IPP
Após 12 altas consecutivas, preços da indústria variam -0,12% em fevereiro
09/04/2025 09h00 | Atualizado em 09/04/2025 09h51

Os preços da indústria nacional registraram variação negativa de 0,12% em fevereiro frente a janeiro (0,15%), encerrando uma sequência de 12 resultados positivos seguidos. Nesse período, o ganho acumulado chegou a 9,71%. O Índice de Preços ao Produtor (IPP), assim, apresentou alta de 9,41% em 12 meses e o acumulado no ano ficou em 0,03%. Em fevereiro de 2024, a taxa mensal havia sido de 0,14%.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede os preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange as grandes categorias econômicas.
Em fevereiro de 2025, 12 das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram variações negativas de preço quando comparadas ao mês anterior, acompanhando a variação do índice na indústria geral. Em janeiro deste ano, 14 atividades haviam apresentado maiores preços médios em relação a dezembro de 2024. Os dados foram divulgados hoje (9) pelo IBGE.
“Assim como nos últimos meses, o resultado do IPP em fevereiro foi impactado pela variação cambial. Na comparação entre janeiro e fevereiro, observamos queda de 4,3% do dólar em relação ao real, a maior depreciação do dólar desde a passagem de fevereiro para março de 2022, quando caiu 4,4%. Ao mesmo tempo, o câmbio também tem ajudado a explicar as altas recentes do índice nos últimos meses e, se olharmos no acumulado em 12 meses, o dólar em fevereiro de 2025 ainda estava 16,1% acima do patamar de fevereiro de 2024, o que também é uma das explicações para a alta acumulada nesse período”, destaca Murilo Alvim, gerente do IPP.
As atividades industriais responsáveis pelas maiores influências no resultado de fevereiro foram refino de petróleo e biocombustíveis (0,24 p.p.), alimentos (-0,21 p.p.), outros produtos químicos (0,19 p.p.) e indústrias extrativas (-0,16 p.p.).
Em termos de variação, indústrias extrativas (-3,39%), outros equipamentos de transporte (-2,76%), outros produtos químicos (2,41%) e refino de petróleo e biocombustíveis (2,37%) foram os destaques em fevereiro.
O setor de alimentos (-0,84%) mostrou variação negativa pelo segundo mês seguido. Dessa forma, o acumulado no ano está em -1,70%, índice menos intenso do que o registrado em fevereiro de 2024 (-1,84%). Já em relação à variação acumulada em 12 meses, o resultado de 13,96% em fevereiro de 2025 foi o maior registrado desde julho de 2022 (19,55%). Em fevereiro de 2024, essa taxa foi de -4,47%. Dentre as 24 atividades analisadas pela pesquisa, a de alimentos foi a segunda no ranking de maiores influências (-0,21 p.p.) na variação mensal, e a primeira da lista tanto no acumulado no ano (-0,44 p.p.) quanto no acumulado em 12 meses (3,39 p.p.).
“É a segunda queda consecutiva de preços em alimentos, que acontece após uma sequência de nove altas consecutivas. Os destaques em fevereiro foram os menores preços das carnes, principalmente as carnes bovinas, que tiveram um maior nível de abates no mês, os preços do arroz, que está com uma oferta aquecida por conta do início da safra, e os preços de derivados da soja, também com oferta em alta, acompanhando o avanço da colheita. Como esses produtos são exportáveis, a variação cambial também ajuda a explicar esses resultados”, explica Murilo.
De janeiro para fevereiro de 2025, a atividade de indústrias extrativas (-3,39%) apresentou a variação mais intensa entre todas as pesquisadas. Em termos de influência, ficou na quarta posição no indicador mensal (-0,16 p.p.) e no acumulado no ano (-0,23 p.p.). “A razão para esse resultado passa pelos menores preços dos óleos brutos de petróleo, acompanhando a cotação internacional do petróleo. Novamente, por ser um produto cotado em dólar, essa queda acaba sendo impulsionada também pela depreciação do dólar no mês. Além disso, as indústrias de transformação, na média, tiveram variação positiva no mês (0,04%). O resultado negativo das indústrias extrativas foi, portanto, essencial para a variação também negativa do IPP”, observa Murilo.
Setor com maior influência no resultado geral da indústria em fevereiro, embora mostrando variação positiva (2,37%), refino de petróleo e biocombustíveis chegou ao quarto mês consecutivo de altas. O resultado de fevereiro, o maior dessa série, fez com que o acumulado no ano atingisse 3,89%, enquanto o acumulado em 12 meses ficou em 9,76%, o maior desde julho de 2024 (14,17%).
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada na passagem de janeiro para fevereiro de 2025 repercutiu da seguinte forma: -0,76% de variação em bens de capital (BK); -0,09% em bens intermediários (BI); e -0,04% em bens de consumo (BC), sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis (BCD) foi de 0,35%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) foi de -0,11%. Os bens de capital (-0,06 p.p.) foram os que mais influenciaram o IPP em fevereiro.
Saiba mais sobre o IPP
O IPP acompanha a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, e sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Trata-se de um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.
A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes, definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Cerca de 6 mil preços são coletados mensalmente. As tabelas completas do IPP estão disponíveis no Sidra. A próxima divulgação do IPP, referente a março, será em 8 de maio.