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Censo 2022

Em Campinas, IBGE divulga resultados do Censo 2022 sobre etnias e línguas indígenas

Editoria: IBGE | Juliana Pinho

24/10/2025 16h17 | Atualizado em 24/10/2025 16h23

Os resultados do Censo 2022 para Etnias e línguas indígenas foram divulgados no Auditório Milton Santos, na Unicamp (SP) - Foto: Ralph Izumi

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira (24), às 10h, em Campinas (SP), os resultados do “Censo Demográfico 2022: Etnias e Línguas Indígenas – Principais Características Sociodemográficas”. O evento foi realizado no Auditório Milton Santos, do Instituto de Geociências da Unicamp, em Campinas (SP), e transmitido pelo Portal do IBGE, na seção IBGE Digital. É possível assistir à gravação aqui.

A apresentação foi dividida em dois painéis. Compareceram à primeira mesa o assessor especial da Presidência do IBGE, Denis Gimenez; o diretor adjunto de Geociências do IBGE, Gustavo Cayres; a coordenadora técnica do Censo Demográfico, Giulia Scappini; o coordenador-geral adjunto da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE), César Augusto Marques; a coordenadora da Pós-Graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, Joice Vieira; a professora do núcleo geral comum da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, Jamille Lima-Payayá; e a secretária executiva adjunta da Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), Rozeli Porto.

No início do evento, em nome do presidente do IBGE, Marcio Pochmann, o assessor especial Denis Gimenez destacou que a divulgação reforça o compromisso institucional com a qualidade e a abrangência das informações produzidas. “A apresentação desses dados reflete o esforço do país em buscar informações mais precisas, que representem a totalidade de quem somos”, afirmou.

A mesa de abertura teve representantes do IBGE e da Academia - Foto: Ralph Izumi

O diretor adjunto de Geociências, Gustavo Cayres, ressaltou os desafios durante o levantamento e agradeceu às equipes técnicas e aos recenseadores. “Foram dez meses de coleta. Foi um Censo que enfrentou a pandemia de covid, restrições orçamentárias e disseminação de notícias falsas. Mesmo assim, o IBGE manteve a precisão das informações. O projeto voltado aos povos e comunidades tradicionais é um dos grandes orgulhos deste Censo”, disse.

A importância da colaboração das comunidades indígenas para o sucesso da operação foi enfatizada pela coordenadora técnica do Censo Demográfico, Giulia Scappini. “Esse trabalho só foi possível graças às pessoas que abriram suas portas e ampliaram nosso conhecimento sobre essas populações”, explicou. “Seguimos com a missão de representar cada povo e comunidade, reconhecendo e valorizando a pluridiversidade brasileira”.

Dando destaque ao uso das informações divulgadas no evento, César Augusto Marques, da ENCE/IBGE, refletiu sobre a relevância da integração entre a produção estatística e a ambiente acadêmico para o avanço do conhecimento. “Os dados do Censo são resultado de um processo rigoroso — da preparação à coleta, processamento e disseminação — e são cada vez mais demandados pela comunidade científica pela sua qualidade e profundidade”, afirmou. “É muito difícil pensar em uma pesquisa acadêmica sobre o tema de etnias e línguas indígenas que não utilize dados do IBGE e estamos comprometidos a entregar essas informações com cada vez mais qualidade”.

A professora Joice Vieira, da Universidade Estadual de Campinas, pontuou a oportunidade que o Censo oferece de conhecer melhor a população brasileira e toda a sua diversidade. “Falar de línguas e etnias é falar de ancestralidade — o fio que nos conecta ao passado, presente e futuro. Como diria Elis Regina: ‘o Brazil precisa conhecer o Brasil’”, defendeu.

Já a professora Jamille Lima-Payayá, também da Universidade de Campinas, ressaltou o impacto social das informações produzidas: “Esses dados não são apenas números: são ferramentas de luta e de amplificação das pautas indígenas dentro e fora da universidade. Falar da diversidade de línguas e etnias é reconhecer que somos múltiplos”.

A representante da Anpocs, Rozeli Porto, por sua vez, reforçou o impacto positivo que essa pesquisa pode gerar no futuro. “São dados que contam histórias de vida e que contribuem para a construção de um país mais justo, onde o conhecimento indígena se une à ciência para planejar o futuro”, concluiu.

Marta Antunes e Fernando Damasco fizeram apresentaram dos dados do Censo 2022 sobre Etnias e Línguas indígenas - Foto: Ralph Izumi

Após a mesa de abertura, a gerente dos Povos e Comunidades Tradicionais e Grupos Populacionais Específicos, Marta Antunes e o gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, apresentaram os resultados da pesquisa, destacando dados como o aumento no número de etnias indígenas em comparação a 2010 e a redução percentual de falantes de línguas indígenas.

Especialistas e lideranças indígenas comentaram resultados

No segundo painel, pesquisadores e lideranças indígenas se reuniram para comentar os dados apresentados e refletir sobre suas implicações acadêmicas, sociais e políticas. Compareceram à segunda mesa a coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Demografia dos Povos e Comunidades Tradicionais da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), Rosa Colman; o coordenador de gestão estratégica da FUNAI, Artur Mendes; o coordenador de Políticas Educacionais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, Edilson Baniwa; a coordenadora do Núcleo de Estudos de População Elza Berquó (NEPO-Unicamp), Glaucia Marcondes; o diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH-Unicamp), Ronaldo Almeida; e a técnica pedagógica da Coordenadoria de Modalidades Específicas da Secretaria Estadual de Educação do Mato Grosso do Sul, Waneide Duarte.

No segundo painel, pesquisadores e lideranças indígenas se reuniram para comentar os dados - Foto: Ralph Izumi

Os participantes destacaram o avanço metodológico do Censo 2022, que ampliou os quesitos voltados à identificação das etnias e línguas indígenas, e ressaltaram a importância do uso desses dados na formulação de políticas públicas, na proteção dos direitos e territórios indígenas e no fortalecimento das pesquisas acadêmicas sobre os povos originários.

O evento reuniu 120 participantes presencialmente - incluindo pesquisadores, estudantes, servidores e jornalistas - e centenas de espectadores online pelo canal do IBGE no YouTube.

Os resultados podem ser acessados no portal do IBGE e em plataformas como o Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA, o Panorama do Censo e a Plataforma Geográfica Interativa (PGI), sendo que, nesses dois últimos, as informações também estão disponíveis por meio de mapas interativos. Os dados abrangem Grandes Regiões, Estados, Municípios, Amazônia Legal e Terras Indígenas.

Oficina prática foi oferecida para estudantes e pesquisadores

Na sequência do evento, o Instituto promoveu a oficina “Povos indígenas no Censo 2022: potencialidades de uso e visualização de dados”, em duas turmas das 13h30 às 17h30. O público foi composto majoritariamente por estudantes e pesquisadores de áreas relacionadas ao tema.

Nas oficinas gratuitas ministradas por Marta Antunes e Fernando Damasco os participantes puderam se aprofundar nas novidades do Censo 2022 na investigação da temática indígena e descobrir as potencialidades de ferramentas de acesso, como o Sidra e a Plataforma Geográfica Interativa.

Em duas edições da “Povos indígenas no Censo 2022: potencialidades de uso e visualização de dados”, professores, alunos e público em geral conheceram melhor os dados do IBGE sobre indígenas - Foto: Ralph Izumi