Oficina de Avaliação
IBGE reúne maiores especialistas do país para avaliar resultados preliminares do Censo 2022
16/05/2023 10h00 | Atualizado em 16/05/2023 13h42
A menos de dois meses da divulgação dos resultados do Censo 2022, marcada para 28 de junho, o IBGE reuniu em sua sede, no Rio de Janeiro, um grupo de demógrafos e estatísticos de reconhecida excelência no cenário nacional e internacional. A convite do presidente interino Cimar Azeredo, eles participaram da oficina de apresentação e avaliação dos resultados populacionais preliminares do Censo Demográfico 2022, entre 10 e 12 de maio. Após três dias de discussões, os especialistas vão elaborar um relatório chancelando o esforço prático e metodológico empenhado pelo IBGE desde o início da coleta censitária, em 1º de agosto de 2022. Este relatório terá a chancela do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que também acompanhou o evento. O documento está previsto para ser publicado nos próximos 30 dias.
Além de diretores e técnicos do IBGE, participaram do evento especialistas convidados de vasta produção acadêmica, como Alicia Bercovich, Antonio José Ribeiro Dias, Bernadette Waldvogel, Bernardo Lanza Queiroz, Cassio Turra, Claudio Egler, Diana Sawyer, Eleonora Cruz Santos, Helena Cruz Castanheira, Irineu Rigotti, Junia Quiroga, Laura Wong, Maria Paula Ferreira, Marcos Roberto Gonzaga, Simone Wajnman, Suzana Cavenaghi e Zélia Bianchini.
Na sessão de abertura, Cimar Azeredo explicou detalhadamente os desafios da operação censitária, ressaltando que erros e acertos ao longo da jornada tornam o trabalho passível de ajustes. “Os resultados do Censo não estão escritos em pedra. Sempre é possível revê-los e aprimorá-los”, comentou, pedindo apoio dos especialistas nesta tarefa.
Cimar também citou como positivos o uso da tecnologia como aliado na busca de um Censo de qualidade e a um controle maior da operação em tempo real, bem como as recentes ações de mobilização visando a diminuição do índice de não resposta, hoje abaixo de 4,5% na média do país. “Iniciativas de peso nacional como o Favela no Mapa e o Condomínios no Mapa, convocando os residentes dessas áreas a responder ao Censo, foram bem-sucedidas”, afirmou.
Novas tecnologias, apresentação de dados, imputações: intensa troca de experiências
O primeiro dia de oficina foi dedicado à apresentação dos avanços tecnológicas do Censo 2022, como as ferramentas de gerenciamento e acompanhamento da coleta de dados em cada setor censitário, como Plataforma Geográfica Interativa (PGI). Toda a geotecnologia envolvida na coleta residencial e os futuros mapas que ela vai gerar também foram destacados na oficina. Em seguida, foram apresentados indicadores de cobertura e da qualidade da operação, com ênfase para a Pesquisa de Pós-Enumeração (PPE).
As palestras ficaram a cargo do diretor de Geociências, Claudio Stenner; do gerente técnico do Censo, Luciano Duarte; da coordenadora de População e Indicadores Sociais, Cristiane Moutinho; do coordenador de Geografia, Cayo Franco; do coordenador da Pesquisa de Pós-Enumeração, Gabriel Mendes Borges; e do gerente do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), Eduardo Baptista.
No dia seguinte, foram apresentados números preliminares do Censo 2022, bem como a metodologia de cálculo utilizada pelo IBGE para imputação – técnica recomendada pela comunidade internacional que estuda populações e censos para preencher dados faltantes. Entre outros países, Estados Unidos, Canadá, México, Reino Unido e Austrália fazem uso da imputação de pessoas em domicílios sem entrevista realizada.
Entre os palestrantes do segundo dia, estavam a gerente de Análises e Estudos da Dinâmica Demográfica, Izabel Marri; o gerente de Estimativas e Projeções da População, Marcio Minamiguchi; e a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes. Em todas as palestras, os convidados estavam livres para fazer perguntas a qualquer tempo, tornando mais natural a troca de experiências.
No encerramento do encontro, os especialistas conheceram a sala de situação, criada para monitorar as atividades do Censo em tempo real. Com telões interativos em touch screen que fornecem informações atualizadas sobre a coleta censitária em todo o território nacional, o ambiente comporta reuniões de até 30 pessoas. Ali mesmo, cientes dos resultados populacionais preliminares e dos métodos utilizados nos cálculos do IBGE, os participantes da oficina formularam as primeiras análises, críticas e sugestões, que constarão de um parecer técnico a ser apresentado em meados de junho.
Confira o que disseram os especialistas ao fim do encontro:
“Honestidade intelectual define esta oficina. Aqui soubemos de todos os processos internos do Censo, num panorama oferecido por excelentes profissionais. Sem dúvida, os dados são coerentes.”
Alicia Bercovich, matemática e demógrafa (IBGE)
“Espantado com a transparência e agradecido pelo convite. Mesmo o atraso na coleta não teve tanta influência: em relação ao Censo passado, os resultados de 2022 vão sair na mesma época em que saíram os anteriores.”
Antonio José Ribeiro Dias, estatístico e engenheiro de sistemas (IBGE)
“Sempre que vamos em diferentes lugares, o IBGE é uma referência importante nas pesquisas amostrais e nos Censos. Poder participar dessa oficina e perguntar o que quis, ver o que quis, da forma que quis, sem restrições, é gratificante.”
Bernardo Lanza Queiroz, demógrafo (UFMG)
“Essa oficina seguiu uma tradição do IBGE, que é discutir de forma transparente, aberta e tecnicamente muito clara os aspectos relativos ao planejamento, à operação de coleta e à análise preliminar dos dados do Censo. Foi muito importante para esclarecer pontos que não estavam muito evidentes para os especialistas.”
Cassio Turra, demógrafo (UFMG)
“Não devemos temer nada, o momento é de comemorar essa conquista e mostrar que todo o processo tem uma história, e essa história é de superação. Parabenizo a todos os funcionários do IBGE pelo trabalho.”
Claudio Egler, geógrafo e economista (Instituto de Geociências/UFRJ)
“Não me surpreende a transparência do Censo, nem a parceria com grandes nomes da academia num evento como esse. Isso porque é tradição do IBGE zelar pela transparência e comunicar-se com o mundo acadêmico. Claro que os números do Censo necessitam de avaliação, de uma análise de plausibilidade. E isso será feito a seu tempo.”
Diana Sawyer, demógrafa (professora emérita da UFMG)
“Vocês fizeram um trabalho impressionante, debaixo de uma tempestade terrível. Importante ressaltar a evolução tecnológica do Censo 2022, que contou com tantas ferramentas de monitoramento e controle, que permitem a correção de problemas em tempo real. Temos total confiança no quadro técnico e nos números do IBGE.”
Helena Cruz Castanheira, representante do Centro Latino-americano e Caribenho de Demografia (Celade/CEPAL)
“Foram três dias extremamente intensos. O nível de informação que temos agora é muito grande e deixa muito clara a complexidade gigantesca que é uma operação censitária. Para nós, pesquisadores e cientistas, foi uma oportunidade sensacional, uma troca, um aprendizado mútuo”.
Irineu Rigotti, geógrafo e demógrafo (UFMG)
“A transparência deixou todo mundo deslumbrado. Uma tecnologia nunca usada antes, que mostrou tudo que foi possível. Estou tranquila com toda a operação censitária. O Censo vai dar um número que me parece confiável.”
Laura Wong, demógrafa (UFMG)
“A principal virtude desse Censo foi a transparência. Essa transparência já ajuda a explicar qualquer resultado não esperado. Portanto, é possível dizer 'tivemos problemas nesse Censo, mas sabemos como explicar e como justificar'.”
Marcos Roberto Gonzaga, estatístico e demógrafo (UFRN)
“Por conta das apresentações brilhantes e do compartilhamento de informações da equipe técnica conosco, gerou-se um engajamento mais do que necessário e oportuno. Saio daqui com a certeza de que o Censo foi feito com idealismo e empenho, da melhor maneira possível.”
Simone Wajnman, demógrafa (UFMG)
“Como já disseram, não temos um Censo: temos 27 Censos, um em cada estado. Precisamos ressaltar a dificuldade de se fazer um Censo de Norte a Sul num país tão heterogêneo. O IBGE fez o que pôde, e muito melhor do que podia. E a palavra que fica, até como reflexo do georreferenciamento, é a transparência.”
Suzana Cavenaghi, demógrafa (Ence)
“Fico orgulhosa e satisfeita em ver os avanços metodológicos e tecnológicos do Censo, além do empenho dos profissionais da casa em cada conquista. O desafio é grande, vamos agora nos debruçar sobre os resultados, neste Censo da transparência”.
Zélia Bianchini, matemática e estatística (IBGE)