Em áreas urbanas, 38,1% da população viviam em más condições de vida
20/12/2017 10h00 | Atualizado em 10/02/2020 10h08
Em 2010, 36,1 milhões de pessoas (38,1%) viviam em áreas urbanas em condições de vida baixas, baixíssimas ou precárias no país. Entre as grandes regiões, os maiores percentuais de habitantes nessas condições estavam no Norte (56,3%) e no Nordeste (59,9%). Em condições precárias, os piores resultados nas capitais foram em São Luís (15,8%), Boa Vista (8,3%) e Macapá (7,7%).
As informações estão na Tipologia Intraurbana - Espaços de diferenciação socioeconômica nas concentrações urbanas do Brasil, publicação divulgada hoje pelo IBGE. O estudo classifica 11 diferentes níveis de condições de vida (de A – melhores – a K – precárias) em áreas urbanas acima de 300 mil habitantes de 435 municípios, onde vivia metade da população (94,6 milhões de pessoas) em 2010.
Para fazer a classificação, foram considerados aspectos como saneamento, densidade de moradores por domicílio, rendimento, escolaridade, razão de dependência (relação entre jovens e idosos), revestimento das moradias e a presença de máquina de lavar e computador com acesso à internet nos domicílios.
O Sul possuía a maior parcela da população (72,2%) com boas e médias condições de vida (A ao F). Entre os tipos mais ricos (A e B), o Centro-Oeste é o que tinha o maior percentual de população nessa condição (7,1% ou 507 mil pessoas). Em termos absolutos, o Sudeste possuía a maior quantidade de pessoas em áreas ricas (2,3 milhões ou 4,6%).
Entre as maiores concentrações urbanas, Brasília tem a maior participação de população que residia em áreas ricas (13,1% nos tipos A e B ou 425,8 mil pessoas). No Rio de janeiro, as áreas mais ricas reuniam 878,3 mil pessoas (7,3%).
Nas concentrações urbanas acima de 2,5 milhões de habitantes foram identificados alguns padrões na distribuição das condições de vida. “No Rio, por exemplo, vimos que as condições pioram conforme nos afastamos do litoral. Em Brasília, o planejamento e o relevo não impediram a concentração de áreas ricas, em especial no plano piloto e às margens do Lago Paranoá”, explica o pesquisador do IBGE, Maurício Gonçalves e Silva.
De acordo com o pesquisador, é a primeira vez que o IBGE fez a associação da delimitação das manchas urbanizadas com a identificação das condições de vida: “Essa leitura contribui para a previsão de diversos impactos, como os da mobilidade, ao mesmo tempo que subsidia estratégias de localização para os setores público e privado”. Para efeitos de comparação, a publicação será atualizada após o Censo 2020.