Pesquisa Mensal de Comércio
Comércio varia -0,3% em julho e registra quarto resultado negativo seguido
11/09/2025 09h00 | Atualizado em 11/09/2025 10h36

As vendas do comércio varejista ficaram em -0,3% em julho, na comparação com junho. É o quarto resultado negativo consecutivo do setor, que já acumula 1,1% de perda no período. Já em relação a julho de 2024, o volume de vendas cresceu pela quarta vez seguida, com alta de 1,0%. No ano, o varejo acumulou crescimento de 1,7%. O acumulado em 12 meses foi de 2,5%.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (11), pelo IBGE.
No comércio varejista ampliado, que inclui Veículos, motos, partes e peças, Material de construção e Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas cresceu 1,3% em julho na comparação com junho. Frente a julho de 2024, houve queda de 2,5%. No ano e em 12 meses, o varejo ampliado acumula, respectivamente, -0,2% e 1,1%.
O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explica que esses quatro meses consecutivos sem crescimento na série com ajuste sazonal indicam uma perda de fôlego no curto prazo. “Desde março, último mês em que houve crescimento, o setor já registra uma queda de 1,1% no patamar de vendas", avalia Cristiano. Ele complementa que há uma espécie de fator base nessa queda lenta e contínua, já que março representa o topo da série ajustada sazonalmente.
A pesquisa mostra que houve equilíbrio entre taxas negativas e positivas na passagem de junho para julho nas atividades do varejo. As quedas foram registradas em Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-3,1%), Tecidos, vestuário e calçados (-2,9%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,6%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%). Já as altas ficaram por conta de Móveis e eletrodomésticos (1,5%), Livros, jornais, revistas e papelaria (1,0%), Combustíveis e lubrificantes (0,7%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,6%).
No comércio varejista ampliado, Veículos e motos, partes e peças teve alta de 1,8% enquanto Material de construção variou 0,4%. Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo não possui divulgação nessa comparação por não apresentar número suficiente de meses para ser submetida à modelagem de ajuste sazonal.
Apesar desse equilíbrio de resultados positivos e negativos entre as atividades, Cristiano considera que esse cenário negativo persistente nos últimos quatro meses é distribuído setorialmente. “Em julho, seis das oito atividades do varejo operavam abaixo do nível registrado em março. Nessa leitura, apenas os segmentos de móveis e eletrodomésticos e o setor farmacêutico seguiam acima do patamar de março", destaca.
O gerente da PMC avalia que, apesar da diminuição da pressão inflacionária com a queda nos preços de alimentos em julho, as vendas de hiper e supermercados seguem sem crescer pelo quarto mês consecutivo. “Já o setor de equipamentos eletrônicos, informática e comunicação apresentou a maior retração na passagem de junho para julho, com dois meses seguidos de queda. Antes disso, o comportamento era de alta volatilidade, com alternância entre crescimento e recuo mês a mês, reflexo das estratégias empresariais diante das variações abruptas do dólar", explica Cristiano.
Seis das oito atividades tiveram resultados positivos frente a julho de 2024
Na comparação com igual mês do ano anterior, o crescimento de 1,0% no varejo foi acompanhado por seis das oito atividades: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,8%), Livros, jornais, revistas e papelaria (3,4%), Móveis e eletrodomésticos (3,2%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,5%), Combustíveis e lubrificantes (1,0%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,4%). As duas atividades em queda nessa comparação foram Tecidos, vestuário e calçados (-1,5%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,7%).
No varejo ampliado, as três atividades adicionais ficaram no campo negativo: Veículos e motos, partes e peças (-9,0%), Material de construção (-2,6%), Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo (-7,5%).
Na comparação interanual, o varejo registra crescimento pelo quarto mês consecutivo. "Há uma predominância de resultados positivos entre os setores. Os destaques continuam sendo o setor farmacêutico e o de móveis e eletrodomésticos", comenta Cristiano.
Comércio varejista tem taxas negativas em 16 das 27 unidades da federação
Na passagem de junho para julho de 2025, na série com ajuste sazonal, o varejo teve resultados negativos em 16 das 27 Unidades da Federação, com destaque para Rondônia (-2,2%), Minas Gerais (-1,1%) e Paraíba (-1,0%). Pelo lado positivo, figuram 8 das 27 Unidades da Federação, com destaque para Amapá (3,9%), Distrito Federal (0,9%) e Sergipe (0,8%). Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul ficaram estáveis (0,0%).
No comércio varejista ampliado, a variação entre junho e julho de 2025 teve resultados positivos em 22 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Mato Grosso (7,1%), Amapá (4,4%) e Distrito Federal (4,2%). Pressionando negativamente, figuram cinco Unidades da Federação, com destaque para Espírito Santo (-2,6%), Roraima (-2,1%) e Mato Grosso do Sul (-0,7%).
Frente a julho de 2024, o comércio varejista foi predominantemente positivo, alcançando 20 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Amapá (8,5%), Santa Catarina (5,4%) e Mato Grosso (4,9%). No lado negativo, figuram sete Unidades da Federação, com destaque para Tocantins (-11,8%), Rio de Janeiro (-1,7%) e Goiás (-1,3%).
No varejo ampliado, a variação entre julho de 2025 e julho de 2024 também teve predominância de resultados positivos, atingindo 17 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Mato Grosso (9,7%), Amapá (8,9%) e Roraima (4,8%). Já dez Unidades da Federação ficaram no campo negativo, com destaque para São Paulo (-7,5%), Goiás (-5,0%) e Rio Grande do Sul (-4,2%).
"Mato Grosso e Amapá se destacam positivamente no comparativo interanual, tanto no varejo restrito quanto no ampliado. Já no ampliado, o destaque foi São Paulo, impulsionado pela comercialização e distribuição de cereais e leguminosas, além da queda observada no segmento de veículos", conclui o gerente da PMC.
Mais sobre a pesquisa
A PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista.
Iniciada em 1995, a PMC traz resultados mensais da variação do volume e receita nominal de vendas para o comércio varejista e comércio varejista ampliado (automóveis e materiais de construção) para o Brasil e Unidades da Federação. Os resultados podem ser consultados no Sidra. A próxima divulgação da PMC, com os resultados para julho de 2025, será em 11 de setembro.