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Censo 2022

No Ceará, IBGE divulga resultados do Censo para cor ou raça com apoio do Banco Palmas

Editoria: IBGE | SDI-CE

28/12/2023 12h00 | Atualizado em 26/01/2024 10h26

A Cor ou Raça do Ceará foi revelada em evento de divulgação na sede do Banco Palmas

Na última sexta-feira, 22 de dezembro, mais um importante dado do Censo Demográfico 2022 foi revelado: a cor ou raça dos brasileiros. Assim como nas ocasiões anteriores, a Superintendência Estadual do IBGE no Ceará (SES/CE) organizou um evento para apresentação dos resultados do Estado. Mas, desta vez, a divulgação contou com a importante parceria do Instituto Banco Palmas, sediado no bairro Conjunto Palmeiras em Fortaleza-CE, que cedeu suas instalações e mobilizou a comunidade local.

O evento ocorreu no Auditório Sandra Magalhães, na sede do Banco Palmas, e teve a presença de representantes da instituição, além de lideranças comunitárias e moradores do bairro. Helder Rocha, Chefe da Seção de Disseminação de Informações (SDI) da SES/CE, conduziu a apresentação do perfil étnico-racial do Ceará, com dados por município, sexo e idade. A imprensa local também compareceu para fazer a cobertura da divulgação e repercutir os resultados do Estado.

Primeiro banco comunitário do Brasil

“O IBGE vai estar no Banco Palmas apresentando o resultado do Censo no que diz respeito às raças e às cores do Brasil… A gente se encontra lá!”, anunciou Joaquim Melo, fundador e diretor executivo do Banco Palmas, em vídeo na rede social do Instituto. O convite foi direcionado à população atendida pela instituição financeira, que compreende não apenas os moradores do Conjunto Palmeiras, mas também de outras comunidades, já que o banco vem expandindo seus serviços aos bairros adjacentes.

Em 1998, a Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras (ASMOCONP) criou o Banco Palmas, primeiro banco comunitário do Brasil, e também o Palmas, primeira moeda social do País. O objetivo era oferecer serviços financeiros aos moradores da periferia de Fortaleza-CE e, dessa forma, contribuir para o desenvolvimento socioeconômico local.

“Aqui nós também trabalhamos o lado social e cultural. Sempre que possível, o banco apoia projetos da comunidade. Fazemos parcerias com instituições do bairro para atingirmos cada vez mais a população”, explica Patrícia Lima, diretora financeira do Banco Palmas, destacando as ações da instituição, para além dos serviços bancários.

Aos 25 anos de existência, a experiência pioneira do Banco Palmas se mostra bem-sucedida, tendo se tornado exemplo para muitas outras comunidades e impulsionado a criação da Rede brasileira de bancos comunitários, hoje com 103 instituições participantes.

A Cor ou Raça do Ceará foi revelada em evento de divulgação na sede do Banco Palmas
A imprensa cearense compareceu na apresentação dos dados sobre identificação étnico-racial
O Banco Palmas foi parceiro da SES/CE na divulgação dos dados do Censo sobre a Cor ou Raça
Katiana Oliveira, presidente da associação de moradores do Conjunto Palmeiras, deu seu depoimento sobre os dados divulgados
Fortaleza tem a terceira maior população parda do Brasil, como aponta o Censo 2022.

Em 2010, Conjunto Palmeiras registrou maioria de população parda

A apresentação dos dados do Censo 2022 sobre Cor ou Raça dos cearenses foi inserida nas programações de comemoração do aniversário do Conjunto Palmeiras, que completou 50 anos em 2023. O bairro onde o Banco Palmas está sediado contou 36.599 habitantes no Censo Demográfico de 2010, sendo que a maioria dessa população (67,16%) se declarou parda.

O percentual de pardos do Conjunto Palmeiras foi maior do que o registrado naquele ano de 2010 em Fortaleza (57,23%), no Ceará (61,88%) e no País (43,13%). Ainda não foram divulgados resultados do Censo 2022 para o nível territorial de bairro, mas os dados para o município (59,99%), o Estado (64,71%) e o País (45,34%) apontam um aumento da autodeclaração de pessoas pardas.

A partir de seu trabalho com a população, Katiana Oliveira, assistente social e presidente da Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras (ASMOCONP), confirma que a maioria dos moradores do bairro são pardos. Mas ela observa também que há outros indicadores socioeconômicos que têm sido mais acionados quando o bairro é mencionado nas notícias.

A classificação do Conjunto Palmeiras no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), por exemplo, é um assunto recorrente entre as lideranças, que apontam a discrepância entre as ações promovidas pela comunidade e o permanente quadro de vulnerabilidade social dos seus habitantes. “Não está tendo retorno, os governos não estão implementando... Como a gente é o bairro mais pobre de Fortaleza, evidentemente teria que vir mais investimentos das políticas públicas em nosso território. O trabalho maravilhoso e gigante que o IBGE faz precisa ter um retorno”, reivindica a assistente social.

Dados do Ceará para Cor ou Raça

Os dados sobre o Ceará apresentados na divulgação ‘Censo Demográfico 2022: Identificação étnico-racial da população, por sexo e idade’ revelaram que a população residente no Estado é formada por 5.690.973 pessoas pardas (64,7%), 2.456.214 brancas (27,9%), 595.694 pretas (6,8%), 56.372 indígenas (0,6%) e 11.256 amarelas (0,1%).

Em comparação a 2010, a população total do Ceará apresentou uma variação percentual de 4,1%. Quanto à cor ou raça, a variação registrada entre 2010 e 2022 foi de -9,2% para a população branca, 51,7% para a população preta, -89,3% para a população amarela, 8,8% para a população parda e 172,4% para a população indígena.

A cor ou raça parda é a predominante em 183 dos 184 municípios cearenses. Apenas o município de Potiretama apresentou maioria de pessoas brancas (52,3% da população). A capital Fortaleza registrou a 3º maior população parda entre os municípios do País: 1.456.901 pessoas pardas.

No Ceará, Salitre é o município com maior proporção de pessoas pretas (14,7%); Choró é o que tem maior percentual de pessoas pardas (80,9%), e Monsenhor Tabosa é o que possui mais indígenas em relação à sua população total (28,3%).