PNAD Contínua
Desocupação cai para 11,7% com alta da informalidade em período eleitoral
29/11/2018 09h00 | Atualizado em 29/11/2018 13h55
Influenciada pela criação de postos de trabalho para atuar nas eleições, a taxa de desocupação do trimestre fechado em outubro ficou em 11,7%, uma queda de 0,6 ponto percentual frente aos 12,3% do trimestre de maio a julho. A população ocupada cresceu 1,4% (1,2 milhão de pessoas a mais), nesse período, totalizando 92,9 milhões de pessoas. Mesmo assim, ainda existiam 12,4 milhões que buscam trabalho, no trimestre, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada hoje pelo IBGE.
A quantidade de empregados no setor privado sem carteira assinada cresceu 4,8% em relação ao trimestre anterior, chegando a 11,6 milhões de pessoas (aumento de 534 mil ocupados). Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve alta de 5,9%, crescimento estimado de 649 mil pessoas. Já os trabalhadores por conta própria cresceram 2,2%, alcançando 23,6 milhões de pessoas (497 mil mais que no trimestre anterior). Frente ao mesmo período do ano anterior, o indicador também apresentou elevação, 2,9%, representando mais 655 mil pessoas.
“A desocupação vem em processo de queda e essa tendência é em função da entrada de pessoas trabalhando na informalidade. Os empregados com carteira de trabalho não dão nenhum sinal de aumentar. O que aumentam são os empregados sem carteira e os trabalhadores por conta própria, principalmente sem CNPJ”, explica o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
O aumento no contingente de ocupados foi distribuído entre os grupos de atividade, com destaque para Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas (mais 214 mil pessoas) e Outros serviços (mais 240 mil pessoas).
Segundo Cimar, a queda na desocupação, no trimestre encerrado em outubro, foi favorecida pelas eleições: “no grupo de Informação, estão as pessoas ocupadas nas pesquisas eleitorais e no grupo de outros serviços, os cabos eleitorais e todo o pessoal que trabalhou fazendo campanha para os candidatos”, explica.
A pesquisa mostra, ainda, que essas pessoas que trabalharam nas eleições engrossaram o contingente de subocupados por insuficiência de horas, que chegou a 7 milhões no trimestre encerrado em outubro, um aumento de 6,4% (418 mil pessoas a mais). Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (agosto a outubro de 2017) esse indicador apresentou, também, variação positiva (10,5%).
Os desalentados, aqueles que desistiram de procurar trabalho, por sua vez, permaneceram estáveis na comparação trimestral, mas subiram 10,6% frente ao mesmo período de 2017, chegando a 4,7 milhões de pessoas (4,3% da força de trabalho).
A melhora na ocupação não se refletiu no rendimento médio real habitual (R$ 2.230), permanecendo estável na comparação com o trimestre anterior e também frente ao mesmo período do ano anterior.
Cimar Azeredo, destacou, em entrevista coletiva na Sede do IBGE, que no último trimestre do ano a PNAD-Continua deverá mostrar a influência no mercado de trabalho das eleições (outubro), da Black Friday (novembro) e do Natal (dezembro).