Censo 2022
Teste Nacional do Censo chega à comunidade quilombola em Paraty (RJ)
24/11/2021 11h30 | Atualizado em 29/12/2021 18h28
Destaques
- O teste no Território Quilombola Campinho da Independência, em Paraty (RJ) avaliará protocolos sanitários, normas de conduta e abordagem, procedimentos de coleta e coordenadas geográficas.
- Os testes em povos e comunidades tradicionais ocorreram também nas terras indígenas Guaramim do Bracuí, em Angra dos Reis (RJ); Rio Pequeno e Parati-Mirim e da aldeia Pataxós, em Paraty.
- As áreas quilombolas têm um questionário específico, e é preciso testar se o aplicativo de coleta está captando de forma correta as coordenadas dos domicílios.
- A coleta em territórios quilombolas requer reuniões com as lideranças comunitárias explicando o que é o IBGE, o que é o Censo e o que será feito nas comunidades.
- O IBGE também realizou testes em Paquetá (RJ) e em 27 localidades durante o Teste Nacional do Censo 2022, que começou em 4 de novembro em todas as unidades estaduais.
O IBGE realiza hoje (24) o Teste Nacional do Censo 2022 no Quilombo Campinho da Independência, em Paraty, no sul do estado do Rio de Janeiro. Após um intenso trabalho de consulta às lideranças quilombolas, estão sendo avaliados protocolos sanitários específicos, normas de conduta e abordagem, procedimentos de coleta, coordenadas geográficas e perguntas que serão feitas somente a essas populações. É a primeira vez que as pessoas poderão se identificar como quilombolas no Censo Demográfico.
“É um ensaio geral, só estamos testando os sistemas. As perguntas já estão com a redação que a gente espera que seja aplicada em 2022. Realmente, o teste é apenas para os últimos ajustes”, diz a responsável técnica pelo projeto de povos e comunidades tradicionais do IBGE, Marta Antunes.
Os testes em povos e comunidades tradicionais foram iniciados no dia 15 de novembro, com o recenseamento das terras indígenas Guarani do Bracuí, em Angra dos Reis (RJ); Rio Pequeno e Parati-Mirim e da aldeia Pataxós, todas em Paraty. Nesta quarta-feira, o teste termina com o recenseamento do território quilombola.
“Ao longo desses dias, temos testado o trabalho pós-pandemia: equipamentos de proteção, o distanciamento e de que forma as comunidades e lideranças reagem a isso. Também testamos o treinamento presencial para quem vai atuar nas áreas quilombolas, com respeito às normas e culturas. O recenseador precisa saber como faz a abordagem, se dirigindo à liderança comunitária e vendo se vai precisar de um guia ou, no caso dos territórios indígenas, se vai precisar de um intérprete. Também criamos um texto de apoio ao recenseador para cada pergunta, caso o quilombola ou o indígena não entendam. Tudo isso é feito em um dia de treinamento diferenciado. Esse treinamento pode ser aplicado em todo o Brasil”, diz Marta Antunes.
Hoje o IBGE tem uma estimativa de que existam mais de 5 mil localidades quilombolas. O dado foi divulgado na base de informações geográficas e estatísticas. Marta diz que há uma presença quilombola bem diversificada por todo o país, exceto nos estados do Acre e Roraima, que não têm localidades quilombolas. Trata-se de uma diversidade ainda maior que as comunidades indígenas. São mais de 2 mil municípios com áreas quilombolas ante pouco mais de 500 municípios com territórios indígenas.
“A cartografia censitária do IBGE já permite dar visibilidade à presença quilombola em mais de 2 mil municípios, um dado extremamente importante para um grupo que não tinha estatísticas nem estimativas oficiais. Foi um trabalho feito por todas as unidades estaduais coordenadas pela diretoria de Geociências, de forma dialogada com o movimento social quilombola. Uma grande experiência de cartografia censitária participativa e colaborativa”, destaca Marta.
Ela explica que as áreas quilombolas têm um questionário que abre apenas para algumas regiões do país, e é preciso testar se o aplicativo de coleta está captando de forma correta as coordenadas dos domicílios, para que as perguntas diferenciadas sejam acionadas. Em função disso, será feito um teste de posicionamento também em campo.
“As perguntas do questionário domiciliar do IBGE têm uma redação diferenciada de acordo com a sua localização. Se o domicílio está numa área quilombola ou indígena, as perguntas são diferentes. Em todos os territórios quilombolas, vamos perguntar, por exemplo, se as pessoas se consideram quilombolas. Essa é a primeira vez que o IBGE vai fazer essa pergunta num censo demográfico. E será a primeira vez que teremos estatísticas oficiais sobre o total de população quilombola no país e suas condições de vida, onde estão, quantos são e como vivem”, ressalta Marta.
Devido aos contatos já realizados pelo IBGE com as associações integradas por lideranças quilombolas e com o investimento na sensibilização de que é um primeiro Censo em que as pessoas podem se autodeclarar quilombola, a expectativa do IBGE é de um resultado significativo.
“Como em todo processo censitário, este também é um processo educativo. Talvez o primeiro resultado não seja ótimo, mas, se estiver aquém do esperado, vai gerar uma discussão na próxima década”, diz Marta.
A coleta também requer todo um conjunto de procedimentos diferenciados de abordagem do Censo 2022. Isso envolve uma reunião com a liderança comunitária explicando o que é o IBGE, o que é o censo e o que será feito na comunidade.
“E pedimos o apoio da liderança para iniciarmos o trabalho, que consistirá na aplicação do questionário domiciliar e numa avaliação se tudo terá corrido como o esperado. Depois, serão realizados alguns testes de captura de coordenadas dos endereços e, encerrado o dia, apresentaremos os resultados gerais para as lideranças”, diz Marta.
O IBGE também realizou testes em Paquetá (RJ) e em 27 localidades durante o Teste Nacional do Censo 2022, que começou em 4 de novembro em todas as unidades estaduais. Até o final de novembro, 250 recenseadores do IBGE visitarão domicílios para testar equipamentos, sistemas de coleta, questionários e a abordagem ao informante no contexto da pandemia. A partir de junho do ano que vem, o IBGE estará em campo para recensear mais de 70 milhões de domicílios brasileiros.
Como verificar a identidade dos entrevistadores
Os recenseadores do IBGE trabalham uniformizados, com boné, colete e bolsa azuis com a logomarca do Instituto. No colete, há também o crachá de identificação, contendo a foto e os números de matrícula e identidade do entrevistador. Eles vão utilizar o DMC, semelhante a um smartphone, na cor azul, para coleta das informações. Os moradores podem verificar a identidade de todos os entrevistadores através do site respondendo.ibge.gov.br ou do telefone 0800 721 8181.
Como ocorre em todas as pesquisas do IBGE, as informações prestadas pelos moradores aos recenseadores são confidenciais e o sigilo é garantido.