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Produção industrial recua 1,3% em agosto

Em agosto de 2008, a produção industrial recuou 1,3% frente a julho, na série com ajuste sazonal, devolvendo parte do crescimento acumulado de 4,3% nos dois meses anteriores. ...

02/10/2008 06h01 | Atualizado em 02/10/2008 06h01

Em agosto de 2008, a produção industrial recuou 1,3% frente a julho, na série com ajuste sazonal, devolvendo parte do crescimento acumulado de 4,3% nos dois meses anteriores. Em relação a agosto de 2007, o aumento foi de 2,0%, completando uma seqüência de 26 meses de resultados positivos nesse tipo de comparação. Com o desempenho de agosto, os acumulados no ano de 2008 (6,0%) e nos últimos 12 meses (6,5%) desaceleram frente aos resultados de julho (6,7% e 6,9%, respectivamente). A média móvel trimestral (indicador de tendência), entretanto, manteve o ritmo de crescimento, passando de 1,1% para 1,0% entre os trimestres encerrados em julho e agosto.

A queda de 1,3% observada na passagem de julho para agosto atingiu 15 dos 27 ramos pesquisados, com o principal impacto negativo vindo de outros produtos químicos (-5,5%), setor que havia cumulado crescimento de 12,3% nos três meses anteriores. Também merecem destaque os alimentos (-3,1%), quarta redução consecutiva, com perda acumulada de 6,2% no período; e o refino de petróleo e produção de álcool (-4,1%), influenciado por uma paralisação técnica em uma das unidades de refino, que interrompeu quatro meses seguidos de taxas positivas, nos quais havia acumulado crescimento de 12,2%.

Entre os dez ramos industriais que avançaram, farmacêutica (4,9%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (3,9%) e veículos automotores (1,0%) exerceram as influências positivas mais relevantes.

Ainda na comparação com julho, os índices por categorias de uso mostraram que a queda mais acentuada foi observada em bens intermediários (-2,7%), a maior desde outubro de 2001 (-3,0%). Esse segmento vinha de quatro meses consecutivos de expansão, período em que acumulou ganho de 4,5%. O setor de bens de consumo semi e não-duráveis também mostrou taxa negativa (-0,3%), após avanço de 2,7% de abril a julho deste ano. A produção de bens de capital (0,1%) ficou próxima à estabilidade e acumula 10,4% de crescimento em três meses. Já os bens de consumo duráveis, ao registrar acréscimo de 2,1%, devolveram em parte a queda registrada em julho (-4,3%).

Mesmo com o comportamento negativo da atividade industrial em agosto, o índice de média móvel trimestral (indicador de tendência) manteve o ritmo de crescimento na passagem dos trimestres encerrados em julho (1,1%) e agosto (1,0%). Esse dinamismo está claramente presente em bens de capital (3,3%) e bens de consumo duráveis (1,4%), que tiveram aceleração frente ao resultado de julho (1,3% e 0,2%, respectivamente), enquanto bens intermediários (0,4%) e bens de consumo semi e não-duráveis (0,4%) desaceleraram o ritmo (1,5% e 0,9%, respectivamente).

Na comparação com igual mês do ano anterior, o resultado da indústria (2,0%) ficou bem abaixo do observado em meses recentes. Além da influência da elevada base de comparação, agosto de 2008 teve menos dois dias úteis que agosto de 2007. Nesse confronto, 12 das 27 atividades sustentaram taxas positivas, enquanto que em julho (8,8%) o acréscimo havia atingido o dobro (24) de atividades. A redução no ritmo de crescimento também se confirma no índice de difusão, que, após chegar a 64% dos 755 produtos pesquisados em julho, recuou para 48% em agosto.

Entre as atividades, os principais impactos positivos vieram de veículos automotores (9,9%), farmacêutica (16,3%) e indústria extrativa (8,6%), influenciadas pelo aumento na produção de automóveis e caminhão-trator; medicamentos; e minérios de ferro e petróleo. Por outro lado, dentre os 15 ramos que registraram queda, o destaque ficou com o recuo (-7,4%) observado em alimentos, setor de maior peso na estrutura industrial, influenciado pela queda em 63% dos produtos investigados, sobressaindo-se as dos itens açúcar cristal e sucos concentrados de laranja.

Ainda na comparação agosto 08/ agosto 07, por categorias de uso, quase todos os resultados foram positivos, à exceção de bens de consumo semi e não-duráveis (-1,1%). O segmento de bens de capital obteve a taxa mais elevada (12,1%), apoiado no aumento de produção da maior parte de seus subsetores, com destaque para bens de capital para transporte (20,4%), para uso misto (12,1%), para fins industriais (5,5%) e para fins agrícolas (25,3%). Já a produção de bens de consumo duráveis (2,8%) foi particularmente influenciada pelo desempenho favorável de automóveis (10,4%), já que a produção de eletrodomésticos (-2,2%) e a de telefones celulares (-11,4%) recuaram. No caso dos eletrodomésticos, a principal pressão negativa veio da “linha marrom”1 (-7,9%), uma vez que a “linha branca”2 cresceu 17,3%.

A produção de bens intermediários avançou 1,5%, influenciada, sobretudo, pelos produtos associados à metalurgia básica (7,9%), indústrias extrativas (8,6%) e minerais não-metálicos (12,4%). Nessas atividades os principais destaques foram, respectivamente, os itens vergalhões de aço ao carbono; minérios de ferro; e cimento. O grupamento de insumos para a construção civil (9,4%) teve crescimento pelo 20º mês consecutivo, enquanto o grupamento embalagens recuou 5,0%.

A produção de bens de consumo semi e não-duráveis (-1,1%) recuou principalmente pela pressão do subsetor alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-3,4%), com os itens sucos e concentrados de laranja e cervejas exercendo os principais impactos. Vale mencionar também o desempenho negativo registrado nos subsetores de semiduráveis (-5,8%) e carburantes (-2,5%), por conta do recuo na fabricação de calçados de couro e gasolina. A única contribuição positiva veio do grupamento de outros não-duráveis (3,9%), puxado pelos medicamentos.

O crescimento da produção industrial acumulado de janeiro a agosto (6,0%) apoiou-se nas variações positivas de 21 das 27 atividades, lideradas por veículos automotores (17,2%), sustentado pelos automóveis, caminhões e autopeças; vindo a seguir máquinas e equipamentos (9,2%), com destaque para aparelhos elevadores ou transportadores para mercadorias e máquinas para colheita - itens tipicamente associados aos segmentos de bens de consumo duráveis (11,8%) e de bens de capital (18,1%). São esses os setores que vêm liderando a expansão industrial, enquanto bens intermediários (5,0%) e bens de consumo semi e não-duráveis (1,7%) crescem abaixo da média da indústria.

 

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1 Televisores, aparelhos de som e DVDs.

2Refrigeradores e congeladores; fogões; máquina de lavar e secadoras.