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Em 2010, safra de grãos deverá subir 3,8%

O IBGE realizou, em outubro, o primeiro prognóstico de área e produção para a safra de 2010, nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e nos estados de Rondônia, Maranhão, Piauí e Bahia...

05/11/2009 07h01 | Atualizado em 05/11/2009 07h01

O IBGE realizou, em outubro, o primeiro prognóstico de área e produção para a safra de 2010, nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e nos estados de Rondônia, Maranhão, Piauí e Bahia. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas1 para 2010 é estimada em 139,3 milhões de toneladas2, 3,8% maior que a obtida em 2009. Para a estimativa da produção nacional 2010, os valores levantados nas regiões e estados onde a pesquisa foi realizada foram somados às projeções obtidas a partir das informações dos anos anteriores para as Unidades da Federação, que por força do calendário agrícola, ainda não dispõem das primeiras estimativas. As informações da pesquisa do prognóstico representam 68,7% da produção nacional prevista, enquanto as projeções realizadas respondem por 31,3% do valor total.

Prognóstico mostra crescimento de 1,6% na área a ser colhida em 2010

A avaliação inicial da área a ser colhida em 2010 é de 47,9 milhões de hectares, superior em 1,6% à área colhida em 2009, de 47,2 milhões de hectares. Em termos absolutos, esse incremento totaliza 700 mil hectares. Dentre os 10 produtos investigados, cinco apresentam variação positiva em relação à produção de 2009: feijão em grão 1ª safra (13,9%), soja em grão (11,8%), cebola (7,3%), fumo em folha (4,0%) e mandioca (3,2%). Apresentam variação negativa: amendoim em casca 1ª safra (-8,5%), algodão herbáceo em caroço (-8,1%), arroz em casca (-5,1%), milho em grão 1ª safra (-2,2%) e batata inglesa 1ª safra (-0,7%).

Em relação à área a ser colhida, registram variação positiva: soja em grão (4,5%), cebola (2,8%), fumo em folha (1,5%), mandioca (1,2%) e feijão em grão 1ª safra (0,9%). Com variação negativa aparecem: algodão herbáceo em caroço (-8,0%), milho 1ª safra (-4,4%), amendoim em casca 1ª safra (-3,7%), batata- inglesa 1ª safra (-2,5%) e arroz em casca (-1,2%).

Algodão (em caroço)

O primeiro prognóstico da produção de algodão em caroço é de 2,7 milhões de toneladas, redução de 8,1% frente as 2,9 milhões de toneladas obtidas em 2009. O decréscimo se deve à retração da área cultivada, conseqüência do desestímulo dos produtores devido ao alto custo de produção e à baixa cotação nos mercados interno e externo. As principais unidades da federação prevêem quedas, sendo que o Mato Grosso, principal produtor (44,8% da produção nacional), registrou retrações de 13,5% na área a ser colhida e de 14,3% na produção esperada.

Arroz (em casca)

A produção esperada de arroz é de 11,9 milhões de toneladas, inferior em 5,1% à obtida em 2009. O decréscimo se deve notadamente ao Rio Grande do Sul, principal produtor (61,4% da produção nacional), que indica reduções de 7,1% na produção esperada e de 1,8% na área. Já o Mato Grosso, maior produtor no Centro-Oeste, informa retração de 12,2% na área cultivada, resultado da preferência dos produtores pela soja, cuja liquidez é maior, bem como da redução do desmatamento e da maior fiscalização por parte de órgãos ambientais.

Feijão (em grão) 1ª safra

O primeiro prognóstico para a safra nacional de feijão das águas em 2010 é de 1,9 milhão de toneladas, maior em 13,9% que a produção de 2009 (1,6 milhão de toneladas). O fato reflete a expectativa de um rendimento médio acima do obtido na safra anterior, quando a cultura sofreu prejuízos devido a problemas climáticos. Os baixos preços observados neste início de safra desanimaram os produtores, com previsão de área plantada 2,8% menor.

Milho (em grão) 1ª safra

Para o milho 1ª safra, espera-se produção de 33,1 milhões de toneladas, inferior em 2,2% à observada em 2009, com retração de 7,6% na área plantada, devido aos elevados custos de produção e à baixa cotação do produto, conseqüência do volume estocado (exportações aquém do previsto). A cotação inferior à da soja fez com que os produtores migrassem para a leguminosa que apresenta maior liquidez.

Soja (em grãos)

O prognóstico inicial de soja para 2010 é de 63,7 milhões de toneladas, com variação positiva de 11,8% em relação ao volume obtido em 2009. A área a ser colhida deverá ser 4,5% superior (22,7 milhões de hectares), e o rendimento esperado apresenta acréscimo de 6,9% (2.806 kg/ha). O crescimento da área cultivada deve-se às áreas não semeadas com o milho e à migração de áreas de algodão e arroz para a soja, oleaginosa com cotação e liquidez maiores. Os produtores também esperam um clima mais favorável, não se repetindo a estiagem ocorrida na safra passada.

Produção agrícola em 2009 ficará 8,1% aquém da obtida em 2008

Em outubro, a estimativa da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2009 indica 134,1 milhões de toneladas, 8,1% menor que a obtida em 2008 (recorde de 146,0 milhões de toneladas) e apenas cerca de 8.500 toneladas inferior à estimativa de setembro – tal decréscimo se deve principalmente ao trigo, que apresenta retração no rendimento médio em Santa Catarina e no Paraná, reflexo das más condições climáticas.

As três principais culturas, soja, milho e arroz, que respondem por 81,4 % da área plantada apresentam variações de +2,2%, -4,6% e +1,0%, respectivamente, em relação a 2008. Quanto à produção destes três produtos, apenas o arroz registra variação positiva (+4,2%). Já para a soja e o milho a previsão é de retração da produção em -4,8% e -13,3%, respectivamente.

A área a ser colhida de 47,2 milhões de hectares, comparativamente à colhida em 2008 e a estimativa do mês anterior para a safra 2009, apresenta decréscimo de -0,2% em relação a 2008 e não há variação (apenas -2.337 ha) frente ao mês anterior (setembro).

A safra esperada para 2009 tem a seguinte distribuição regional: Região Sul, 52,6 milhões de toneladas (-14,3%); Centro-Oeste, 48,9 milhões de toneladas (-3,8%); Sudeste, 17,2 milhões de toneladas (-2,4%); Nordeste, 11,7 milhões de toneladas (-6,0%) e Norte, 3,8 milhões de toneladas (+0,3%). Na figura a seguir, observa-se que o Mato Grosso suplanta, em 2,8 pontos percentuais, o Paraná, alcançando neste ano a posição de maior produtor nacional de grãos.

Em outubro, variações de estimativa para cinco produtos

No LSPA de outubro destacam-se as variações de estimativa, na comparação com setembro, de cinco produtos: feijão em grão 3ª safra (+9,9%), aveia em grão (+3,6%), cevada em grão (+2,4%), sorgo em grão (+1,1%) e trigo em grão (-4,8%).

Feijão (em grão) total

A produção nacional de feijão, considerando as três safras do produto, deve somar 3.513.420 toneladas (+1,0%) e está assim distribuída: 1.652.240 toneladas da 1ª safra (47,0 %), 1.457.716 toneladas da 2ª safra (41,5%) e 403.464 toneladas da 3ª safra (11,5%). A comparação com o LSPA de setembro indica variações nas três safras, respectivamente de-0,1%, -0,1% e +9,9%.

As quedas apontadas na 1ª e 2ª safras refletem pequenos ajustes nos números finais dessas safras. Já a variação positiva da 3ª safra é decorrente do ganho de 31,6%, em comparação ao levantamento anterior, na produção de Minas Gerais – consequência da incorporação, às estimativas, de novas áreas de plantio.

Sorgo (em grão)

O sorgo apresenta acréscimo de +1,1% na produção, estimada em 1.869.419 toneladas. Este acréscimo deve-se às novas avaliações no Sudeste, especialmente na estimativa de área cultivada (+2,9%) e rendimento médio (+7,9%) em Minas Gerais, que apresentou um aumento de 11% na produção.

Cereais de inverno (em grão)

Para as lavouras de inverno, concentradas no Sul do país, a previsão é de elevação na produção de aveia (+3,6%) e cevada (+2,4%); além de queda do trigo (-4,8%). Espera-se produção de 5,0 milhões de toneladas e trigo, principal lavoura deste período. A queda se deve às novas avaliações no Paraná, maior produtor (52,6% da produção nacional), e em Santa Catarina, onde em função das adversidades climáticas foram reavaliados os rendimentos médios em -5,3% e -13,5%, respectivamente.

Estimativa de outubro em relação à safra 2008 é menor para 15 produtos

Dentre os 25 produtos selecionados, 15 apresentam variação negativa: algodão herbáceo em caroço (-25,9%), amendoim em casca 1ª safra (-3,7%), batata-inglesa 1ª safra (-7,9%), batata-inglesa 2ª safra (-11,0%), café em grão (-13,8%), feijão em grão 3ª safra (-3,6%), laranja (-0,1%), mamona em baga (-24,7%), mandioca (-0,3%), milho em grão 1ª safra (-15,3%), milho em grão 2ª safra (-9,2%), soja em grão (-4,8%), sorgo em grão (-4,9%), trigo em grão (-15,1%) e triticale em grão (-8,6%).

Os 10 com variação positiva são: amendoim em casca 2ª safra (+19,7%), aveia em grão (+19,2%), cana-de-açúcar (+6,9%), arroz em casca (+4,2%), feijão em grão 2ª safra (+4,2%), batata-inglesa 3ª safra (+4,1%), cebola (+4,0%), cacau em amêndoa (+2,2%), cevada em grão (+1,2%) e feijão em grão 1ª safra (+0,6%).

Os crescimentos verificados para o arroz (+4,2%) e a cana-de-açúcar (+6,9%) são resultado da abertura de novos mercados. O incremento da produção de arroz ocorreu, basicamente, devido à recuperação das lavouras gaúchas. Houve expansão da área cultivada e aumento do rendimento médio, em decorrência das boas condições climáticas durante o ciclo de desenvolvimento da cultura.

Já para a cana, a expansão se intensificou nos últimos cinco anos visando a produção de combustível alternativo, face aos altos preços alcançados pelo petróleo. Com a crise internacional instalada em meados do segundo semestre de 2008 houve uma retração, não se observando no corrente ano os altos níveis de crescimento que vinham sendo constatados, inclusive com o adiamento de instalação de novas usinas nos principais centros produtores.

Também o algodão, fortemente afetado pela crise de crédito e pelos baixos preços de comercialização, teve sua área cultivada reduzida em 23,0%, o que aliado à uma má distribuição de chuvas, determinou em retração de 3,7% no rendimento médio obtido.

As duas maiores culturas de verão, o milho e a soja, registram reduções de 13,3% e 4,8%,respectivamente. No caso do milho, o decréscimo pode ser creditado aos grandes estoques nacionais observados no final de 2008, como também aos baixos preços praticados na época do plantio e incertezas sobre a demanda futura do produto. No caso da soja, embora a área plantada tenha crescido 2,2% as condições climáticas adversas, notadamente a estiagem, determinaram decréscimo de 6,9% no rendimento médio da cultura, passando de 2.817 kg/ha alcançados na safra de 2008 para 2.624 kg/ha na presente estimativa.

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1 Caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale.

2 Em atenção a demandas dos usuários de informação de safra, os levantamentos para Cereais, leguminosas e oleaginosas, ora divulgados, foram realizados em estreita colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra, iniciado em outubro de 2007, para as principais lavouras brasileiras.