POF 2017-2018
Famílias chefiadas por brancos gastam quase o dobro com lazer do que pretos ou pardos
19/08/2021 10h00 | Atualizado em 30/09/2021 10h14
Destaques
- A despesa média mensal por pessoa foi de R$ 53,93, sendo R$ 34,41 em famílias chefiadas por brancos e de R$ 18,35 nas famílias chefiadas por pretos ou pardos entre 2017 e 2018.
- Os gastos também variam conforme o sexo, o nível de instrução e a renda da pessoa de referência.
- 72,3% da despesa das famílias com lazer foi com viagens.
- 65,8% das pessoas vivam em famílias que consideram seu lazer bom ou satisfatório e 34,1%, ruim.
As famílias chefiadas por brancos gastaram quase o dobro com lazer e viagens, entre 2017 e 2018, do que famílias cujos responsáveis eram pretos ou pardos. No primeiro grupo, a despesa média mensal por pessoa foi de R$ 34,41. Já nas famílias com pessoa de referência preta ou parda esse valor foi de R$ 18,35. Os dados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018: Perfil das Despesas, divulgada hoje (19) pelo IBGE.
Essa diferença é ainda maior dependendo do tipo de lazer. Em viagens, por exemplo, o investimento em passeios e pacotes turísticos é quase três vezes maior em famílias chefiadas por brancos (R$ 7,68) do que pretos ou pardos (R$ 2,58). Por outro lado, é menor a diferença dos gastos com eventos culturais e esportivos ou leitura brinquedos e jogos.
Além da cor ou raça, os gastos com lazer e viagens variam conforme o sexo da pessoa de referência. Em famílias chefiadas por mulheres (R$ 18,12) a despesa mensal por pessoa foi a metade em relação àquela cujos responsáveis eram homens (R$ 35,80).
Dependendo do nível de instrução e renda, essa diferença é ainda maior. Nas famílias que integram os 10% mais ricos, as despesas mensais com lazer e viagem chegaram a R$ 26,43 por pessoa, enquanto nas famílias que integram os 10% com os menores rendimentos, essa despesa foi de apenas R$ 0,84. Disparidade semelhante está entre as famílias cuja pessoa de referência tem o curso superior completo (R$ 27,08) e aquelas sem instrução (R$ 1,07).
“O que pode explicar todas essas as diferenças é a desigualdade de rendimento das famílias, que varia conforme o nível de instrução, a formalização e a composição familiar. Em famílias com renda disponível para gastos além do essencial é maior a despesa com lazer e viagem”, explica analista da pesquisa, Luciana Alves dos Santos.
Entre 2017-2018, a despesa média per capita de todas as famílias com lazer e viagens esporádicas a lazer foi de R$ 53,93, sendo que 72,4% desse total foram gastos com viagens. Já o restante (27,6%) com outras atividades, como leitura, ingressos para eventos de entretenimento, esportivos e recreação, além de brinquedos e jogos.
Do total gasto com viagens, 73,4% foram para alimentação, transporte e hospedagem e 26,6% com passeios e eventos e pacotes turísticos nacionais e internacionais. Entre as demais atividades, 63,8% foram para eventos culturais, esportivos e recreação e 36,2% para leitura, brinquedos e jogos.
65,8% consideram seu lazer bom ou satisfatório e 34,1%, ruim
A pesquisa também captou a avaliação subjetiva das famílias entrevistadas sobre o seu padrão de lazer entre 2017 e 2018. Cerca de 35,1% das pessoas pertenciam a famílias que avaliaram como bom seu padrão de vida em relação à qualidade dos serviços públicos e privados de lazer a que os membros da família tiveram acesso no período. Já 30,7% consideraram esse aspecto como satisfatório e 34,1%, ruim.
Entre as 35,1% das pessoas em famílias que avaliaram como bom o seu padrão de lazer, 16,5% eram integrantes de famílias chefiadas por brancos e 18,2% compunham famílias cuja pessoa de referência era preta ou parda. No outro extremo das avaliações, a diferença entre os dois segmentos foi maior: dos 34,1% das pessoas que pertenciam as famílias que avaliaram seu lazer como ruim, 12,1% eram de famílias com pessoa de referência branca e 21,6% integravam famílias chefiadas por pretos ou pardos.
Entre os 10% das famílias com os maiores rendimentos, 54,0% das pessoas estavam em famílias que avaliaram seu padrão de lazer como bom e 14,0% como ruim. Por outro lado, entre os 40% das famílias com os menores rendimentos, apenas 29,0% das pessoas pertenciam a famílias que consideraram bom o seu padrão de lazer, enquanto 42,0% o avaliaram como ruim.