Sistema de Indicadores Culturais
Setor cultural tem inflação média de 3,5% em sete anos, abaixo do IPCA
05/12/2019 10h00 | Atualizado em 05/12/2019 10h00
Os preços da cultura tiveram crescimento anual médio de 3,5%, abaixo da inflação oficial, que foi de 5,9% entre 2012 e 2018. As informações são do Sistema de Informações e Indicadores Culturais 2019, divulgado hoje (5) pelo IBGE, que traz pela primeira vez o Índice de Preços da Cultura (IPCult), com base nos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O novo indicador acompanha o comportamento dos preços de uma cesta fixa de bens e serviços culturais, como televisor, ingressos para cinema, eventos esportivos e boates, além da aquisição de instrumentos musicais, cursos de idiomas e livros, por exemplo. Esses e outros itens estão distribuídos em sete grupos: artigos de residência; acessórios pessoais; despesas pessoais com serviços culturais; despesas pessoais com produtos culturais; jornais, revistas e assinaturas; produtos e atividades de ensino; e serviços de telefonia, TV por assinatura e internet.
Segundo o pesquisador do IBGE Leonardo Athias, o grupo serviços de telefonia, TV por assinatura e internet é o principal grupamento na composição do IPCult, com um peso em torno de 40% da cesta, apresentando uma pequena e gradual redução do seu peso no decorrer do período, indo de 42,3%, em 2012, para 39% em 2018.
Já acessórios pessoais e jornais, revistas e assinaturas são os dois grupos com menor participação, em torno de 5%. Os demais têm peso entre 10% e 15% da cesta. Artigos de residência e serviços de telefonia, TV por assinatura e internet foram os únicos grupamentos que apresentaram tendência de queda de peso em todo o período, levando outros grupos a aumentarem sua importância, sendo o maior ganho para produtos e atividades de ensino, cujo peso cresceu 2,4 pontos percentuais no período.
“As variações de preços mais elevadas foram registradas nos produtos e atividades de ensino (com variação anual média de 7,5%), jornais, revistas e assinaturas (6,6%) e acessórios pessoais (6,3%). Já as menores variações médias foram observadas em artigos de residência (0,5%) e serviços de telefonia, TV por assinatura e internet (2,1%). Isso reflete uma redução significativa dos preços de produtos e serviços ligados a este setor, o que teria facilitado o acesso a bens e serviços que compõem a cesta do índice”, comentou o pesquisador.
Ao analisar os dados por grandes regiões, Leonardo Athias observa uma maior parcela do consumo cultural localizada no Sudeste e a menor no Nordeste. “Por outro lado, em todas as regiões há decréscimo gradual, ao longo do tempo, da participação do consumo de bens e serviços culturais em relação à cesta total de produtos que compõe o IPCA, o que se explica pelas variações de preço relativamente inferiores do IPCult. Em 2012, para Brasil, o Índice de Preços da Cultura respondia por 7,7% do IPCA, acima do patamar registrado no final do período de análise, 6,6% em 2018”, disse.
O indicador revela ainda um maior peso para serviços de telefonia, TV por assinatura e internet nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, enquanto despesas pessoais com produtos culturais são relativamente mais importantes nas regiões Sudeste e Sul. Acessórios pessoais apresentam crescimento mais elevado nas regiões Norte e Sul. Já produtos e atividades de ensino tiveram aumento acelerado no Sudeste, no Centro-Oeste e no Nordeste.
“O consumo da cultura pelas famílias pode ser determinado por fatores relacionados à educação, como a qualidade do ensino e a escolaridade média da população, por exemplo, ou por hábitos relacionados a diferentes modos de vida que definem a preferência por diferentes tipos de bens e serviços culturais. Além disso, fatores conjunturais como oscilações nas taxas de desemprego e renda média também podem contribuir para mudanças de padrões de consumo para bens e serviços culturais”, comentou o pesquisador.