Nas concentrações urbanas brasileiras, 61,9% dos moradores viviam em áreas com boas e médias condições de vida
20/12/2017 10h00 | Atualizado em 10/04/2018 08h51
A maior parcela da população que vivia em concentrações urbanas, em 2010, morava em lugares com boas e médias condições de vida, abrangendo 58,5 milhões de pessoas (ou 61,9%) das 94,6 milhões que viviam em áreas urbanas. Essa é uma das conclusões da análise espacial de diferentes aspectos socioeconômicos captados no Censo Demográfico de 2010, na publicação Tipologia Intraurbana - Espaços de diferenciação socioeconômica nas concentrações urbanas do Brasil. Essa análise conjuga informações sobre saneamento, densidade de moradores por domicílio, rendimento, escolaridade, razão de dependência, revestimento das moradias e a presença de alguns bens duráveis, classificando as parcelas intraurbanas em 11 diferentes níveis de condições de vida, variando desde as boas condições até as precárias.
Entre as grandes regiões, as maiores proporções de população urbana em boas e médias condições de vida estava no Sul (72,2%).
A publicação traz um conjunto de cartogramas e textos de análise, mas também está disponível na plataforma digital, com mapas interativos.
A publicação Tipologia Intraurbana classifica 11 tipos de condições de vida (de A – melhores – a K – precárias) para cada uma das 65 concentrações urbanas com população acima de 300 mil habitantes, diferenciando as partes das áreas urbanas. Ao todo são 435 municípios analisados, onde vivia metade da população (94,6 milhões de pessoas) do país em 2010. Cada concentração urbana geralmente é formada por mais de um município.
Os 11 níveis de condições de vida foram definidos a partir das características de acesso ao abastecimento de água, ao esgotamento sanitário e a coleta de lixo; número médio de moradores por cômodo servindo de dormitório; rendimento domiciliar per capita; nível de escolaridade; razão de dependência de menores de 15 anos; material de construção e revestimento externo dos domicílios; e domicílios com presença de máquina de lavar e computador com acesso à internet.
As diferentes condições de vida nas concentrações urbanas brasileiras
A tabela abaixo enumera os contingentes e percentuais de população que viviam nas condições segundo as 11 classificações, além das áreas do território que elas ocupam. A maior parte da população (61,9% ou 58,5 milhões de pessoas) estava em áreas com boas e médias condições de vida (tipos A ao F).
O Sul possuía a maior parcela da população (72,2%) com boas e médias condições de vida (A ao F). Entre os tipos mais ricos (A e B), o Centro-Oeste é o que tinha o maior percentual de população nessa condição (7,1% ou 507 mil pessoas). Em termos absolutos, o Sudeste possuía a maior quantidade de pessoas em áreas ricas (2,3 milhões ou 4,6%).
A maior proporção de população em áreas urbanas em piores condições de vida (nas categorias G ao K) estava no Nordeste (59,9%), seguida pelo Norte (56,3%), região que apresentou a maior proporção de pessoas em domicílios com baixíssimas ou precárias condições de vida (35,4%).
O Norte e o Nordeste apresentavam padrões próprios. O primeiro tinha como característica um elevado percentual da população concentrada no tipo F (37,0%), seguido do tipo J (25,6%). Já o Nordeste reunia no tipo G a maior parcela de pessoas (34,1%), seguido dos tipos H e F, com 18,2% e 17,7%, respectivamente.
Entre as maiores concentrações urbanas, destaca-se Brasília, com maior participação de população que residia em áreas ricas (13,1% nos tipos A e B ou 425.801 pessoas). A capital federal tinha, ainda, o maior território de áreas ricas (199,7 Km² ou 30% de sua área urbanizada) entre as concentrações urbanas do país, notadamente representado pelo plano piloto. São Paulo, apesar de figurar com percentual menor de população em áreas ricas (5,1%), tinha o maior quantitativo de pessoas vivendo nestas áreas (982.927 pessoas), concentradas notadamente na área do Centro Expandido. No Rio de janeiro as áreas mais ricas reuniam 878.320 pessoas (7,3%) e localizavam-se prioritariamente nas áreas litorâneas.
Entre as maiores concentrações urbanas, Belém (28,5% ou 570.439 pessoas) e Manaus (28,3% ou 508.352) concentravam o maior percentual de população em áreas com baixíssimas ou precárias condições de vida (tipos I, J e K). Ainda em relação às 15 maiores concentrações urbanas, todas elas, com exceção de Belém, Fortaleza e Recife, apresentavam mais da metade da população vivendo em áreas com boas ou médias condições de vida (Tipos A ao F). A publicação possui 65 mapas de concentrações urbanas do país, com mais 12 mapas detalhados das 12 principais metrópoles brasileiras. Abaixo, como exemplo, o mapa de São Paulo.