Síntese de Indicadores Sociais
IBGE mostra que um a cada quatro idosos trabalhava em 2024
03/12/2025 10h00 | Atualizado em 03/12/2025 10h00
Destaques
- Cerca de 1 a cada 4 pessoas idosas estavam ocupadas em 2024.
- Com 70 anos de idade ou mais, 15,7% dos homens e 5,8% das mulheres ainda permaneciam ocupados.
- O rendimento médio real habitual do trabalho principal para as pessoas de 60 anos mais (R$ 3.108) foi 14,6% superior ao das pessoas de 14 anos ou mais.
- A taxa de desocupação (6,6%) foi a menor da série histórica iniciada em 2012, porém os ocupados sem vínculo de trabalho ampliaram a participação chegando, em 2024, a 46,5%
- A população ocupada total atingiu o nível mais elevado da série anual, com cerca de 101,3 milhões de pessoas no ano.
- O nível de ocupação das mulheres com ensino superior completo (75,9%) foi 3,0 vezes maior que o das mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (25,3%).
- Rendimento da população branca é cerca de 65% maior do que a da preta e parda.
- Maranhão (R$ 2.051) e Ceará (R$ 2.053) foram as unidades da federação que apresentaram os menores rendimentos médios mensais. Já os maiores estavam no Distrito Federal (R$ 5.037) e São Paulo (R$ 3.884).
A população idosa de 60 anos ou mais de idade cresceu de 22 milhões para 34,1 milhões, entre 2012 e 2024, um aumento percentual de 53,3%. O nível de ocupação desse grupo foi de 24,4%, sendo de 34,2% entre os homens e de 16,7% entre as mulheres. Ou seja, cerca de 1 a cada 4 pessoas idosas estavam ocupadas em 2024.
As taxas de subutilização (13,2%) e de desocupação (2,9%) eram bem inferiores às apresentadas pela média da população, 16,2% e 6,6%. Essas e outras informações integram o capítulo de Estrutura econômica e mercado de trabalho de um dos principais estudos do IBGE, a Síntese de Indicadores Sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira 2025. O estudo traz outros dois capítulos: Educação e Padrão de vida e distribuição de rendimentos.
Em 2024, entre 60 e 69 anos, quase metade dos homens (48,0%) e pouco mais de um quarto das mulheres (26,2%) estavam ocupados. Com 70 anos ou mais, 15,7% dos homens e 5,8% das mulheres ainda permaneciam ocupados no mercado de trabalho.
"O aumento da expectativa de vida e as mudanças ocorridas nos arranjos familiares nos últimos anos, somados à alta informalidade no mercado de trabalho brasileiro e à reforma ocorrida em 2019 no Sistema de Previdência Social, são fatores que tendem a levar à permanência das pessoas no mercado de trabalho por mais tempo", explicou Denise Freire, analista do estudo.

Em 2012, o nível de ocupação dos idosos com 60 anos ou mais era de 22,0%, atingindo 23,1% em 2019, mas caindo para 19,8% (2020) e 19,9% (2021) nos anos de pandemia de Covid-19. A recuperação da ordem de dois pontos percentuais por ano se deu em 2022 (21,3%) e 2023 (23,0%), chegando a 24,4% em 2024.
Segundo Denise Freire, ao longo da série histórica da pesquisa, percebe-se que o percentual de idosos no mercado de trabalho cresceu. "Então houve a pandemia e teve uma queda expressiva no nível de ocupação, porque era um grupo que realmente precisava se proteger. Mas, passado o período mais crítico da pandemia, esse grupo tem retomado sua participação no mercado de trabalho, atingindo o maior percentual em 2024”, explicou.
A inserção das pessoas idosas no mercado de trabalho por posição na ocupação ocorre, principalmente, pelo trabalho por conta própria (43,3%) e como empregador (7,8%), em comparação com as pessoas de 14 anos ou mais no mercado de trabalho, que apresentaram 25,2% e 4,3% nessas posições, respectivamente.
O rendimento médio real habitual do trabalho principal para as pessoas de 60 anos mais (R$ 3.108) foi 14,6% superior ao das pessoas de 14 anos ou mais. As mulheres idosas receberam R$ 2.718, um valor 33,2% inferior ao recebido pelos homens, R$ 4.071, e as pessoas pretas ou pardas, R$ 2.403, 48,7% menor que as pessoas brancas, R$ 4.687. Enquanto no grupo de 14 a 29 anos, o valor do rendimento-hora foi de R$ 13,30, para as pessoas com 60 anos ou mais foi quase o dobro, R$ 25,60.
Taxa de desocupação de 6,6% em 2024 é a menor da série histórica iniciada em 2012
Em 2024, a taxa de desocupação (6,6%) foi a menor da série histórica iniciada em 2012, abaixo da registrada em 2014 (7,0%). Já o nível de ocupação atingiu o nível mais alto da série (58,6%), o dos homens alcançando 68,8% contra 49,1% para as mulheres.
Porém, os ocupados sem vínculo de trabalho ampliaram a participação a partir de 2021, chegando, em 2024, a 46,5%, enquanto a população ocupada com vínculo era de 47,9%. Entre os ocupados sem vínculo, a taxa de crescimento foi maior para os ocupados sem carteira (4,2%), do que para os trabalhadores por conta própria (1,8%).
Em números absolutos, o crescimento total das pessoas ocupadas em 2024, comparativamente a 2023, alcançou 2,6 milhões de pessoas. A população ocupada total atingiu o nível mais elevado da série anual, com cerca de 101,3 milhões de pessoas no ano.
O nível de ocupação das mulheres com ensino superior completo (75,9%) foi 3,0 vezes maior que o das mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (25,3%). Entre homens, o nível de ocupação daqueles com ensino superior completo (86,0%), 1,6 vezes maior que o de homens sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (52,6%).
Os jovens (14 a 29 anos), que representavam cerca de 1/3 das pessoas ocupadas em 2012, perderam participação a cada ano, com destaque para o ponto mínimo em 2020 (25,8%), em decorrência da pandemia de COVID-19. Nos anos seguintes, houve uma lenta recuperação e chegaram em 2024 com 26,5% das pessoas ocupadas no mercado de trabalho.
Por sua vez, as pessoas com 50 a 59 anos e as pessoas idosas (60 anos ou mais) aumentaram a sua participação entre 2012 e 2024. Em 2012, esses dois grupos, somados, totalizavam 19,1% das pessoas ocupadas e, em 2024, 24,3%. A participação da parcela etária intermediária, de 30 a 49 anos, registrou tendência de crescimento até 2020 (51,3%), iniciando posteriormente trajetória de queda até 2024, quando atingiu 49,2%, patamar próximo ao observado em 2015.
Rendimento da população branca é cerca de 65% maior do que a da preta e parda
Em 2024, a população ocupada de cor ou raça branca recebia, em média, 65,9% mais do que a de cor ou raça preta ou parda, e os homens, 27,2% mais que as mulheres, considerando o rendimento de todos os trabalhos. O rendimento hora médio real era de R$24,60 para brancos, enquanto pretos e pardos recebiam R$ 15,00.
"Em 2024, foi registrado um aumento do rendimento médio real de todos os trabalhos, entretanto, as desigualdades por cor e raça e por sexo permanecem. Há desigualdades elevadas, com a população masculina recebendo mais do que a feminina e a branca mais do que pretos e pardos. Em relação ao início da série, observa-se uma redução do nível de desigualdade, mas ainda permanece em níveis significativos", ressaltou o analista do estudo, João Hallak.
O rendimento médio real habitual da população ocupada no trabalho principal passou de R$ 3.002 mensais, em 2023, para R$ 3.108, em 2024, um aumento de 3,5%, acumulando alta de 10,8%, em termos reais, no biênio 2023-2024. Os três grupos com o maior rendimento habitual de todos os trabalhos, em 2024, eram “Diretores e gerentes” (R$ 8.721), “Membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares” (R$ 6.749) e Profissionais das ciências e intelectuais” (R$ 6.558).

Os Serviços domésticos (R$ 1.241) apresentaram rendimentos inferiores a 40% do rendimento médio total. Já os segmentos de Informação, financeira e outras atividades profissionais (R$ 4.442) e Administração pública, educação, saúde e serviços sociais (R$ 4.412), registraram os valores mais elevados e consideravelmente acima da média total.
Em 2024, considerando o rendimento médio de todos os trabalhos, as pessoas ocupadas nas regiões Norte (R$ 2.450) e Nordeste (R$2.229) recebiam, respectivamente, 76,4% e 69,5% do correspondente a média nacional. Maranhão (R$ 2.051) e Ceará (R$ 2.053) foram as unidades da federação com os menores rendimentos médios mensais. Já os maiores estavam no Distrito Federal (R$ 5.037) e São Paulo (R$ 3.884).
Mais sobre a pesquisa
A Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2025 tem como objetivos sistematizar e apresentar um conjunto de informações relacionadas à realidade social do país, a partir de temas estruturais de grande relevância. Nesta edição, os temas estão organizados em três eixos fundamentais e complementares: Estrutura econômica e mercado de trabalho; Padrão de vida e distribuição de rendimentos; e Educação. Adicionalmente, nesta edição, são abordados grupos ocupacionais, perfil das pessoas idosas no mercado de trabalho e um estudo sobre trabalhadores pobres também conhecidos como Working-Poor.