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PIM Regional

Produção industrial recua em cinco de 15 locais pesquisados em fevereiro frente a janeiro

Editoria: Estatísticas Econômicas | Umberlândia Cabral

26/04/2023 09h00 | Atualizado em 28/04/2023 08h29


Redução na produção de alimentos influenciou a terceira queda consecutiva da indústria paulista - Foto: José Fernando Ogura/AEN-PR

Com a variação de -0,2% na produção industrial nacional em fevereiro ante janeiro, cinco dos 15 locais investigados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional também recuaram. As quedas mais acentuadas nesse período vieram de Rio Grande do Sul (-6,9%) e Mato Grosso (-4,9%). Os dois estados já haviam recuado no mês anterior. No acumulado do ano, a indústria caiu 1,1% e os resultados negativos foram disseminados por 11 dos 18 locais pesquisados nesse indicador. Já no acumulado em 12 meses, a variação negativa alcançou 9 de 15 locais. Os dados foram divulgados hoje (26) pelo IBGE.

Em janeiro, a produção industrial do Rio Grande do Sul havia caído 4,6% e, com o resultado de fevereiro, acumulou perda de 11,2%. “Na passagem de janeiro para fevereiro, a produção industrial nacional teve o terceiro resultado negativo consecutivo, acumulando queda de 0,6% nesse período. A maior influência sobre esse recuo de fevereiro veio do Rio Grande do Sul, que foi impactado pelos setores de derivados do petróleo e de veículos”, explica o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.

O pesquisador conta que as férias coletivas no setor de veículos em fevereiro impactaram a produção industrial do segmento no Rio Grande do Sul e no resultado nacional. “Esse setor vem diminuindo o ritmo de produção em razão do encarecimento de matérias-primas e do desabastecimento de insumos e, do lado do consumo, há a perda do poder de compra das famílias, com a inflação ainda em patamares elevados. Isso não favorece a produção desse tipo de indústria, que, para diminuir o excesso de produção, usa o artifício de ceder férias coletivas, o que causa a queda de ritmo”, afirma.

São Paulo (-0,7%), estado responsável por cerca de 33% da produção industrial do país, recuou pelo terceiro mês consecutivo, acumulando nesse período queda de 4,7%. O resultado da indústria paulista em fevereiro foi o segundo de maior influência negativa sobre o índice nacional. “A indústria de alimentos influenciou essa queda, com os impactos sobre esse setor causados pelo embargo das carnes brasileiras pelo governo chinês na última semana de fevereiro. Outra explicação para essa perda é a estratégia de produção do próprio segmento no que tange a sua cadeia produtiva, já que, nos últimos meses de 2022, houve ganho acumulado”, analisa Bernardo.

Já a retração da produção mato-grossense foi impactada principalmente pelo setor de produtos químicos. “Nesse segmento, houve redução na produção de fertilizantes. A indústria do estado também sofreu os impactos dos resultados negativos dos derivados do petróleo e do setor de alimentos, já que um dos principais produtos dentro desse segmento no Mato Grosso é a carne bovina”, diz o analista.

 

Em fevereiro, Goiás (-2,5%), Ceará (-1,9%) também recuaram. No lado positivo, Pernambuco (8,8%) teve a maior expansão do mês e o segundo avanço seguido, acumulando no período ganho de 27,1%. A Bahia (4,9%), que tinha registrado variação negativa de 0,2% no mês anterior, apresentou a segunda maior expansão e a segunda maior influência positiva sobre o resultado nacional entre os locais pesquisados. Os demais resultados positivos vieram de Minas Gerais (3,3%), Pará (2,7%), Região Nordeste (2,5%), Santa Catarina (1,8%), Espírito Santo (1,6%), Amazonas (1,6%), Rio de Janeiro (1,1%) e Paraná (0,4%).

O resultado de Minas Gerais foi a principal influência positiva sobre o índice nacional. “Essa é a segunda taxa positiva seguida da produção mineira, que acumula ganho de 4,7% no período. Os impactos positivos vieram dos setores de metalurgia e de máquinas e equipamentos”, avalia Bernardo.

Indústria recua em 12 de 18 locais na comparação interanual

A indústria recuou 2,4% frente a fevereiro do ano passado e, regionalmente, 12 dos 18 locais pesquisados acompanharam o resultado negativo. As maiores quedas foram registradas por Rio Grande do Sul (-13,3%), Mato Grosso (-13,0%) e Ceará (-11,4%). No caso da produção industrial gaúcha, a queda foi relacionada principalmente ao setor de derivados de petróleo.

Já os setores de produtos químicos e de produtos alimentícios impactaram o resultado de Mato Grosso na comparação com o mesmo período do ano anterior. Por outro lado, na indústria cearense, entre as maiores influências do resultado negativo frente a fevereiro de 2022 está a queda no desempenho dos setores de vestuário e metalurgia.

Outros locais que recuaram nessa comparação foram Região Nordeste (-6,3%), Bahia (-6,1%), Pará (-4,9%), Pernambuco (-4,8%), Santa Catarina (-4,6%), São Paulo (-4,5%), Mato Grosso do Sul (-3,4%), Goiás (-2,7%) e Espírito Santo (-0,6%).

“Nesse indicador, do lado das quedas, a maior influência foi a produção de São Paulo, que teve resultados negativos em 12 das suas 19 atividades pesquisadas. Um dos destaques foi o setor de derivados do petróleo, impactado pela diminuição na produção de óleo diesel, gasolina automotiva e naftas. Em segundo lugar, o setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos sofreu o impacto da queda de produção de telefones celulares e computadores pessoais portáteis”, diz.

No início do mês, foram divulgados pela primeira vez os resultados da PIM Regional após as atualizações na seleção de amostra de empresas e unidades locais e na lista de produtos e a inclusão de três novos locais: Rio Grande do Norte, Maranhão e Mato Grosso do Sul. Em fevereiro, a produção potiguar avançou 1,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior. “A principal influência positiva sobre esse resultado veio do setor de alimentos, com o aumento da produção de amendoins, castanhas de caju, do Pará e semelhantes torrados ou salgados”, pontua o pesquisador. No estado, o setor de alimentos representa 13,6% da produção industrial total.

Já em Mato Grosso do Sul, a queda de 3,4% foi influenciada pelo setor de celulose, papel e produtos de papel. “Esse é um segmento bastante atuante no estado e, dentro dessa atividade, houve queda na produção de pasta de celulose. Outro impacto veio do setor de derivados de petróleo e biocombustíveis, com a queda na produção de álcool etílico”, diz Bernardo. Já no Maranhão, o setor de celulose impactou positivamente no avanço de 6,3%.

Mais sobre a pesquisa

A PIM Regional produz, desde a década de 1970, indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativas e de transformação. Traz, mensalmente, índices para 17 unidades da federação cuja participação é de, no mínimo, 0,5% no total do valor da transformação industrial nacional e, também para o Nordeste como um todo: Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Região Nordeste.

Os resultados da pesquisa também podem ser consultados no Sidra, o banco de dados do IBGE.