O IBGE apresentou em Belém, na segunda-feira (7), os primeiros resultados do Censo Demográfico 2022 para a População Indígena. O local escolhido para o evento foi o Theatro da Paz, cuja plateia ficou lotada de autoridades governamentais, acadêmicos e lideranças indígenas de todo o país. Compareceram à cerimônia as ministras Simone Tebet, do Planejamento e Orçamento, e Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas. Mais tarde, juntaram-se a elas a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.

Acesse aqui os resultados do Censo Demográfico para a população indígena. 

O presidente interino do IBGE, Cimar Azeredo, agradeceu à ministra do Planejamento, Simone Tebet, e à ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, presentes à entrevista coletiva realizada antes do evento de divulgação dos resultados. Ele comentou a parceria fechada com o Instituto desde o início do governo, no intuito de concluir a coleta censitária em terras indígenas. "O consórcio que vocês nos ajudaram a montar junto com a Polícia Rodoviária Federal, o Ministério da Justiça e o Ministério da Defesa para que a gente pudesse garantir o Censo Indígena nas terras Yanomami e Waijãpi foi fundamental para que hoje pudéssemos apresentar o mais completo retrato da população indígena", afirmou.

Cimar lembrou que o número atual de indígenas residentes no Brasil é de 1.693.535, enquanto em 2010 era de 896.917. "Por isso fazer Censo é redescobrir o Brasil", disse. E fez questão de agradecer às associações indígenas que ajudaram ativamente a construir este Censo.

A ministra Sonia Guajajara afirmou estar presenciando um momento histórico na retomada do protagonismo dos povos indígenas. "Após 13 anos, nós temos os dados atualizados da população indígena", disse, acrescentando que isso "facilita a elaboração de políticas públicas adequadas a cada uma das realidades onde estão presentes os povos indígenas".

Titular da pasta à qual o IBGE é subordinado, a ministra Simone Tebet garantiu que o mapeamento feito pelo Instituto foi eficiente porque contou com uma equipe de recenseadores, supervisores e coordenadores que amam o que fazem. Mais tarde, em discurso no palco do teatro, Tebet reforçou a menção honrosa aos servidores da casa. "Nós acreditamos na credibilidade, na competência, na correção e no amor que o IBGE e seus servidores têm pelo Brasil".

Entre as lideranças indígenas presentes à cerimônia estava o cacique Raoni, internacionalmente conhecido por sua luta em prol da Amazônia e dos Povos Indígenas. Ele fez um pronunciamento em sua língua materna (o caiapó), traduzido em seguida por um assessor. Raoni alertou para o desmatamento em terras indígenas e pediu união de todos pela preservação do meio ambiente.

Na segunda parte do evento, subiram ao palco representantes das instituições parceiras do Censo junto aos povos indígenas. Formaram a mesa a presidente da Funai, Joenia Wapichana; a secretária estadual de Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé; o secretário de saúde indígena da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), Weibe Tapeba; a representante da Federação dos Povos Indígenas do Pará, Concita Sõpré; e o representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Kleber Karipuna. Antes dos discursos, servidores do IBGE, guias e intérpretes indígenas que participaram da coleta em terras indígenas por todo o país foram agraciados com placas comemorativas, sob aplausos da plateia.

O evento contou ainda com apresentação de canto e dança do grupo de jovens Tembé, e de uma performance cultural da poeta Marcia Vieira da Silva, da etnia Kambeba. O encerramento da cerimônia culminou com a divulgação detalhada dos números e da metodologia utilizada na coleta de dados da população indígena. O detalhamento dos dados e dos conceitos utilizados na pesquisa ficou a cargo de Marta Antunes, responsável pelo projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, e Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE.

Confira o que disseram os participantes do evento

"Nós acreditamos na credibilidade, na competência, na correção e no amor que o IBGE e seus servidores têm pelo Brasil".
Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento

"Após 13 anos, nós temos os dados atualizados da população indígena. Isso facilita a elaboração de políticas públicas adequadas a cada uma das realidades onde estão presentes os povos indígenas".
Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas

"O melhor da nossa inteligência, da academia brasileira e dos povos originários, tem de estar a serviço da qualidade de vida dos povos da Amazônia."
Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação

"Precisamos nos unir para proteger o que nos resta de recursos naturais e de florestas. Senão, teremos problemas sérios. Esse assunto tem de ser de todos."
Cacique Raoni, liderança indígena

"Percebemos mudanças estratégicas de um Censo para outro, fundamentais para traçarmos planos, programas e ações em termos de políticas econômicas e sociais. E o IBGE nos traz essas respostas."
Joenia Wapichana, presidente da Funai

"Reforço a necessidade de termos a população indígena contada, pois são os dados do IBGE que baseiam o planejamento e o aporte de recursos para nossos povos."
Weibe Tapeba, secretário de saúde indígena da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai)

"Os dados nos trazem a nova realidade dos povos indígenas do Brasil e nos mostram o quão desafiador será fazer políticas públicas para todos nós."
Puyr Tembé, secretária estadual de Povos Indígenas do Pará

"Esperamos que o conjunto de informações básicas sobre os totais de população indígena no Brasil providencie evidência necessária para maior visibilidade, tornando-a mais partícipe no desenvolvimento econômico, social e sustentável deste país."
Florbela Fernandes, representante da UNFPA

"Vemos que aumentou não só o crescimento vegetativo, mas também o orgulho indígena. E isso tudo é motivo de alegria."
Edmilson Rodrigues, prefeito de Belém

"Sabíamos que éramos muitos, sabíamos que éramos mais do que as estatísticas dos homens brancos mostravam. Quero agradecer ao IBGE por nos trazer esta realidade."
Concita Sõpré, representante da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa)