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Novo coronavírus

Pesquisa mostra como população se deslocava para compras antes da pandemia

Editoria: Séries Especiais | Umberlândia Cabral | Arte: Helena Pontes

21/05/2020 10h00 | Atualizado em 19/06/2020 09h24

  • Destaques

  • Dados são relativos a 2018 e contemplam a população que precisa sair do próprio município para comprar vestuário, calçados, móveis e eletroeletrônicos.
  • O deslocamento médio é de 73 km para adquirir eletroeletrônicos e móveis em outros centros urbanos. Esse número é próximo à distância média percorrida para a aquisição de vestuário e calçados (78 km).
  • Amazonas é o estado com maior média de deslocamentos tanto para compra de vestuário e calçados como para eletrônicos e móveis, com 342 km e 388 km, respectivamente. Já a menor média percorrida ocorre em Santa Catarina, com 33 km e 36 km.
  • A cidade de Goiânia é a que polariza o maior número de municípios (161) para compras de vestuário e calçados.
  • São Paulo se destaca no comércio de vestuário e calçados, além de móveis e eletrônicos.

O IBGE divulga hoje (21) a pesquisa Regiões de Influência das Cidades (Regic) 2018 – Informações de deslocamentos para Comércio, com dados preliminares, análises e regionalizações que identificam cidades que funcionam como polos comerciais para compra de roupas, calçados, móveis e eletroeletrônicos. Os dados, relativos a 2018, foram antecipados com o objetivo de contribuir com diagnósticos do impacto econômico da Covid-19. As informações também estão disponibilizadas em mapas interativos, no hotsite covid19.ibge.gov.br/

A pesquisa mostra que o deslocamento médio dos brasileiros que precisaram sair de seu município para comprar eletroeletrônicos e móveis foi de 73 km. Já para adquirir vestuário e calçados, essa média aumenta para 78 km. De acordo com a pesquisa, o atendimento às demandas das cidades afastadas dos grandes centros urbanos frequentemente é feito pela internet, mas há locais que atraem pessoas de distâncias maiores, por possuírem comércio diversificado de eletrônicos, por exemplo.

Com o isolamento social atual, houve mudanças no padrão geográfico de consumo por causa da redução da atividade comercial e de restrições de deslocamentos entre municípios. De acordo com o gerente de Redes e Fluxos Geográficos do IBGE, Bruno Hidalgo, a pesquisa pode contribuir para fazer diagnósticos mais detalhados de impacto específico para essas cidades que funcionam como centros comerciais.

“As cidades que são destinos recorrentes para realização de compras dos itens investigados pela pesquisa podem sofrer redução de vendas específicas durante esse período de pandemia em razão de receberem menos consumidores do que o habitual”, explica.

Parte dessas repercussões negativas no comércio podem ser observadas pelos resultados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, que mostram que as vendas no varejo recuaram 2,5% em março de 2020 em relação a fevereiro. A queda foi ainda maior nos itens analisados nos quesitos de comércio da Regic: tecidos, vestuário e calçados tiveram um volume de vendas 42,2% inferior e o setor de móveis e eletrodomésticos teve uma redução de vendas de 25,9%. Em março de 2020, esses dois setores representaram 4,5% e 8,4%, respectivamente, do varejo nacional, segundo a PMC.

A Regic apresenta também um índice de atração, que aponta uma dimensão da quantidade potencial de pessoas que a cidade pode atrair para a aquisição de determinado bem ou serviço. O índice é calculado a partir da população residente nos municípios entrevistados e o percentual dos destinos. Nesse quesito, em relação ao comércio de vestuário e calçados, observa-se que entre os polos de comércio identificados, há os extremos de São Paulo (SP) e de São Francisco de Goiás (GO), o município com menor índice de atração.

Entre as mais atrativas para compras de vestuário e calçados, o arranjo populacional de Goiânia (GO) polariza o maior número de municípios (161), atraindo consumidores de grandes distâncias, como do Tocantins, sudeste do Pará, norte de Mato Grosso e oeste da Bahia. A segunda maior centralidade nesse tema é a cidade de Caruaru (PE), seguida de Feira de Santana (BA).

Entre os polos identificados como destino de compras de vestuário e calçados, destacaram-se também o arranjo populacional de Franca (SP), o município de Jaú (SP), o arranjo populacional de Brusque (SC), Tobias Barreto (SE), Santo Antônio de Jesus (BA), Cianorte (PR), Divinópolis (MG), Santa Cruz do Capibaribe (PE) e Toritama (PE).

Comércio de vestuário e calçados na Feira de Caruaru, em Pernambuco - Foto: Acervo IBGE 

Região Norte apresenta maior distância percorrida para compras de vestuário e calçados

Enquanto na região Norte, polarizada pelo município de Manaus (AM) e pelo arranjo populacional de Belém (PA), as distâncias a serem percorridas para aquisição de vestuário e calçados, em média, superam os 160 km, os deslocamentos nos estados do Sudeste e a maioria dos estados das regiões Sul e Nordeste ficam em torno de 50 km a 75 km. A exceção é Tocantins, que segue a média de 85 km a 95 km dos vizinhos Maranhão, Piauí e Bahia.

A maior média de deslocamentos para compra de vestuário e calçados ocorre no Amazonas, com 342 km, quase exclusivamente em direção à capital. Já a menor ocorre em Santa Catarina, com média de 33 km, onde a profusão de centralidades intermediárias existentes (capitais regionais, centros sub-regionais e centros de zona).

Os deslocamentos destinados ao arranjo populacional de Goiânia (GO), que polariza o maior número de municípios do país, apresenta uma média de 403 km.

Zona Franca de Manaus atrai população para compra de eletroeletrônicos no Amazonas 

As distâncias percorridas partindo de cidades do Amazonas para a compra de eletroeletrônicos e móveis (388 km) é duas vezes superior à segunda maior distância média, registrada no Mato Grosso (181 km). Isso ocorre por haver poucas cidades de níveis hierárquicos intermediários que poderiam atender a essa demanda no estado, além disso há a Zona Franca de Manaus, onde há fabricação e comércio especializado em eletroeletrônicos, mais um fator que contribui para a atratividade de Manaus. Sete cidades do oeste paraense e Boa Vista (RR) também indicaram Manaus (AM) como destino para esse tema.

Rondônia, por sua vez, com maior presença de cidades de hierarquias intermediárias – como Cacoal (RO), Ji-Paraná (RO) e Ariquemes (RO) – atrai as cidades próximas de menor porte e apresenta média de deslocamentos de 114 km, inferior em três vezes a média amazonense par compra de móveis e eletroeletrônicos.

O segundo estado com maior distância média percorrida entre as cidades para compras de eletroeletrônicos e móveis é Mato Grosso, totalizando 181 km. O estado costuma apresentar médias de deslocamento mais semelhantes às encontradas na região Norte do que aos demais estados da região Centro-Oeste, sobretudo por conta do padrão de deslocamentos encontrados no leste do estado.

Em um padrão intermediário, Tocantins, Maranhão, Goiás e Piauí apresentaram médias semelhantes de deslocamentos para compras de eletroeletrônicos e móveis (entre 85 km e 95 km), seguidos pela maioria dos estados do Nordeste, Sul  e  Sudeste  com  deslocamentos médios de 45 km a 75 km.

O destaque para curtas distâncias foi, assim como nas compras para vestuário e calçados, Santa Catarina, com apenas 36 km e a Paraíba, com 38 km. Nesse estado, os arranjos populacionais de Campina Grande (PB) e Patos (PB) foram centralidades de referência para compra de eletroeletrônicos para as cidades vizinhas, reduzindo a necessidade de deslocamentos por distâncias maiores.

Verificando as cidades que possuíam atração proporcionalmente mais forte para o tema de compras de eletroeletrônicos e móveis, além de São Paulo (SP) e Manaus (AM), destacaram-se Carmo do Cajuru (MG) e os arranjos populacionais de Ubá (MG) e São Bento do Sul (SC)/Rio Negrinho (SC), além de cidades fronteiriças, como os arranjos populacionais internacionais de Foz do Iguaçu (Brasil)/Ciudad del Este (Paraguai) e Pedro Juan Caballero (Paraguai)/Ponta Porã (Brasil).