Encontro dos Superintendentes
Com dois ex-presidentes da Funai, evento destaca cobertura dos territórios indígenas no Censo 2022
09/02/2023 14h00 | Atualizado em 13/04/2023 10h06
Um dos maiores desafios de toda a operação censitária levada a campo pelo IBGE desde agosto do ano passado, o recenseamento de Povos e Comunidades Tradicionais foi um dos temas em destaque do primeiro Encontro dos Superintendentes Estaduais do IBGE em 2023, encerrado nesta quarta-feira (08), em Brasília. Tanto o indigenista Artur Nobre Mendes (presidente da Funai entre julho de 2002 e fevereiro de 2003) quanto a antropóloga e demógrafa Marta Azevedo (membro da Comissão Consultiva do Censo responsável pelos povos indígenas e quilombolas, e que também já presidiu a Funai no período de abril de 2012 a junho de 2013) fizeram questão de elogiar a cobertura e a qualidade do trabalho do IBGE em territórios indígenas.
“Os números e dados reais sobre os povos indígenas só estão disponíveis por causa do IBGE, e eu agradeço demais a vocês que trabalham na ponta desse levantamento”, afirmou Marta, que há 44 anos lida com povos indígenas e desde a década de 1990 opera diretamente no apoio à coleta de dados do Instituto. “A questão indígena está na pauta mundial, diante dos problemas dos Yanomamis, o que confere ainda mais relevância ao Censo 2022”, acrescentou.
Na avaliação de Marta, somente o IBGE é capaz de entregar um retrato completo da população indígena residente no Brasil, em termos de saúde, educação, saneamento, uso da terra e outros aspectos da vida cotidiana nas aldeias e cidades. “Onde são necessárias escolas indígenas? Quantas vacinas devemos distribuir em cada localidade? A população indígena vem crescendo a que taxa?”, exemplificou a especialista, explicando que essas respostas podem ser esclarecidas a partir do trabalho apresentado pelo Censo.
“A partir de agora, mais que um retrato, teremos um ‘filme’, pois poderemos comparar esses dados com os que foram coletados no Censo anterior, de 2010”, comentou. “São resultados importantes para a política pública, para os povos indígenas e para a ciência demográfica”, resumiu.
O gerente do acordo de cooperação técnica entre IBGE e Funai, Artur Nobre Mendes, compartilha desse raciocínio. “Até antes do Censo 2010, as populações indígenas eram invisibilizadas. Foi a partir do trabalho do IBGE que pudemos captar a realidade dessas pessoas”, comentou. O indigenista ressaltou a superação de obstáculos como marca dos Censos. “O acesso a muitas dessas localidades é sazonal: depende do regime de cheia e seca dos rios, por exemplo. Mas para um Censo, com prazos a cumprir, essas barreiras naturais têm de ser superadas. A pé, de lancha, de avião, de helicóptero: o recenseador do IBGE chega lá e preenche seu questionário, trazendo valiosas respostas”, atestou.
“Estamos com 95% dos setores indígenas finalizados", informou Marta Antunes
Também estiveram presentes à mesa de debates a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes, e a demógrafa Diana Reiko Sawyer, membro da Comissão Consultiva do Censo 2022. Ambas destacaram igualmente a cobertura e a qualidade do recenseamento junto aos Povos e Comunidades Tradicionais, bem como os desafios superados com sucesso.
“Estamos com 95% dos setores indígenas finalizados e alcançamos um número parecido entre as comunidades quilombolas”, revelou Marta Antunes, agradecendo o esforço de todos os superintendentes e o apoio da Funai e da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) nessa missão. Com uma pitada de bom humor, a demógrafa Diana Sawyer avisou o que espera da fase final do Censo. “Sabemos que é quase impossível conseguir 100% de cobertura nessas populações, mas eu me contentaria com 99,99%”, brincou.
Os diálogos foram mediados por Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE e interinamente na presidência. Ele também destacou o cuidado que o IBGE vem tendo na realização do Censo dos Povos e Comunidades Tradicionais.
“A concepção do Censo 2022 trouxe inovações no questionário para os PCTs e dedicou um minucioso planejamento da operação nesses territórios, visando garantir não só uma coleta de informações com qualidade, bem como promover uma disseminação dessas informações com precisão. O IBGE vai buscar assegurar celeridade no processo de divulgação, ciente de que são dados fundamentais que precisam ser entregues o mais rápido possível. É por isso que sempre frisamos a necessidade de apoio incondicional da sociedade”, lembrou Cimar.
Em comum, os superintendentes do IBGE se manifestaram em defesa da operação censitária, convencidos de que o trabalho trará resultados de alta fidelidade e utilidade para o país. O primeiro Encontro dos Superintendentes Estaduais do IBGE em 2023 reuniu na capital federal, durante três dias, os 27 chefes das Unidades Estaduais e os membros do Conselho Diretor do Instituto, a fim de tratar de diversos aspectos da operação censitária.
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