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Censo 2022

Censo 2022: Na Maré (RJ), IBGE divulga dados das Favelas e Comunidades Urbanas

Editoria: IBGE | Breno Siqueira

08/11/2024 19h21 | Atualizado em 08/11/2024 19h21

Ibgeanos e ibgeanas, autoridades e membros da sociedade civil acompanharam a divulgação dos resultados sobre favelas e comunidades urbanas - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira, 8, os dados referentes ao “Censo Demográfico 2022: Favelas e Comunidades Urbanas: Resultados do universo” na Areninha Cultural Herbert Vianna, localizada na Favela Nova Maré, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ). O evento contou com a presença de mais de 100 pessoas, entre ibgeanas e ibgeanos, autoridades e membros da sociedade civil e da comunidade da Maré, e foi transmitido pelo IBGE Digital e pelas redes sociais do Instituto.

Ibgeanos e ibgeanas, autoridades e membros da sociedade civil acompanharam a divulgação dos resultados sobre favelas e comunidades urbanas - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

Com a presença do presidente do Instituto, Marcio Pochmann, da diretora de Geociências do Instituto, Ivone Lopes Batista, da diretora de Pesquisas, Elizabeth Hypólito, do coordenador-geral do Censo Demográfico, Gustavo Junger, bem como as pesquisadoras Letícia Giannella e Larissa Catalá, a apresentação foi mediada coordenador-geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações e Coordenação de Comunicação Social (CDDI/CCS), José Daniel Castro, em parceria com Pâmela Carvalho, moradora local e coordenadora cultural da Redes da Maré.

Pâmela Carvalho foi a mediadora da mesa com as lideranças comunitárias da região - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

O presidente da Central Única das Favelas (CUFA) Rio de Janeiro, Francisco de Lima (Preto Zezé), lideranças comunitárias, representantes ministeriais e membros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Pereira Passos (IPP) também compareceram à divulgação.

Pochmann ressaltou o motivo da presença do IBGE no Complexo da Maré para esta divulgação. “Estivemos aqui para a realização do Censo Demográfico em 2022 e agora retornamos devolvendo as informações, que só são possíveis graças ao engajamento de mais de 11 mil servidores distribuídos em mais de 500 agências”, destacou o presidente do Instituto.

Ele ainda enfatizou que “estar aqui neste local tão importante não só para o Rio de Janeiro, mas para todo o Brasil é uma demonstração de que estes dados são passos constitutivos de um processo maior de transformação”.

Pochmann ressaltou o motivo da presença do IBGE no Complexo da Maré para esta divulgação - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

Preto Zezé ressaltou a parceria da CUFA com o IBGE para aprimorar os dados, ampliar pesquisas e sensibilizar a população das favelas a responder aos questionários. “Estas informações são essenciais para dar visibilidade aos grupos que vivem nestes territórios e chama atenção do poder público a realizar políticas mais voltadas a quem vive aqui”, destacou o presidente da CUFA.

Preto Zezé ressaltou a parceria da CUFA com o IBGE para aprimorar ainda mais os dados, ampliar as pesquisas e sensibilizar a população das favelas a responder aos questionários - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

Chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério do Planejamento e Orçamento, Anderson Quack parabenizou, em vídeo, o IBGE pela divulgação. “O nosso ministério possui compromisso com o Censo e seus dados divulgados, pois sem dados é impossível realizar políticas públicas, assim como dificulta para a iniciativa privada gerar emprego e renda à população. Este é um dia histórico para o Brasil”.

Anderson Quack parabenizou ao IBGE pela divulgação - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

Eduardo Medeiros do Santos é analista de políticas públicas da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado do Rio de Janeiro e representou o ministro de Estado, Luiz Marinho no evento. Para o analista, é imprescindível ter estes dados na formulação de políticas públicas. “Ressalto o trabalho do IBGE em chegar in loco na casa das famílias e sentir esta realidade. Isso é fundamental, pois não existe nenhuma implementação de política pública sem o debate com a sociedade”.

Assessor especial do Ministério da Saúde, Valcler Rangel tratou o IBGE como patrimônio do país. “A presença do Instituto no Complexo da Maré é fundamental, cumprindo o papel de reparação com a população da favela. Estes dados trazem um material rico para a realização de políticas públicas”, ressaltou Rangel.

A diretora de Geociências do IBGE, Ivone Lopes Batista citou a importância desta temática e a mudança da nomenclatura usada pelo Instituto, de “aglomerados subnormais” para “favelas e comunidades urbanas”. “É muito bom chegarmos a esta construção tanto conceitualmente quanto no levantamento do dado. Para isso, agradecemos o apoio dos movimentos sociais, das prefeituras e a equipe técnica pelo trabalho árduo na coleta destes dados. Estes dados não são importantes apenas para a formulação de políticas públicas, mas para a própria comunidade ter acesso”, disse Ivone.

Elizabeth Hypólito, diretora de Pesquisas do Instituto, destacou como o Censo é uma pesquisa complexa e gigantesca, que permite divulgar dados como os que foram divulgados hoje. “São informações relevantes aos nossos governantes, bem como para a sociedade se sentir representada e exercer sua cidadania e seus direitos”, explicou a diretora

As pesquisadoras do IBGE apresentaram os dados do Censo - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

Gustavo Junger agradeceu o engajamento das equipes técnicas do IBGE, assim como dos recenseadores que participaram do processo, e a todos que abriram suas portas para responder ao Censo. “Hoje temos a devolutiva dos resultados entregues e foi de suma importância a todos que colaboraram com este processo”, ressaltou o coordenador técnico do Censo.

Gustavo Junger agradeceu o engajamento das equipes técnicas do IBGE, assim como dos recenseadores que participaram do processo para a realização do Censo Demográfico - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

Representante da Secretaria Nacional das Periferias, Júlia Lins frisou u a importância desta divulgação ser realizada na Maré. “Isso mostra a disposição do IBGE em se abrir para o que está acontecendo nestes territórios, a mudança da nomenclatura é um indicativo desse processo. O Instituto também avança ao permitir que as comunidades se nomeiem”, ressaltou Júlia.

Favelas e comunidades urbanas

Pesquisadora do IBGE, Letícia Giannella é representante do Setor de Territórios Sociais da Coordenação de Geografia e apresentou os dados relacionados ao número de favelas e comunidades urbanas no país, assim como os recortes de sexo, idade, cor ou raça e de alfabetização. Ao todo, o Censo 2022 encontrou 12.348 Favelas e Comunidades Urbanas, onde viviam 16.390.815 pessoas, o que equivalia a 8,1% da população do país, tudo isso distribuído em 656 municípios. Para mais informações, acompanhe a publicação divulgada nesta sexta-feira (8).

“A favela mais populosa é a Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), com 72.021 moradores, seguida pela do Sol Nascente, em Brasília (DF), com 70.908 habitantes e Paraisópolis, em São Paulo (SP), com 58.527 pessoas”, destacou Giannella.

No número de domicílios, o cenário é parecido. “Sol Nascente, em Brasília (DF), com a segunda maior população residente, foi a terceira colocada em número de domicílios (21.889 domicílios). E o segundo lugar nesse ranking por domicílios ficou com Rio das Pedras, no Rio de Janeiro (RJ), que tem 23.846 domicílios. Esta favela também é a quinta mais populosa do país, com 55.653 moradores”, destacou Letícia Catalá, membro da equipe técnica da pesquisa.

Catalá apresentou também as características dos domicílios presentes nas favelas. “93,3% das residências presentes são casas, enquanto 2,8% são apartamentos e outros 2,8% são casas de vila ou condomínios”, disse a pesquisadora.

Ela ressaltou que “em 2022, 83,9% de todos os domicílios particulares permanentes ocupados do país possuíam ligação à rede geral e utilizavam-na como forma principal de abastecimento de água. Entre os domicílios particulares permanentes ocupados nas Favelas e Comunidades Urbanas, esse percentual era de 86,4%”.

Lideranças comunitárias comparecem à divulgação dos dados

Dalcio Marinho é coordenador do Censo Maré, uma iniciativa da Redes da Maré em parceria com o Observatório de Favelas e destacou a honra em ter a presença do IBGE no local. “Esta divulgação é essencial para a Maré. Aqui é um conjunto de 16 favelas, sendo 15 delas contínuas e somando tudo, seria uma população maior a de 96% dos municípios brasileiros. Ter este olhar do IBGE para cá é essencial e fruto da mobilização dos seus moradores”, destacou Marinho.

Dalcio Marinho é coordenador do Censo Maré, uma iniciativa da Redes da Maré em parceria com o Observatório de Favelas e destacou a honra em ter a presença do IBGE no local - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

Liderança territorial do Movimento de Mulheres da Maré, Dona Margareth explicou que houve muita luta para que este território obtivesse saneamento básico e iluminação, como a grande maioria das favelas, como informaram os dados do Censo. “É um processo árduo de luta e ter dados como estes do IBGE hoje contribuem para que olhe para nós”, disse Margareth.

Liderança territorial do Movimento de Mulheres da Maré, Dona Margareth explicou que houve muita luta para que este território obtivesse saneamento básico e iluminação - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE

Flávia Cândido é representante do projeto Saúde Integral nas Favelas do Rio de Janeiro e ressaltou como os dados entregues pelo IBGE “dão notoriedade às pessoas que vivem na favela e chamam atenção das autoridades para a criação de políticas que tornem a vida da população melhor”.

Autoridades e membros da sociedade civil receberam kits com materiais do IBGE - Foto: Akinyemi Adesola/IBGE