Censo 2022
Jornada de palestras em universidades e instituições dá transparência ao Censo 2022
28/06/2023 10h11 | Atualizado em 10/08/2023 09h40
Nos últimos dois meses, o IBGE percorreu universidades e instituições de estatística para apresentar a metodologia utilizada na coleta e na análise do Censo Demográfico 2022. O objetivo foi promover a transparência em relação aos processos da operação censitária e, ao mesmo tempo, angariar a confiança de formadores de opinião qualificados.
A jornada de apresentação foi iniciada em Brasília, em dois encontros com vários ministérios, agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e órgãos públicos, que tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho desenvolvido para o Censo 2022. Cimar Azeredo, presidente interino do IBGE, destaca que cada um desses encontros reuniu mais de 100 pessoas no auditório da Superintendência Estadual do IBGE.
Posteriormente, as informações foram apresentadas em um conjunto de universidades e órgãos estatísticos, incluindo IPEA, Unicamp, Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo; Fundação João Pinheiro, instituto de estatística de Minas Gerais; Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI) da Bahia; Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (Cedeplar); Universidade do Amazonas; Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI) da Bahia; Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e Ipardes – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social.
O coordenador técnico do Censo Luciano Duarte diz que o objetivo é não só fazer uma apresentação detalhada do Censo 2022, mas também sobre o arcabouço institucional e a produção estatística de um modo geral, com as metas de todos os produtos. Luciano, por sua vez, apresenta os bastidores de como funciona toda a operação em termos de metodologia, controle qualidade, abordagem, modalidades de coleta, e os avanços.
Na sequência, o diretor de Geociências Claudio Stenner explica os detalhes sobre as ferramentas de geoprocessamento, as implicações e os rebatimentos em cima da cartografia, com as formas de divulgação dentro de recortes administrativos e políticos, e também os recortes geográficos produzidos pelo próprio IBGE. Stenner tem feito uma apresentação bem abrangente do quadro geográfico e como o IBGE consegue fazer o Censo seguindo todas as recomendações internacionais do ponto de vista dos recortes espaciais. E mostra as ferramentas de visualização e interpretação espacial usadas no Censo, como, por exemplo, a Plataforma Interativa Geográfica, uma das ferramentas que mais chama atenção nesses tours.
Transparência do Censo 2022
Duarte reitera que esses encontros vão na linha da transparência que o IBGE tem promovido em relação ao Censo 2022. A maior parte do público é de usuários especializados, que fazem bom uso da informação estatística tanto no meio acadêmico quanto como gestores de políticas públicas. Ele diz que, após as apresentações, há uma reação muito positiva e um sentimento de confiança no trabalho do IBGE.
“O recado que damos é que o Censo 2022 foi muito bem conduzido, e todos os esforços foram feitos para termos um Censo de qualidade. São pessoas formadoras de opinião, que podem ser interlocutoras e nos ajudar a mostrar a realidade do que vivemos nessa grande operação e como nos esforçamos para produzir a melhor informação possível de ser produzida sobre a população. Abrimos a caixa preta para mostrar os bastidores do Censo 2022 com todos os percalços, como a falta de recenseadores, e que caminhos trilhamos para contorná-los, a exemplo da MP, para flexibilizar a contratação de pessoal no final de 2022 e melhorias na remuneração. Além de respostas para outros problemas, como a recusa e o alto percentual de não respostas, que minimizamos com eventos de sensibilização”, destaca o coordenador do Censo 2022.
Cimar Azeredo destaca que esse trabalho de dar transparência não vai terminar com o Censo. A expectativa é de que essas universidades e agências possam colaborar com a divulgação. “O objetivo é preparar a sociedade para receber as informações do Censo 2022, o mais tecnológico já feito”, afirma Azeredo.
Entre as inovações, ele destaca a coleta 100% eletrônica, o acompanhamento do processo de coleta em tempo real, Dispositivos Móveis de Coleta (DMCs) conectados por rede de telefonia móvel, ferramenta de dash boards para monitoramento e sala de situação. O Censo 2022 também contou com ferramentas de geotecnologia. A plataforma geográfica interativa permitiu uma visão gráfica colocando no mapa o que estava e o que não estava perfeito. Sem falar na captura das coordenadas nos domicílios rurais (já contemplados em 2010) e urbanos.
“Quando colocamos o recenseador conectado com o DMC enviando dados em tempo real, isso trouxe muitas vantagens para o IBGE. Da mesma forma, o acompanhamento do trajeto do recenseador nos permitiu ampliar a cobertura do Censo, que abrangeu 462 mil setores censitários, cujo acompanhamento é um desafio e foi facilitado pelo uso da tecnologia. Outro avanço é que ficou visível o que ficou sem cobrir. Isso nos permitiu melhorar substancialmente a coleta. É preciso ressaltar a importância dessas ferramentas em tempo real, que potencializaram o controle de qualidade”, ressalta o presidente do IBGE.
Parcerias com agências da ONU
Cimar afirma que, nos encontros com as universidades, é explicada a função primeira do Censo, que tem de seguir princípios estatísticos e as recomendações da ONU. Ele destaca que o IBGE é o coordenador do Censo, mas a pesquisa é do país e fruto de muitas parcerias com agências da ONU, prefeituras, secretarias, governos estaduais e municipais, e ministérios, como o de Povos Indígenas, cuja ministra apoiou o recenseamento nas terras indígenas - o que foi fundamental –, e da própria ministra do Planejamento, Simone Tebet, que se engajou firme e pessoalmente na reta final do Censo.
Isso porque, nos encontros, também têm sido divulgados os desafios enfrentados pelo Censo 2022, que durou dez meses porque não houve mão de obra suficiente. Também é apresentado o que foi feito para resolvê-los, em iniciativas como a Favela no Mapa, em parceria com a Central Única das Favelas (Cufa); Condomínio no Mapa; Censo vai à praia, à praça e ao shopping; e Censo vai ao mercado; além do Disque Censo disponível para os não recenseados que puderam responder por telefone via 137.
“O IBGE abusou da criatividade com essas ações para ampliar o número de respostas. Em 2022 e 2023, não responder ao Censo é falta de cidadania e fora de moda. O Censo 2022 trouxe um espectro amplo de lições aprendidas para o IBGE e o país sobre o desafio de se fazer uma operação censitária de qualidade. Toda operação censitária tem suas falhas, e temos orgulho de termos uma pesquisa de pós-enumeração que será conduzida da melhor forma técncica possível para a avaliação do Censo 2022. Temos de avançar com a clareza de que a contagem populacional de 2025 vai beber muito da experiência do Censo 2022”, ressalta Azeredo.
Repercussão nas unidades da federação
Eleonora Cruz Santos, diretora de estatísticas e informações da Fundação João Pinheiro, diz que o evento lotou o auditório da Fundação, que tem capacidade para 164 pessoas, e foi necessário disponibilizar uma sala extra. O encontro trouxe pessoas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) dos departamentos de economia, demografia, ciências sociais e ciências políticas. Do governo estadual participaram representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, da Agência da Região Metropolitana de Belo Horizonte e pelo município vieram representantes da Prodabel; além de órgãos federais como os Correios.
“Foi um evento muito interessante porque houve uma participação intensa devido ao interesse pela apresentação e pelo conteúdo do IBGE. O IBGE teve uma grande habilidade muito grande, nunca antes apresentada, de mostrar os desafios e os avanços do Censo 2022. Para além dessa habilidade existe uma política, que eu nunca tinha visto antes, de transparência e de governança muito bem exercidas. Isso é fundamental para mostrar o quando o IBGE está avançando em termos de governança com o seu produto mais importante, O Censo Demográfico 2022.”
Jorge Callado, presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social IPARDES, informa que o instituto reuniu 150 pessoas no Palácio das Araucárias, do Governo do Paraná. Para ele, essa atenção especial do IBGE para institutos como IPARDES foi de fundamental importância para o entendimento da metodologia utilizada, não só para os nossos técnicos, mas para a sociedade como um todo.
“O evento no Paraná contou com a presença de secretarias de estado, universidades entre outras instituições. A palestra do presidente Cimar foi muito importante, além das apresentações da sua equipe. Dessa forma tivermos uma prévia interessante sobre o Censo 2022 e sobre como poderemos trabalhar de forma alinhada com o IBGE, como temos trabalhado nos últimos 40 anos”, reforça Callado.
Carlos Freire, diretor de produção e análise de dados da Fundação SEADE - Sistema Estadual de Análise de Dados, diz que o encontro em São Paulo ocorreu na sede da Fundação, no auditório com 150 representantes das secretarias de governo, representantes da academia com pesquisadores da USP e da Unicamp, empresas de consultorias, institutos de pesquisa privados e todo o corpo técnico da Fundação. “Foi uma ótima oportunidade para a comunidade científica, empresas e órgãos públicos conhecerem o processo do Censo Demográfico. Ficou muito claro para todos o trabalho grande que o IBGE fez para colocar esse censo na rua e ter bons resultados. Também vimos as inovações tanto na coleta quanto na divulgação, além dos tipos de novos dados que vamos ter. Tudo isso gerou muito interesse e mostrou que o Censo está robusto e estão todos ansiosos pelos resultados”, destaca Freire.
Francisco Barcia, superintendente em São Paulo, diz que na reunião com diversos representantes do governo estadual, outras autoridades e representantes de diversas organizações, em um auditório lotado, até o final, houve grande interesse nas informações e nos esclarecimentos prestados sobre a operacionalização do CD 2022, sempre com muita objetividade e total transparência. “Foram apresentadas as superações frente ao novo ambiente encontrado, e todos os esforços realizados para o adequado controle de qualidade da campanha. O esforço foi finalizado na etapa de apuração, garantindo, assim, a melhor cobertura possível do CD 2022. Foram realizadas reuniões nos municípios paulistas para prestação de contas das atividades censitárias para as autoridades municipais e demais representantes da sociedade local”, destaca Barcia, superintendente de São Paulo.
Na Bahia, foram realizados dois encontros, o primeiro no auditório no Centro Administrativo da Bahia, em Salvador, para um público de mais ou menos 120 pessoas; e o segundo com a equipe técnica da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Para Jonatas Silva do Espirito Santo, Diretor de Pesquisas SEI, o evento foi de fundamental importância para a transparência do processo de coleta de informações, acompanhamento e processamento dos dados, conduzido pela equipe do Censo. Ele destaca ainda os recursos tecnológicos inseridos pelo IBGE nesse novo Censo, os quais tornaram a coleta de dados mais eficiente do que nunca.
“O processamento e as análises críticas realizadas em tempo real têm proporcionado resultados mais precisos e atualizados. O compromisso do IBGE em utilizar a tecnologia a favor da pesquisa é digno de reconhecimento e fortalece nossa confiança nos resultados obtidos. Parabenizo toda a equipe envolvida nesse importante empreendimento estatístico, que certamente será amplamente utilizado, auxiliando no planejamento e desenvolvimento de políticas públicas mais assertivas à realidade da população baiana e brasileira”, diz o Diretor de Pesquisas da SEI.
Para Roberto Kern Gomes, Superintendente do IBGE em Santa Catarina, o seminário sobre o Censo, realizado em parceria com a UFSC, foi fundamental para consolidar ainda mais a transparência que permeou todo o processo do censo 2022. “Durante o seminário foi possível reunir uma elite acadêmica e política que tem especial interesse nos resultados do censo e que saiu de lá tendo recebido todas as respostas seus questionamentos. Nenhuma pergunta ficou sem resposta!”, conclui.