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PNAD Contínua 2016: 90,6% das mulheres e 74,1% dos homens realizaram afazeres domésticos ou cuidados de pessoas

07/12/2017 10h00 | Atualizado em 07/12/2017 18h04

Em 2016, das 166,7 milhões de pessoas de 14 anos ou mais de idade no país, 10,5 milhões (6,3%) realizaram algum tipo de trabalho na produção de bens para próprio consumo; 44,9 milhões (26,9%) realizaram cuidado de pessoas; 135,5 milhões (81,3%) realizaram afazeres domésticos e 6,5 milhões (3,9%) fizeram trabalho voluntário.

Das pessoas que trabalharam na produção de bens para uso exclusivo de moradores do domicílio ou de parentes não moradores, 77,6% faziam cultivo, pesca, caça e criação de animais. A segunda atividade mais citada foi a produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material (17,3%), seguida por fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos (11,6%) e por construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras (7,0%).

Em 2016, 32,4% das mulheres em idade de trabalhar realizaram atividades de cuidado de moradores do domicílio ou de parentes não moradores. Entre os homens esta proporção era de 21,0%. No recorte por idade, 43,8% das mulheres entre 25 e 49 anos haviam realizado atividades de cuidados, enquanto apenas 29,6% dos homens desta faixa haviam se dedicado a tais atividades. Entre os homens de 14 a 24 anos, a taxa de realização de cuidados era de 15,1% e a das mulheres era de 29,5%.

Em 2016, 81,3% da população (135,5 milhões de pessoas) de 14 anos ou mais de idade tinha realizado afazeres domésticos no domicílio ou em domicílio de parente. Enquanto 89,8% das mulheres realizaram tais atividades, a proporção masculina era de 71,9%.

No Brasil, 6,5 milhões de pessoas realizaram trabalho voluntário em 2016, correspondendo a 3,9% da população de 14 anos ou mais de idade. As Regiões Norte (5,6%) e Sul (5,0%) apresentaram as maiores taxas de realização de trabalho voluntário, enquanto no Nordeste (3,0%) foi observada a menor.

Das 6,5 milhões de pessoas que realizaram trabalho voluntário, 6,0 milhões (91,5%) fizeram através de empresa/organização/instituição. Em relação à situação na ocupação, 4,2% dos ocupados realizavam trabalho voluntário, contra 3,6% entre os não ocupados.

Estes são alguns dos destaques do módulo Outras formas de trabalho da PNAD Contínua 2016, que investigou pessoas de 14 anos ou mais de idade que realizaram alguma destas atividades por pelo menos uma hora na semana de referência. Acesse aqui as informações do módulo da PNAD Contínua sobre Outras formas de trabalho.

Homens de 50 anos ou mais predominam na produção para próprio consumo

Dentre as 10,5 milhões de pessoas que realizaram algum tipo de trabalho para próprio consumo, os homens eram maioria (51,9% ou 5,5 milhões de pessoas) em relação às mulheres. Quanto maior a faixa etária, maior foi a taxa de realização desse tipo de trabalho.

Na análise por cor ou raça, verificou-se que as maiores taxas de realização de produção para o próprio consumo estavam entre pessoas pardas e pretas: 8,3% dos homens pardos, 6,7% dos pretos e 5,4% dos brancos haviam realizado essas atividades e, para as mulheres, as taxas de realização foram de 6,8%, 6,5% e 4,7%, respectivamente.

Nas regiões Norte e Nordeste, as taxas para pessoas pretas e pardas alcançaram patamares de 10% enquanto, entre as pessoas brancas, ficou em torno de 7%. As regiões Sudeste e Centro-Oeste registraram taxas inferiores a 5%, independentemente da cor ou raça declarada. Já na Região Sul, pessoas brancas e pardas apresentam uma taxa de realização similar, atingindo cerca de 8% em 2016, e superior àquela realizada entre as pessoas pretas (5,9%).

Em 2016, 48,8% das pessoas que realizaram essas atividades estavam ocupadas no mercado de trabalho, sendo esta proporção de 61,7% entre os homens e de 35,0% entre as mulheres. O percentual de pessoas ocupadas realizando atividade de produção para o próprio consumo estava acima de 50% nas Regiões Norte (59,6%), Sul (57,3%) e Centro-Oeste (52,9%).

Mulheres são maioria em todas as formas de cuidado de pessoas

Na comparação por sexo, a taxa de realização de cuidados de pessoas pelas mulheres (86,9%) superava a dos homens (65,0%), assim como a taxa de auxílio em atividades educacionais (71,7% para as mulheres e 58,8% para os homens). Nas demais atividades, os percentuais são menos discrepantes, mas sempre superiores para as mulheres.

Considerando-se a condição no domicílio, a taxa de realização de cuidados de moradores para mulheres foi maior entre as cônjuges (39,0%), seguidas pelas responsáveis pelo domicílio (30,6%) e pelas filhas ou enteadas (25,9%). Já entre os homens, a taxa de realização tanto para responsável quanto para cônjuge ficou em torno de 25%, enquanto para filhos e enteados foi de 12,7%.

Entre as pessoas que cuidaram de moradores, quase a metade cuidou de moradores de 0 a 5 anos de idade (49,6%) e de 6 a 14 anos (48,1%), mostrando a importância do cuidado de crianças nos domicílios. Já o cuidado de idosos (60 anos ou mais de idade) correspondeu a 9,0% dos casos.

Percentual de pessoas de 14 anos ou mais de idade,
que realizaram cuidados de moradores por tipo de cuidado, segundo o sexo – Brasil - 2016

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – 2016

Mulheres dedicam quase o dobro de horas aos cuidados e aos afazeres

A PNAD Contínua levantou o número de horas dedicadas aos cuidados de pessoas e aos afazeres domésticos conjuntamente, para mensurar a intensidade e a diferença em sua realização por homens e mulheres. Em 2016, a média de horas dedicadas no Brasil era de 16,7 horas por semana, com grande discrepância entre homens e mulheres: 11,1 horas em média para homens e 20,9 horas em média para mulheres.

A intensidade de horas dedicadas a estas atividades era superior entre os não ocupados: enquanto os ocupados dedicavam em média 14,1 horas semanais a estas tarefas, os não ocupados dedicavam em média 19,9 horas.

A taxa de realização de afazeres domésticos por condição no domicílio mostra que entre mulheres a maior taxa ocorre para as cônjuges: 95,6% das cônjuges, 93,0% das responsáveis pelo domicílio e 80,7% das filhas ou enteadas realizaram afazeres domésticos. Por outro lado, 80,6% dos homens responsáveis, 76,4% dos cônjuges e 57,6% dos filhos ou enteados realizaram tais atividades em 2016.

Em relação ao tipo de tarefa realizada no próprio domicílio, as mulheres apresentaram percentual maior de realização em quase todas as tarefas elencadas, exceto “fazer pequenos reparos ou manutenção do domicílio, do automóvel, de eletrodomésticos etc.”, tarefa realizada por 65,0% dos homens envolvidos em afazer doméstico (contra 33,9% das mulheres). Merece destaque a grande discrepância nas tarefas “Preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar louça” e “Cuidar da limpeza ou manutenção de roupas e sapatos” entre mulheres e homens: 95,7% frente a 58,5% e 90,8% frente a 55,7%, respectivamente).

Em todas as categorias de cor ou raça, as mulheres realizam mais afazeres domésticos e cuidados de pessoas do que os homens

As taxas de realização de afazeres domésticos das mulheres superavam as dos homens nos três grupamentos de cor ou raça: enquanto as taxas das mulheres ficavam em torno de 90%, a dos homens ficava abaixo dos 74%, como mostra o gráfico a seguir.

Taxa de realização de afazeres domésticos no domicílio ou
em domicílio de parente, por cor ou raça e sexo - Brasil - 2016

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – 2016

Já a diferença entre as taxas de realização de afazeres domésticos das três categorias de cor ou raça entre as mulheres era menos acentuada: 89,1% das mulheres brancas realizaram essas atividades, abaixo dos 90,9% das mulheres pretas e 90,3% das pardas.

Quanto ao cuidado de moradores, a diferença era maior: 35,3% das mulheres pardas e 34,0% das mulheres pretas cuidaram de moradores do domicílio ou de parentes não moradores, ao passo que entre mulheres brancas a taxa de realização foi de 29,3%.

Entre os homens a diferença por cor ou raça nessa atividade teve menor intensidade: taxa de realização de 22,0% para pretos, 21,1% para pardos e 20,7% para brancos em 2016. A Região Norte apresentou o maior percentual de pessoas realizando cuidados de moradores ou de parentes não moradores (31,4%) e a Sudeste, a menor (25,7%).

Mulheres também são maioria no trabalho voluntário

A taxa de realização de trabalho voluntário era maior entre as mulheres (4,6%) do que entre os homens (3,1%) no Brasil e nas Grandes Regiões. Em termos de número de horas dedicadas a estas atividades, entretanto, não há muita diferença: homens dedicavam em média 6,9 horas semanais ao trabalho voluntário e mulheres, 6,6 horas.

A taxa de trabalho voluntário cresce com a idade: 2,5% para as pessoas de 14 a 24 anos de idade, 4,1% para as pessoas com idade entre 25 e 49 anos e 4,6% entre as pessoas de 50 anos ou mais.

A pesquisa investigou o local de realização do trabalho voluntário, podendo haver resposta em mais de uma alternativa. A maioria realizava trabalho voluntário em congregação religiosa, sindicato, condomínio, partido político, escola, hospital, asilo. Para Brasil esta categoria era respondida por 81,5% das pessoas que realizaram trabalho voluntário, sendo a Região Norte a de maior percentual (87,9%) e a Sul a de menor (74,9%).

Na Região Sul, 20,2% das pessoas com 14 anos ou mais de idade realizavam trabalho voluntário em outro local, o que inclui a realização para moradores de uma comunidade ou localidade, a realização em conservação do meio ambiente ou de proteção de animais e a realização para terceiros fazendo afazeres domésticos ou cuidados ou serviços profissionais gratuitos.