Censo 2022
Na reta final do Censo, IBGE faz campanha em condomínios de alta renda
17/04/2023 17h41 | Atualizado em 19/04/2023 17h12
A maior riqueza de um país é sua informação. E para coletar a informação ainda não captada no âmbito do Censo Demográfico 2022, o IBGE promoveu, no sábado (15), a Ação de Mobilização do Censo em Áreas de Alta Renda – Condomínios no Mapa. Equipes de recenseadores e servidores do Instituto participaram de eventos de conscientização Brasil afora, em 18 estados da Federação.
“Neste esforço final de recenseamento, queremos sensibilizar os moradores de áreas de alto poder aquisitivo sobre a importância de responder ao Censo”, explica Cimar Azeredo, presidente interino do IBGE, que participou da ação no Rio de Janeiro. Enquanto a média nacional de não resposta ao Censo é de 5,5%, a recusa em receber o recenseador chega a 30% em alguns blocos de condomínios de alto padrão. Os postos de coleta Barra da Tijuca 1,2,3,4 ainda apresentam percentuais de recusa que vão de 10,4% a 17,7%.
Além do Rio, capitais como São Paulo, Palmas e Cuiabá registram porcentagens de não resposta acima da média, em boa parte devido à recusa de residentes em setores de alta renda. Postos de coleta em bairros como Moema, Jardim Paulista e Itaim Bibi registram taxas acima de 20%.
As cidades em que houve mobilização Condomínios no Mapa foram: Rio Branco (AC), Macapá (AP), Fortaleza (CE), Vitória (ES), Rio Verde (GO), São Luís (MA), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), Belém (PA), Maringá (PR), Recife (PE), Teresina (PI), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Boa Vista (RR), São Paulo (SP), Aracaju (SE) e Palmas (TO). O município de Palhoça, na Região Metropolitana de Florianópolis (SC), fará ação nesta quarta-feira (19), enquanto Brasília (DF) já realizou no dia 13.
No fim de março, o IBGE promoveu ação semelhante em 20 estados, com nome Favela no Mapa. Focada nos aglomerados subnormais, contou com parceria da Central Única das Favelas (Cufa) e do Data Favela em seis estados – Bahia, Goiás, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, e conseguiu reverter, em boa parte dessas áreas, os números de recusa. Em Paraisópolis, na capital paulista, o total de domicílios sem entrevista caiu de 25,1% (antes da campanha) para 16,3% após a ação de conscientização do IBGE. Na favela carioca da Rocinha, a taxa passou de 15,5% para 12,3%, e segue em queda.
Os recenseadores continuam em ação até o fim de abril, na tentativa de captar o maior número de informações em todos os domicílios ainda sem resposta. Quem ainda não respondeu ao Censo pode telefonar para o número 137 e agendar entrevista.
Cores e sabores do Censo na orla carioca
No Rio, a colorida manifestação ocorreu em frente a condomínios da orla da Barra da Tijuca. Houve distribuição de panfletos, bolas e até picolés, para alegria da criançada. Durante entrevistas às emissoras de TV que fizeram a cobertura do evento, o presidente interino Cimar Azeredo destacou as novas ferramentas de controle e acompanhamento do Censo, que vêm ajudando a evidenciar, no processo de apuração, as parcelas da população que ainda não foram totalmente recenseadas, como os condomínios de alta renda.
“É fundamental colocar essa população no mapa, dado que o Censo segue como uma das maiores bases de informação com evidências, para fazer políticas públicas e para tomada de decisão com qualidade”, afirma Cimar. Segundo ele, “todos são diretamente beneficiados com a informação do Censo e todos são afetados com a falta informação do Censo”.
Vinícius Martins é um dos moradores de condomínio que já respondeu ao Censo. Com simpatia, conversou com os agentes censitários enquanto caminhava com o filho pelo calçadão. Vinícius não somente achou rápido e tranquilo participar do Censo 2022, como também ressaltou a importância da pesquisa, para saber como está a realidade de crescimento da população e o que pode ser feito para melhorar a vida das pessoas. “Isso é muito importante, então é necessário deixar o agente entrar e realizar a pesquisa, porque é uma coisa boa para população”.
Passeando pela praia, Débora Carvas, residente na Barra há três anos, já disse logo: “eu sou estatística, então eu sei da importância”. Em seguida, emendou: “Para o nosso desenvolvimento, precisa de conhecimento, de nossos dados, quantidade de pessoas, faixa etária, classe social etc. Somente com isso, é possível fazer programas de educação, de saúde”.
Síndicos e administradores podem colaborar
Para tentar diminuir o índice de não resposta ao Censo, outras medidas também foram adotadas, junto às administrações dos condomínios. Na avaliação do coordenador de área da Barra da Tijuca, André Grangeiro, essas ações contribuem para obtenção de mais adesão e entrevistas de moradores. “Já fizemos diversas visitas a condomínios, para conversar com síndicos e administradores, no intuito de reverter recusas”, complementou Grangeiro.
Participante da atividade de mobilização, o recenseador Fernando Neto vem trabalhando do início da coleta à fase de complementação de informações em mais de 30 setores censitários na Barra. Na região, Neto repetiu que é necessário todo um trabalho de articulação prévia. “Existem várias ‘camadas’ para se conseguir acessar o condomínio, muitas vezes, com diversos agendamentos com a administração. É necessário perseverar”.
O presidente Cimar Azeredo também deixou um apelo a síndicos, porteiros e administradores dos blocos residenciais. “Vocês precisam ter consciência da importância do Censo e, com isso, ajudar a disseminação dentro dos seus condomínios”. Cimar lembrou que a pesquisa não precisa ser respondida dentro da residência, pode ser realizada em área comum do prédio, designada pelo síndico.
“É importante dizer que existem outros meios de se responder ao Censo, por telefone ou internet”, enfatizou o superintendente do IBGE no Rio, José Francisco Carvalho. Quem não foi encontrado em casa, pode ligar para o 0800 721 8181, ou para o 137, para fornecer endereço, telefone e o melhor horário de contato, para um possível agendamento de entrevista, ainda nessa reta final de mobilização para o Censo.
Difícil missão de convencimento em Moema
Na cidade de São Paulo, o evento aconteceu na Praça Nossa Senhora da Aparecida, no distrito de Moema. Ao longo da manhã, recenseadores circularam pelo bairro em busca de moradores que ainda não haviam respondido ao questionário. Filipetas e outros materiais foram distribuídos. Veículos da imprensa acompanharam a mobilização.
Durante a visita aos condomínios, equipes de supervisores do IBGE seguiram recenseadores e ACSs (Agentes Censitários Supervisores), conferindo as adversidades enfrentadas em campo. Em um único prédio, um recenseador levou mais de 40 minutos conversando com o síndico, na tentativa de realizar a coleta com os moradores. Após duas horas de trabalho, alguns recenseadores conseguiram realizar apenas três entrevistas, devido às dificuldades de acesso aos domicílios.
Por outro lado, muitos síndicos estão dispostos a ajudar. É o caso de Milton Zanirato. Para ele, é muito importante colaborar com o Censo, pois a pesquisa é crucial para o país. “Já separamos o salão de festas para que os recenseadores façam as entrevistas. Não podemos deixar de colaborar. Você que é síndico, converse com os agentes do IBGE e permitam que eles trabalhem no seu prédio”, ressaltou Milton.
Para Francisco Barcia, superintendente do IBGE em São Paulo, a ação tem o intuito de abrir as portas dos condomínios e facilitar o trabalho dos recenseadores. “Essa força-tarefa nos condomínios serve para aumentar o percentual de coleta nesses locais. A ação que fizemos nas favelas, em março, aumentou significativamente a coleta nos aglomerados. Desse modo, conseguiremos esse mesmo êxito nos edifícios também”.
A mobilização em Moema contou com a presença da coordenadora de comissões do Censo SP, Ana Kazan, do coordenador de divulgação do Censo SP, Wagner Martins, e dos coordenadores técnicos de SP, Rafael Gutierre, Thiago Brandão e Vando Nascimento, além de dezenas de agentes censitários.