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Pesquisa Nacional de Saúde

Saúde da Família visitou cerca de 4 em cada 10 domicílios do programa em 2019

Editoria: Estatísticas Sociais | Umberlândia Cabral | Arte: Helena Pontes

04/09/2020 10h00 | Atualizado em 04/09/2020 10h08

  • Destaques

  • Em 2019, 38,4% dos domicílios cadastrados em Unidade de Saúde da Família (USF) receberam pelo menos uma visita por mês de um agente comunitário de saúde ou membro da Equipe de Saúde da Família.
  • Em números absolutos houve expansão de 1,3 milhão de domicílios visitados em 2019 frente a 2013.
  • 23,8% dos domicílios cadastrados em USF nunca receberam visita de agentes de saúde
  • 8,1% das pessoas tinham deixado de realizar atividades habituais por questões de saúde. Entre os motivos mais apontados estão problemas nos ossos e articulações e problemas respiratórios.
  • Menos da metade da população brasileira (49,4%) se consultou com um dentista nos últimos 12 meses antes da entrevista
  • Cresceu de 71,2%, em 2013, para 76,2%, em 2019, a proporção de pessoas que haviam se consultado com um médico nos 12 meses que antecederam a entrevista.
  • Das 13,7 milhões de pessoas que ficaram internadas por pelo menos 24 horas nos 12 meses que antecederam a entrevista, 64,9% tiveram esse atendimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
#PraCegoVer Mulher de costas vestida com camiseta branca,  uniforme de agente de saúde da prefeitura de São José do Rio Preto atende um senhor que está atrás de um portão de grade
Centro-Oeste foi a região com maior cobertura de visitas do Saúde da Família - Foto: ANASPS Online

Em 2019, 38,4% dos domicílios cadastrados em Unidade de Saúde da Família (USF) receberam pelo menos uma visita por mês de um agente comunitário de saúde ou de um membro da equipe de Saúde da Família. É uma queda em relação ao percentual de 2013, quando 47,2% dos domicílios receberam esse tipo de visita mensal. A informação é do primeiro volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada hoje (4) pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde.

“Embora o número absoluto de domicílios visitados tenha aumentado (15,4 milhões em 2019 frente aos 14,1 milhões de 2013), o percentual diminuiu porque o número de endereços cadastrados cresceu em maior proporção que as visitas mensais”, explica a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

Os domicílios do Centro-Oeste (46,8%), Nordeste (42,6%) e Norte (38,7%) tiveram resultados superiores à média nacional, enquanto os do Sudeste tiveram o pior (33,4%). A pesquisa aponta outra piora em relação às visitas: 23,8% dos domicílios cadastrados em USF, o que corresponde a 9,5 milhões, nunca receberam visita desses profissionais de saúde. Esse número representa um aumento em relação aos dados de 2013 (17,7%), quando ocorreu o último levantamento da pesquisa. Esse crescimento ocorreu em todas as grandes regiões e o maior percentual foi registrado no Sudeste, onde 30% dos domicílios nunca receberam esse tipo de visita.

A visita de agente de saúde especificamente para combate às endemias como, por exemplo, dengue, malária e leishmaniose, também foi observada. Essa visita não depende de cadastro dos domicílios na USF e os percentuais se referem a todos os domicílios. Em 2019, 64,6% dos domicílios receberam pelo menos uma visita de um agente nos últimos 12 meses que antecederam a entrevista, uma queda em relação ao percentual registrado em 2013 (69,3%). No ano passado, enquanto o Nordeste (72,4%) e o Centro-Oeste (71,9%) tiveram os maiores percentuais, o Sul registrou o menor (53,5%).

Uma em cada 4 pessoas deixaram as atividades habituais por problemas nos ossos e articulações

Outro ponto abordado pela pesquisa foi o percentual de pessoas que deixaram de realizar as atividades habituais como, por exemplo, trabalhar e estudar, por motivos de saúde: 8,1% delas tinham feito isso nas duas últimas semanas antes da entrevista. O Nordeste (8,7%) e o Sudeste (8%) tiveram as maiores proporções. Já em relação aos grupos etários, os idosos foram os que apresentaram a maior proporção de pessoas que deixaram de realizar essas atividades (12,2%).

Entre os motivos apontados pelas pessoas como impedimentos para realização dessas atividades, os mais frequentes foram problemas nos ossos e articulações (25,1%) e problemas respiratórios (21,0%). Problemas gastrointestinais (8,8%), problemas cardiovasculares (7,1%) e de saúde mental (6,2) também apareceram entre os mais citados. A pesquisa destaca ainda que 12,7% das pessoas que deixaram de realizar as atividades habituais afirmaram que os motivos estavam relacionados ao trabalho.

76,2% da população haviam se consultado com um médico em 12 meses

A pesquisa apontou que 76,2% das pessoas haviam se consultado com um médico nos 12 meses que antecederam a entrevista. São 159,6 milhões de pessoas atendidas no período. O percentual é maior que o apresentado em 2013 (71,2%). Em 2019, o Norte apresentou o menor percentual em relação aos atendimentos médicos (68%), seguido do Nordeste (71,9%) e Centro-Oeste (73,7%).

Há uma indicação de distinção entre os grupos que receberam atendimento médico. A proporção de mulheres (82,3%) que foram a uma consulta foi superior à dos homens (69,4%). Outros grupos que lideraram a proporção foram: pessoas brancas (79,4%), pessoas com 60 anos ou mais (86,9%) e aquelas com nível superior completo (84,6%).

A proporção de pessoas que consultaram médico nos últimos 12 meses antes da entrevista cresce à medida que também se eleva a faixa de rendimento.

“Talvez as pessoas com níveis de renda mais elevado tenham mais condições, mais disponibilidade, para poder consultar médico”, explica a analista da pesquisa.

Menos da metade da população consultou um dentista em um ano

Menos da metade da população brasileira (49,4%) se consultou com um dentista nos últimos 12 meses antes da entrevista. Regionalmente, Norte (40,8%) e Nordeste (43,3%) apresentaram as menores proporções de pessoas que foram a esse tipo de consulta. Assim como as consultas médicas, os grupos que apresentaram o maior percentual foram mulheres (52,6%), pessoas brancas (55%) e aquelas com superior completo (70,4%). Os grupos de etários diferiram da consulta médica: no caso da consulta odontológica, as maiores proporções ficaram com pessoas entre 18 e 29 anos (55,5%) e entre 30 e 39 anos (55,2%).

Os dados da pesquisa apontam que a atenção com a saúde bucal ainda é incipiente no país. “Existe uma recomendação de que o ideal são duas visitas ao ano ao dentista como forma de prevenção e menos da metade da população foi ao dentista no período de 12 meses”, diz a pesquisadora.

73,6% conseguiram atendimento de saúde na primeira procura

Das 39 milhões de pessoas que procuraram algum tipo de atendimento de saúde, 86,1% conseguiram e, destes, 73,6% foram atendidos na primeira procura. Esse percentual é inferior ao de 2013, quando 95,3% conseguiram esse feito. Os percentuais de atendimentos variaram de 66,6%, no Sul, a 77,6%, no Nordeste. Entre as pessoas que conseguiram atendimento de saúde, 60,9% tiveram algum remédio receitado e 85% delas conseguiram todos os medicamentos prescritos.

64,6% das pessoas internadas em hospitais utilizaram o SUS

Das 13,7 milhões de pessoas que ficaram internadas por pelo menos 24 horas nos 12 meses que antecederam a entrevista, 64,6% tiveram esse atendimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). As maiores proporções estavam no Nordeste (77,8%) e Norte (76,2%) e a menor, no Sudeste (56,4%).

A proporção de internação em hospitais do SUS foi maior entre os homens (65,4%), as pessoas entre 18 e 29 anos (72%) e pessoas pretas (75,9%) e pardas (73,6%).

Quando se analisa o recorte de rendimento domiciliar per capita também há diferença entre as pessoas que ficaram internadas em hospitais por 24 horas ou mais e a última internação foi pelo SUS: 95% das pessoas sem rendimento até 1/4 do salário mínimo estavam nessa situação. “As pessoas com maior rendimento têm plano de saúde e por esse motivo não usam o SUS, o que não acontece com a população com menor rendimento, que é mais dependente do serviço público”, diz Maria Lúcia.