Censo 2022
IBGE envia ao TCU prévia da população dos municípios com base no Censo 2022
28/12/2022 10h00 | Atualizado em 09/02/2023 09h03
O IBGE envia hoje (28) ao Tribunal de Contas da União (TCU) a prévia da população dos municípios com base nos dados do Censo Demográfico 2022 coletados até 25 de dezembro. No final dos anos, o IBGE entrega ao TCU a relação da população de todos os municípios brasileiros. Sem a conclusão do Censo 2022 neste ano, o Instituto decidiu realizar um cálculo da população com base nos dados já levantados. O número de habitantes é utilizado para o cálculo do Fundo de Participação dos Municípios e para determinar o tamanho das representações políticas, como na quantidade de vereadores e de deputados federais e estaduais.
O diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, explicou a metodologia da prévia da população a partir dos dados parciais coletados no Censo 2022 no encontro Censo Demográfico - Avanços e Desafios, realizado na manhã de ontem (27), no Museu do Amanhã, no Centro do Rio de Janeiro (RJ).
“Temos uma outra missão e precisamos aproveitar o Censo, divulgando um dado de 2022 com base na coleta dos dados. A coleta continua aberta em janeiro recenseando aonde não fomos ainda. Vamos fazer um trabalho de supervisão e controle de qualidade retornando aos domicílios classificados como recusa, fechado, vago ou de uso ocasional; e também a supervisão dos casos de omissão, duplicidades e inconsistências. Além da pesquisa de pós-enumeração”, informou Azeredo.
No evento, também foi assinado Acordo de Cooperação Técnica entre o IBGE e a Secretaria Municipal de Saúde, pelo presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, e o subsecretário de Gestão do Município do Rio de Janeiro, Márcio Leal. As duas instituições vão promover ações para utilização dos agentes de saúde na coleta e atualização do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), repositório de endereços de abrangência nacional mantido pelo IBGE.
A secretária de Promoção e Atenção Primária e Vigilância à Saúde, Ana Luiza Caldas, destacou a necessidade de utilizar agentes de saúde e vigilância a partir de novembro para alcançar a população que os recenseadores não estavam conseguindo. Foram premiadas simbolicamente as agentes de saúde Suelem de Souza e Fabíola Borges da Costa.
Durante o evento, Rios Neto e Cimar Azeredo agradeceram a parceria com o município do Rio de Janeiro e a Secretaria Municipal de saúde e fizeram um balanço das conquistas e desafios do Censo Demográfico 2022. O presidente do IBGE destacou inovações como o teste de Paquetá, que não fazia parte do planejamento, assim como a pandemia, mas quebrou paradigmas e permitiu a realização de testes em 27 unidades estaduais, outra inovação tecnológica.
“O Rio de Janeiro, em particular, inovou novamente, diante dos desafios de coleta, colocando seus agentes de saúde para participar da coleta. Outras conquistas foram o acompanhamento da coleta em tempo real com dados diários das pessoas recenseadas e que nos permitirá ter um plano de divulgação com maior celeridade; e a captura das coordenadas dos domicílios”, ressaltou o presidente do IBGE.
Escassez de recenseadores foi um dos maiores desafios
Em relação aos desafios, ele destacou que o principal foi a falta de recenseadores, com o aquecimento do mercado de trabalho no segundo semestre de 2022, como em Santa Catarina, onde a taxa de desocupação é de 3,9%, quase pleno emprego. Outro desafio foram as redes sociais que amplificam fenômenos que eram casos isolados.
“A luz do fim do túnel já está dada, mas temos o desafio de não deixar a inércia de início de ano imperar. Em janeiro, vamos pisar no acelerador. Sob os pontos de vista financeiro e operacional estamos resolvidos, precisamos continuar a ter motivação para encerramos o Censo”, resumiu Rios Neto
A Representante do Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, Júnia Quiroga, também destacou inovações do IBGE em nível global como o Censo 2010, que permitiu a criação de Centros de Referência em coleta eletrônica na África. No Censo 2022, ela ressaltou o acompanhamento da coleta em tempo real; a vinda de observadores internacionais de 25 países, uma medida ousada já que eles trouxeram feedbacks mas também sugestões de melhorias; e o aprimoramento do acompanhamento dos povos e comunidades tradicionais.
“O Censo Demográfico é a operação civil mais complexa em tempos de paz. E num país continental como o Brasil há inovações como a interação da coleta de dados com políticas públicas. É preciso fomentar a produção estatística não só para a análise técnica e, sim, como instrumento para a promoção do desenvolvimento e a utilização do dado para a tomada de decisão qualificada”, afirmou Júnia.
Para o diretor de Pesquisas, Cimar Azeredo, apesar dos desafios, o Censo está em vias de ser concluído. “Nosso maior desafio foi contratar recenseadores, planejamos contratar 180 mil e o máximo a que chegamos foi 120 mil. Depois a pandemia atrapalhou o planejamento anterior e fenômenos climáticos como chuvas contribuíram para os atrasos. Este também foi o primeiro censo com rede social e tivemos de combater as fake news. Também tivemos problemas no pagamento dos recenseadores por não termos testado o sistema antes. Além das inúmeras Medidas Provisórias”, elencou Azeredo os principais desafios.
Ele destacou inovações como o registro prévio sistemático de informações sobre aglomerados subnormais, que facilitou o trabalho de entrar nessas comunidades. E o aprimoramento do registro das comunidades tradicionais, pela primeira vez com cobertura de 100% das áreas indígenas e o primeiro registro das comunidades quilombolas, que vai sair da invisibilidade estatística, segundo a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes.
Os testes nas 27 unidades estaduais deram uma visão de como funciona a operação censitária com experiências em nove municípios, quatro distritos, sete bairros e dez localidades. O treinamento foi desafiador, tendo como resultado a capacitação de mais de 240 mil pessoas, sob a supervisão da coordenação operacional do Censo e apoio da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE). Houve ainda avanços no CNEFE.
Na tecnologia, registraram-se avanços na área de tecnologia da informação e utilização de imagens por satélite de alta resolução, captação de coordenadas que deixarão um legado para as áreas de defesa civil e prevenção de desastres; e uso de dashboards para visualização dos resultados. Além disso, foi um censo extremamente conectado, com chips nos Dispositivos Móveis de Coleta (DMCs) que permitem a transmissão em tempo real da coleta.
“Isso aumenta a velocidade do acompanhamento do Censo e reduz a necessidade do posto de coleta. Ainda não utilizamos 5G, mas provavelmente em novas coletas o 5G será utilizado. Também utilizamos mapas a partir da coleta das coordenadas”, afirmou o diretor de Informática do IBGE, Carlos Renato Cotovio.
No evento, também foi lançado o serviço Disque-Censo 137. Os moradores de domicílios onde ainda ninguém respondeu ao Censo 2022 devem ligar para o Disque-Censo 137, disponível em municípios selecionados de todos os estados do país desde ontem(27). O serviço será disponibilizado de forma gradativa nos municípios de acordo com o andamento da coleta em cada local. Para saber se o Disque-Censo está disponível no seu município, clique aqui.
No final do evento, um debate reuniu sete superintendentes de alguns dos estados que estão com a coleta mais adiantada. José Mendes Coelho, do Amazonas, Leonardo Santana Passos, do Piauí; Adriane Almeida do Sacramento, do Sergipe. Francisco Garrido Garcia, de São Paulo, Roberto Kern Gomes, de Santa Catarina, Edson Roberto Vieira, de Goiás e José Francisco Teixeira Carvalho, do Rio de Janeiro.
O Censo 2022 está em campo realizando coletas desde 1º de agosto e continuará durante o mês de janeiro de 2023.