Em terra e mar
IBGE lança séries temporais de redes geodésicas e inaugura quatro estações de monitoramento
16/12/2022 10h00 | Atualizado em 09/02/2023 09h03
Destaques
- Série temporal da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG) é atualizada hoje, com dados de janeiro a dezembro de 2021.
- Quatro novas estações integradas à Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) dos Sistemas GNSS foram inauguradas hoje em Vilhena (RO), Campo Grande (MS), Imbituba (SC), e Criciúma (SC).
- Redes geodésicas mantidas pelo IBGE auxiliam em estudos que vão desde o georreferenciamento para a agricultura de precisão à detecção de tsunamis.
O IBGE inaugura hoje (16) quatro novas estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) dos Sistemas GNSS para o georreferenciamento de precisão. Elas estão localizadas nos municípios de Vilhena (RO), Campo Grande (MS), Imbituba (SC) e Criciúma (SC). Também hoje foi lançada a atualização da série temporal das estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG), obtida no período de janeiro a dezembro de 2021, e das estações da RBMC para o período de janeiro a dezembro de 2022.
A operacionalização e a manutenção das estações de ambas as redes (RBMC e RMPG) são atividades de responsabilidade do IBGE em parceria com universidades e instituições públicas.
A RBMC conta atualmente com 146 estações em todo o país, a maioria delas equipadas com receptores GNSS (sigla em inglês para Sistema Global de Navegação por Satélite), capazes de rastrear sinais transmitidos pelos satélites do sistema de navegação americano (GPS) e pelo sistema russo (GLONASS). Disponibilizados diariamente no portal do IBGE, os dados GNSS são públicos e gratuitos, sendo usados em diversas atividades de georreferenciamento, tais como: demarcação de propriedades urbanas e rurais; agricultura de precisão; pesquisas científicas sobre as perturbações que ocorrem na atmosfera e afetam a propagação de ondas eletromagnéticas; e estudos sobre a variação do nível do mar na costa.
Outro serviço prestado pela RBMC é o georreferenciamento em tempo real através de telefonia móvel, possibilitando coordenadas de precisão centimétrica desde que o usuário esteja realizando sua atividade num raio de até 30 km de distância de uma estação da rede.
“Desde 2017, com a inclusão da RBMC como um dos projetos estratégicos do Instituto, as estações vêm recebendo especial atenção na modernização dos equipamentos”, afirma a coordenadora de Geodésia do IBGE, Sônia Maria Alves da Costa. “Os novos equipamentos possuem maior capacidade de armazenamento, permitindo a publicação de arquivos com intervalo de coleta de 1 segundo, além dos arquivos diários de 15 segundos”, complementa. Com isso, a RBMC conta hoje com 42 estações coletando e publicando dados GNSS de 1 segundo. A ferramenta personalizada de download dos dados possibilita ao usuário a obtenção de dados de forma mais amigável. Além de rastrear os satélites dos sistemas GPS e GLONASS, os novos equipamentos também rastreiam sinais transmitidos pelos satélites Galileo (sistema europeu) e Beidou (sistema chinês), como é o caso das quatro novas estações.
Todas as estações da RBMC fazem parte da Rede de Referência Regional SIRGAS (Sistema de Referência Geodésico para as Américas), fruto da colaboração entre os países americanos que disponibilizam os dados das suas estações GNSS de operação contínua, sendo essa uma das redes geodésicas mais precisas do mundo. Por meio de processamento semanal destes dados é possível monitorar, de forma contínua, as variações nas coordenadas das estações, identificando eventuais deslocamentos sofridos de forma local ou regional, como o movimento contínuo das placas tectônicas ou aqueles decorrentes de terremotos.
Outro fenômeno também monitorado no processamento semanal são as variações na altitude decorrentes da carga hidrológica que ocorrem na região amazônica. Esses movimentos ou variações são representados através das séries temporais das coordenadas.
Séries temporais da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia
O IBGE também apresenta hoje a atualização da série temporal da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG), compreendendo o período de janeiro a dezembro de 2021, uma vez que no final de 2021 foram publicadas as séries temporais para o período de julho de 2001 a dezembro de 2020. A atualização ocorreu de acordo com os critérios adotados no relatório “Monitoramento da variação do Nível Médio do Mar nas Estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia – RMPG 2001–2020”.
A série única para cada estação é gerada a partir dos dados diários disponibilizados pelo IBGE, tendo realizadas as devidas correções de altura de referência dos sensores. Formada por um conjunto de seis estações maregráficas instaladas e operadas pelo IBGE, a RMPG monitora a relação entre o datum vertical (superfície de referência oficial formada pelo nível médio do mar nesses locais e períodos) e outros níveis de referência maregráficos utilizados na cartografia náutica e na engenharia costeira. Esses dados subsidiam estudos sobre a modernização das altitudes brasileiras e a variação do nível médio do mar.
As estações maregráficas estão localizadas nos municípios de Arraial do Cabo (RJ), Imbituba (SC), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belém (PA) e Santana (AP). “Foi a partir desses equipamentos que detectamos, na costa brasileira, anomalias provocadas pelo tsunami ocorrido em Tonga, no Oceano Pacífico”, explica o gerente de Redes Verticais do IBGE, Salomão Soares, referindo-se ao fenômeno registrado em janeiro de 2022.
As informações produzidas pela RMPG são úteis para diversas aplicações, como redução de sondagens para conservação e ampliação da capacidade de portos e vias navegáveis, implantação de infraestrutura (portos, rodovias, redes de água e esgoto) em regiões litorâneas e estudo de possíveis medidas de adaptação e mitigação dos impactos da elevação global do nível do mar.
No âmbito internacional, a rede contribui para o Programa Global de Observação do Nível do Mar e para o Programa de Alerta de Tsunami do Caribe, da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco, que apresentava significativa carência de informações no Atlântico Sul.