo (SP), com 11,0%, Rio de Janeiro (RJ), com 5,3%, Brasília (DF), com 3,8%, Belo Horizonte (MG), com 1,4%, Curitiba (PR), com 1,3% e Osasco (SP), com 1,2%.
Osasco, único município que não é capital entre os seis com maiores participações no PIB brasileiro, foi da 16ª para a sexta posição entre 2002 e 2016, principalmente devido às atividades de comércio, serviços de informação e atividades financeiras.
Os 1.318 municípios com os menores PIBs responderam por cerca de 1,0% do PIB e por 3,1% da população brasileira. Já os cem maiores PIBs municipais representavam 56,0% do PIB ante uma participação de 60,0% em 2002. Apenas as capitais de três estados da Região Norte não pertenciam a este grupo: Rio Branco (AC), Boa Vista (RR) e Palmas (TO).
Os maiores ganhos de participação no PIB entre 2015 e 2016 foram de Gentio do Ouro e Tabocas do Brejo Velho, ambos na Bahia. O primeiro estava construindo um complexo eólico e o segundo, instalações de geração solar.
A administração pública era a principal atividade econômica em 3.062 municípios, ou 55,0% do total, em 2016.
Cinco dos dez maiores PIBs per capita em 2016 eram de municípios paulistas.
A publicação completa e o material de apoio do PIB dos Municípios 2016 estão à direita.
Osasco passa da 16ª para a sexta maior economia municipal entre 2002 e 2016
Entre os seis municípios com maior participação no PIB nacional — São Paulo (SP), com 11,0%, Rio de Janeiro (RJ) com 5,3%, Brasília (DF) com 3,8%, Belo Horizonte (MG) com 1,4%, Curitiba (PR) com 1,3% e Osasco (SP) com 1,2% — apenas Osasco mudou sua posição ao longo da série histórica, saindo da 16ª posição em 2002 para a sexta em 2016. As atividades que mais contribuíram para esse ganho foram comércio, serviços de informação e atividades financeiras. Com isso, o município ultrapassou Porto Alegre e Manaus, que ocupavam a sexta e a sétima posições, respectivamente, em 2015.
Os cem maiores PIBs municipais somam 56,0% do PIB nacional em 2016
Em 2002, 1.383 municípios correspondiam a 1,0% do PIB e somavam 3,7% da população. Já em 2016, os 1.318 municípios de menores PIBs respondiam por cerca de 1,0% do PIB e por 3,1% da população brasileira. Entre estes municípios, os que estão no Piauí (161), Paraíba (132), Tocantins (72) e Rio Grande do Norte (82), representam cerca de 50% dos municípios do respectivo estado.
Por outro lado, os cem maiores PIBs municipais brasileiros representavam, em 2016, 56,0% do PIB nacional ante uma participação de 60,0% em 2002. Apenas as capitais de três estados da Região Norte não pertenciam a este grupo: Rio Branco (AC), Boa Vista (RR) e Palmas (TO).
Entre 2002 e 2016, na distribuição por Grande Região, estes cem municípios também perderam participação em relação ao PIB de suas regiões. E, em termos de número de municípios, apenas o Sudeste e Sul apresentaram queda entre 2002 e 2016.
Excluindo-se os municípios das capitais, os cem maiores PIBs também perderam participação no PIB do Brasil no período estudado, de 27,1% para 26,4%. Porém, apenas no Sudeste e no Sul estes municípios perderam participação no total da respectiva região, enquanto nas demais regiões houve ganho de participação. O Norte, que em 2002, não tinha nenhum representante entre os cem maiores PIBs, passou a contar com um município em 2016: Parauapebas (PA), com 0,2% do PIB brasileiro.
Os municípios das capitais representavam, em 2016, cerca de 1/3 do PIB nacional. Enquanto São Paulo (SP), com 11,0%, ocupava a primeira posição em termos de contribuição ao PIB do País, Palmas (TO) ocupava a última posição e representava 0,1%.
Na comparação entre 2002 e 2016, em todas as regiões o número de municípios que somavam até ¼ da economia foi ampliado, com exceção do Sudeste, onde só o município de São Paulo (SP) estava nessa faixa, apesar de ter reduzido sua participação na região de 22,1%, em 2002, para 20,6%, em 2016.
Energia sustentável e silvicultura favorecem quatro municípios entre 2015 e 2016
Os maiores e menores avanços de posição relativa na participação do PIB nacional são de municípios com pequena participação no PIB do País, geralmente 0,0%, e estavam acima da 2.200ª posição em 2015.
O município de Gentio do Ouro (BA) apresentou o maior avanço (da 4.496ª posição em 2015 para a 2.491ª em 2016), por conta da indústria de máquinas e equipamentos para a construção de complexo eólico. Tabocas do Brejo Velho (BA), segundo colocado no mesmo quesito, avançou da 3.986ª para a 2.432ª posição, principalmente, devido ao aumento da arrecadação de imposto de importação de equipamentos para geração solar. Na terceira e na quarta posição, os municípios mineiros de Olhos d’Água e Estrela do Sul tiveram ganhos relacionados à silvicultura.
São Paulo e Rio de Janeiro perdem participação no PIB entre 2002 e 2016
Em 2002, os municípios de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) somavam 19,0% do PIB do Brasil e, em 2016, 16,2%. A queda de participação distribuiu-se entre atividades da indústria e dos serviços. A seguir, as maiores perdas de participação foram de 0,5 ponto percentual em Campos dos Goytacazes (RJ) e de -0,3 p.p. em São Bernardo do Campo (SP) e São José dos Campos (SP).
Já o maior ganho foi de Osasco (SP), com 0,4 p.p., graças às atividades de comércio, serviços de informação e atividades financeiras. Em segundo lugar, Itajaí (SC) ganhou 0,2 p.p. e passou a participar com 0,3% do PIB do Brasil em 2016, em razão do ganho relativo nos Serviços e na indústria de automóveis. Em seguida, Uberlândia (MG) e Jundiaí (SP) avançaram 0,1 p.p. cada, devido aos ganhos da indústria de transformação e do comércio, respectivamente.
Administração pública predomina na economia de 55,0% dos municípios
A principal atividade econômica em 55,0% dos municípios brasileiros, ou 3.062 municípios, era a Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social. Mais de 90,0% dos municípios de Roraima, Paraíba, Piauí, Sergipe, Amapá e Rio Grande do Norte tinham esse perfil. No outro extremo, os estados da Região Sul tinham cerca de 11,0% com essa característica.
Excluindo-se a administração pública, a Agropecuária era a atividade predominante em 57,6% dos municípios (3.209). Já em 25,4% (1.416), a atividade com maior peso era Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas ou os Demais Serviços. em 945 municípios, 17,0% do total, alguma atividade industrial era a mais expressiva. Comparando-se com 2002, 71,8% dos municípios mantiveram o perfil econômico.
Cinco dos dez municípios com maior PIB per capita estão em São Paulo
Os dez municípios com o maior PIB per capita no país em 2016 se caracterizavam pela baixa densidade demográfica, somando 1,2% do PIB e 0,1% da população. Paulínia (SP) foi o município com o maior PIB per capita em 2016, com R$ 314.638,69, graças à sua atividade de refino de petróleo. Em segundo lugar, ficou Selvíria (MS), com R$ 306.139,63 devido à geração de energia hidrelétrica.
Municípios com os maiores PIB per capita e principal atividade econômica - 2016 | |||
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Município | Unidade da Federação | PIB per capita (R$) | Principal atividade econômica |
Paulínia | São Paulo | 314.637,69 | refino de petróleo |
Selvíria | Mato Grosso do Sul | 306.138,63 | energia hidrelétrica |
São Francisco do Conde | Bahia | 296.459,35 | refino de petróleo |
Triunfo | Rio Grande do Sul | 289.932,05 | indústria petroquímica |
Brejo Alegre | São Paulo | 274.572,12 | indústria de biocombustíveis |
Sebastianópolis do Sul | São Paulo | 253.147,24 | indústria de biocombustíveis |
Louveira | São Paulo | 250.827,01 | comércio atacadista |
Campos de Júlio | Mato Grosso | 202.309,42 | agropecuária |
Meridiano | São Paulo | 184.602,58 | indústria de biocombustíveis |
Extrema | Minas Gerais | 183.218,05 | indústria de transformação |
Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias estaduais de Governo e Superintendencia da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA |
Entre os Municípios das Capitais, Brasília (DF), com R$ 79.099,77, ocupou a primeira posição em relação ao PIB per capita em 2016, enquanto Macapá (AP) foi a capital que ocupou a menor posição (R$ 19.935,32).
Análise geográfica mostra dinâmica na concentração do PIB dos municípios
A análise geográfica do PIB em 2016 mostrou que, nas regiões geográficas imediatas (conjuntos de municípios próximos em que um ou mais servem como polo e os demais como entorno), os municípios polo (que atraem para si os moradores dos municípios à sua volta, para a realização das mais diversas atividades econômicas e sociais) concentravam 58,9% do PIB nacional.
Entre 2002 e 2016, nas áreas de maior PIB e população – como São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro – os municípios polo perderam participação se comparados aos do entorno, enquanto nas áreas de menor PIB – como a Região do Semiárido – ocorreu o inverso, os municípios polo ganharam participação em detrimento dos do entorno.
Na comparação entre as áreas urbanas e rurais, os 1.456 municípios predominantemente urbanos (26,1% do total) respondiam por 87,5% do PIB brasileiro. Apenas os 625 municípios predominantemente urbanos da Região Sudeste (11,2% do total) respondiam por metade do PIB nacional.
Na Cidade-Região de São Paulo 140 municípios respondem por 26,0% do PIB
A chamada Cidade-Região de São Paulo – a região de urbanização quase contínua que se estende desde Santos até Piracicaba, e desde Sorocaba até Pindamonhangaba, reunindo 140 municípios fortemente interligados e polarizados pelo município de São Paulo – concentrava, em 2016, 26,0% do PIB do país, contra 28,2% em 2002. Em média, um quilômetro quadrado de território na Cidade-Região de São Paulo produzia 68 vezes mais do que um quilômetro quadrado no restante do Brasil.
Amazônia Legal e Semiárido ganharam participação de 2002 a 2016
A Amazônia Legal (que abrange totalmente os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, e ainda parte do Maranhão) e o Semiárido (composto por 1.262 municípios dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais) aumentaram sua participação no PIB nacional. Entre 2002 e 2016, o Semiárido foi de 4,5% para 5,1% e a Amazônia Legal passou de 6,9% em 2002 para 8,6%. Cabe ressaltar que os números da Amazônia Legal se referem a atividade econômicas diversificadas como o agronegócio no Mato Grosso, a indústria de transformação na Zona Franca de Manaus, a indústria extrativa mineral e pecuária no Pará.
Em 2002, a Amazônia Legal respondia por 14,8% da Agropecuária nacional, passando a 21,0% em 2016. No setor de serviços (exceto a administração pública), a participação da região cresceu de 5,5% para 6,6% no período. Nessa última atividade, o Semiárido também ganhou participação, de 3,2% para 4,1%.
Metrópoles concentraram riqueza, mas perderam participação no PIB entre 2002 e 2016
Quando o PIB municipal é analisado pela ótica da hierarquia urbana, constata-se que quanto maior a hierarquia, maior a riqueza. No conjunto das 12 metrópoles brasileiras (177 municípios) o PIB per capita foi em, 2002, 2,6 vezes maior do que no conjunto dos centros locais (4.479 pequenos municípios). Esta diferença caiu para 2,2 vezes em 2016. A participação do PIB brasileira das metrópoles caiu de 47,3% em 2002 para 44,6% em 2016, enquanto nos centros locais os números subiram de 15,8% para 17,1%.
São Paulo foi a concentração urbana que mais perdeu participação no PIB de 2002 a 2016
Considerando as grandes concentrações urbanas (espaços urbanos quase contínuos que podem ser formados por um ou vários municípios, com mais de 750 mil habitantes), as maiores perdas de participação no PIB brasileiro entre 2002 e 2016 foram de São Paulo (-2 p.p.) e Rio de Janeiro (- 1 p.p.) e São José dos Campos (- 0,44 p.p.). Os maiores ganhos de participação ocorreram em Jundiaí (+ 0,34 p.p.), Brasília (+0,18 p.p.), Fortaleza (+0,15 p.p.) e Goiânia (+0,13 p.p.).
Nas Concentrações urbanas entre 100 mil e 750 mil habitantes as maiores perdas de participação no PIB entre 2002 e 2016 foram de Campos dos Goitacazes (-0,52 p.p.), Macaé-Rio das Ostras (-0,28 p.p.), Volta Redonda-Barra Mansa (-0,16 p.p.) e Ipatinga (- 0,12 p.p.) Os maiores ganhos de participação foram de Itajaí – Balneário de Camboriú (+0,25 p.p.), Uberlândia (+0,16 p.p.), Paraopebas (+0,11 p.p.) e Maringá (+0,09 p.p.).