Furtos e roubos
Em 2021, 4,0% dos domicílios do país tinham pelo menos uma vítima de furto
07/12/2022 10h00 | Atualizado em 09/02/2023 09h03
Destaques
- Em 2,9 milhões de domicílios do país (ou 4,0% do total) havia pelo menos um morador vítima de furto.
- Entre as regiões, o Sudeste foi a região com maior participação no total de furtos em todos os tipos, chegando a 55,3% dos furtos de veículos.
- Em 2021, no país, houve 342 mil furtos de veículos, sendo 192 mil de carros e 150 mil de motos.
- As vias públicas foram o principal local de ocorrência de furtos de carro (75,1%) e de motos (68,8%), considerando-se somente o último furto sofrido pelo entrevistado.
- A Polícia Militar foi a força policial mais procurada pelas vítimas dos quatro tipos de furtos investigados: carro (65,7%), moto (65,5%), bicicleta (62,9%) e domicílio (64,4%).
- Em 2021, cerca de 2,0% dos domicílios do país tinham pelo menos um morador vítima de roubo nos últimos 12 meses, o equivalente a 1,5 milhão de lares.
- Em 97,6% dos roubos de carro (considerando o último roubo) foi utilizada arma de fogo.
Em 2021, cerca de 4,0% dos domicílios brasileiros tinham pelo menos um morador que foi vítima de furto no período de um ano. Esse percentual corresponde a 2,9 milhões de domicílios no país e, dentre aqueles com pelo menos uma vítima, a maior parte (44,3% ou 1,3 milhão) sofreu furto no domicílio, enquanto 39,5% tiveram outros bens furtados fora de casa. Os dados divulgados hoje (7) pelo IBGE são do módulo inédito Furtos e Roubos, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), em uma parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Ao todo no país, em 2021, houve 342 mil furtos de veículos, sendo 192 mil de carros e 150 mil de motos. No mesmo período, foram registrados 388 mil furtos de bicicleta. Também ocorreram 1,7 milhão de furtos de domicílios e 1,4 milhão de furtos de bens fora do domicílio. Essas duas categorias não incluem os delitos em que foram subtraídos veículos e bicicletas.
A analista do IBGE Alessandra Scalioni ressalta que os números da PNAD Contínua podem superar os registros oficiais, pois nem todas as pessoas que são furtadas buscam a polícia. “Ter muito mais furtos de domicílio e fora do domicílio do que furtos de veículos pode não condizer com as estatísticas de registro porque as pessoas podem ter percebido a falta dos bens, mas não procuraram uma delegacia para registrar”, explica.
A Sudeste foi a região com maior participação percentual no total de furtos em todos os tipos. Em 2021, representou 55,3% dos furtos de veículos (64,1% dos furtos de carros e 44,0% dos de moto). O Norte, por sua vez, teve o maior percentual de domicílios com vítimas de furto (6,5%), bem acima da média nacional, enquanto o Nordeste teve o menor (3,3%).
Considerando o último furto ocorrido nos 12 meses anteriores à entrevista, o principal local de ocorrência dos furtos de carro (75,1%) e moto (68,8%) foram as vias públicas. Já para as bicicletas, o principal local foi algum domicílio (66,3%), que poderia ser o da vítima ou o de outra pessoa, seguido pelas vias públicas (21,9%).
Os furtos de veículos, como carros e motos, apresentaram as maiores taxas de procura pela polícia ou guarda municipal. Uma explicação para esse resultado é o alto valor desses bens e os requisitos para o seguro. “Para acionar o seguro contra roubos de carros e motos, as vítimas precisam do boletim de ocorrência. Por isso, esses casos têm maior procura pela polícia”, destaca a pesquisadora.
Houve essa busca em 80,3% dos furtos de carro, quando considerado o último caso ocorrido nos 12 meses que antecederam a entrevista. Já em furtos fora do domicílio, excluídos carro, moto ou bicicleta, esse percentual foi de 44,8%. Nos casos de furto de bicicleta, a busca pela polícia ou guarda municipal foi menor (28,5%).
Entre os tipos de polícia, a Militar foi a mais procurada nos quatro tipos de furtos investigados: carro (65,7%), moto (65,5%), bicicleta (62,9%) e domicílio (64,4%). Os percentuais da procura pela Polícia Civil são menores: carro (52,8%), moto (50,8%), bicicleta (38,0%) e domicílio (43,4%). Nos furtos de bicicleta, 8,6% buscaram outra polícia ou a guarda municipal. É possível buscar mais de um tipo de polícia para um mesmo furto.
A pesquisa também procurou entender o motivo de a vítima não ter buscado pela polícia. Entre os motivos mais citados estavam a “falta de provas” (24,1%), “não acreditava na polícia” (23,6%), e “não era importante” (22,0%). O “medo de represália” foi citado em 6,7% dos casos.
A maioria das vítimas que buscaram a polícia ou a guarda municipal registraram o furto. A proporção dos registros foi maior para carros (92,5%) ou motos (93,8%) do que para bicicletas (84,7%).
Celulares foram os bens mais furtados dentro e fora do domicílio
Também foram investigados os tipos de itens furtados entre aqueles casos que ocorreram dentro ou fora do domicílio, ou seja, quando não são considerados carro, moto e bicicleta. Quando esse tipo de delito ocorreu dentro do domicílio, os bens mais citados foram telefone celular (21,6%), aparelho eletrodoméstico (20,6%), dinheiro (18,5%) e roupa ou calçado (16,6%), seguidos de joia, bijuteria ou relógio (9,8%), ferramentas (8,1%), botijão de gás ou outros combustíveis (7,8%) e animais de criação (5,7%). As armas e munições também foram citadas (0,6%).
Nos casos ocorridos fora do domicílio, os itens com maiores proporções foram telefone celular (61,1%), dinheiro (23,1%), documento (13,4%) e cartão de débito, crédito ou cheque (12,3%).
1,5 milhão de domicílios tinham pelo menos um morador que foi roubado no último ano
Além de furtos, a pesquisa abordou os roubos ocorridos no país nos 12 meses anteriores à entrevista. Os dois tipos de delitos se diferenciam principalmente porque no roubo há uso de violência ou ameaça à vítima, com ou sem presença de arma. Nesse tema específico, há outros indicadores, como o uso de armas e a identificação das vítimas para cada tipo de roubo.
No ano passado, cerca de 2,0% dos domicílios do país tinham pelo menos um morador vítima de roubo nos últimos 12 meses, o equivalente a 1,5 milhão de lares. Em 112 mil (7,6%), houve roubo de carro, em 97 mil (6,6%), de moto, e em 48 mil (3,3%), de bicicleta. Em 166 mil domicílios (11,3%), o roubo aconteceu dentro de casa e em 1,2 milhão (ou 78,5% dos casos), o crime ocorreu fora.
Em 2021, o número de pessoas com 15 anos ou mais que foram vítimas de algum dos cinco tipos de roubo investigados pela pesquisa chegou a 1,8 milhão. Isso representa 1,1% da população total do país, com percentuais acima dessa média no Norte (1,8%) e no Nordeste (1,4%).
A ampla maioria das vítimas de roubo teve seus bens furtados fora do domicílio (67,8%), enquanto a proporção dos que sofreram essa violência dentro de casa foi de 23,0%. Cerca de 6,8% das vítimas de roubo relataram roubo de carro, 5,6%, roubo de moto e 3,0%, de bicicleta. A pesquisa ressalta que uma única vítima pode ter sofrido mais de um tipo de roubo no período de referência.
Entre as vítimas de roubo, 50,8% eram homens e 49,2%, mulheres. Somados, os grupos de idade de 25 a 39 anos (36,4%) e de 40 a 59 anos (28,7%) eram quase dois terços das vítimas. Na análise por cor ou raça, 49,0% das pessoas que sofreram roubo eram pardas e 36,1%, brancas.
1,4 milhão de roubos ocorreram fora do próprio domicílio (exclusive carro, moto e bicicleta)
Houve 222 mil roubos de veículos em 2021, sendo 117 mil de carros e 105 de motos. Já os de bicicleta totalizaram 55 mil. Os roubos de domicílio somaram 195 mil, número muito inferior aos que ocorreram fora de casa (1,4 milhão). Assim como nos casos do furto, essas duas categorias não incluem roubos de veículos e de bicicleta.
“É esperado que o número de furtos de domicílios seja maior do que o roubo de domicílios porque o roubo no domicílio envolve violência, com as vítimas presentes em casa. É muito mais difícil entrar em um domicílio com alguém lá do que praticar um furto numa casa vazia”, explica. Em 2021, os furtos no domicílio totalizaram 1,7 milhão.
Diferentemente do que ocorreu nos casos de furto, em que a maioria ocorreu em um domicílio, os roubos de bicicleta tiveram como principal local de ocorrência a via pública (70,2%). Esse também foi o lugar que concentrou os roubos de carros (72,2%) e motos (91,9%).
A taxa de procura pela polícia ou guarda municipal para roubos de veículos (91,0% para carro e de 82,5% para moto) superou os outros tipos de roubo. Nos roubos de bicicleta, essa proporção foi de 52,4%. De acordo com a pesquisa, em geral há mais procura pela polícia em caso de roubo quando comparado aos furtos por causa do contexto de violência envolvido nesse tipo de crime.
Arma de fogo era o principal tipo utilizado em roubos
A PNAD Contínua constatou ser mais comum o uso de armas nos roubos de veículos, chegando a 95,0% no caso dos carros e a 86,2% nas motos. No roubo de bens fora do domicílio, essa presença da arma também ficou acima de 80,0%, enquanto foi menor nos roubos no domicílio (60,5%).
As taxas de uso de armas de fogo ficaram acima de 60% em todas as categorias de roubo analisadas. A proporção de uso desse tipo de arma superou os 90% nos roubos de carro (97,6%) e no domicílio (90,8%) e ficou próxima disso nos roubos fora do domicílio (87,7%), situação em que o uso de faca ou canivete foi citada em 13,9% dos casos. Mais de um tipo de arma pode ter sido usada em um mesmo roubo.
Os itens mais citados pelas vítimas de roubos no domicílio foram celular (64,0%), dinheiro (31,2%), joia, bijuteria ou relógio (19,2%), aparelho eletrodoméstico (18,9%), documento (16,3%), cartão de débito ou crédito ou cheque (14,9%), roupa ou calçado (12,2%) e computador ou tablet (7,9%).
Entre os bens roubados fora do domicílio, os mais citados foram celular (83,7%), dinheiro (36,3%), documento (23,4%), cartão ou cheque (18,5%) e joia, bijuteria ou relógio (10,0%).
Mais sobre a pesquisa
A PNAD Contínua Furtos e Roubos, uma parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, investigou o tema pela primeira vez em 2021. Entrevistando moradores de 15 anos ou mais de idade, a pesquisa estruturou seu questionário em três partes: dispositivos de segurança do domicílio, furtos e roubos. A pesquisa desse tema se faz importante para se estimar a cifra obscura do país, uma vez que grande parte dos crimes não são registrados.