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Síntese de Indicadores Sociais

Municípios maiores implementaram mais políticas para enfrentar a Covid em 2020

Editoria: Estatísticas Sociais | Irene Gomes | Arte: Jessica Cândido

02/12/2022 10h00 | Atualizado em 05/12/2022 13h13

  • Destaques

  • O percentual de domicílios do país em situação de segurança alimentar caiu de 65,1%, em 2004 (PNAD), para 63,3% em 2018 (POF) e para 41,3% em 2021 (VigiSAN).
  • Em 2020 e 2021, o Brasil teve 22,3 milhões de casos de COVID-19 e mais de 600 mil óbitos pela doença. Foram 7,7 milhões de casos e aproximadamente 200 mil mortes em 2020 e 14,6 milhões de casos e 420 mil mortes em 2021.
  • A maior taxa de letalidade (7,0%) foi observada na 18ª semana epidemiológica (SE) de 2020 (26 de abril e 2 de maio). A taxa se estabilizou em 2,9% partir da 32ª SE (8 a 14 de agosto) de 2021, quando a cobertura vacinal da primeira dose chegou próxima a 55% da população.
  • De 2010 a 2019, antes da pandemia, o crescimento médio anual do total de óbitos no país era de 1,1%. Já em 2020, essa taxa saltou para 15,3% e, em 2021, para 16,9%.
  • Em 2021, a maior incidência de mortes por COVID-19 foi entre os homens brancos (30,8%), seguidos pelas mulheres brancas (25,3%), homens pretos ou pardos (22,8%) e mulheres pretas ou pardas (17,8%).
  • O número de leitos no SUS por 1.000 habitantes caiu de 2010 a 2021, passando de 1,73 leito SUS em 2010 a 1,47 em 2021, com menor valor observado em 2019 (1,42 leito). Já a taxa de leitos não-SUS por 1.000 beneficiários de planos de saúde era de 8,93 em 2010 e passou a 4,86 leitos em 2021.
  • Houve forte aumento no número de atendimentos médicos, entre 2010 (291 mil) e 2021 (449 mil). O atendimento fora do SUS cresceu 79% no período, enquanto o atendimento pelo SUS cresceu 47%. Assim, a participação dos atendimentos pelo SUS no total de atendimentos realizados no país caiu de 76,1% para 72,3%, no mesmo período, mantendo-se como principal acesso da população ao serviço de saúde.
Municípios maiores implementaram mais políticas para enfrentar a Covid em 2020 - Foto: Alex Ribeiro/AgPará

A segurança alimentar, indicador diretamente relacionado com o estado de saúde da população, caiu de 65,1%, em 2004, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, para 41,3% em 2021, segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (VigiSAN). Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, a queda se deu partir de 2018, quando a proporção de domicílios com segurança alimentar reduziu-se para 63,3%. Os dados estão na Síntese de Indicadores Sociais, divulgada hoje pelo IBGE. Os dados estão na Síntese de Indicadores Sociais, divulgada hoje pelo IBGE.

De acordo com os dados da Pnad, houve aumento da segurança alimentar entre 2004 e 2013, passando de 65,1% dos domicílios, em 2004, para 77,4%, em 2013. Mas a POF 2017-2018 mostrou que esse quadro se reverteu, inclusive com aumento na proporção de domicílios com insegurança alimentar leve, de 22,6%, para 36,7%. “Ou seja, quando se iniciou a pandemia de COVID-19, a insegurança alimentar dos domicílios brasileiros já havia aumentado nos anos imediatamente anteriores”, contextualiza Clician do Couto, analista do IBGE.

Já em 2020, segundo dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil – VigiSAN, a proporção de domicílios com insegurança alimentar foi de 20,5%, sendo 9% grave e 11,5% moderada. Em 2021, embora a insegurança alimentar leve tenha sido reduzida em relação a 2020, de 34,7% para 28,0%, a proporção de domicílios com insegurança alimentar moderada cresceu para 15,2% e com insegurança alimentar grave para 15,5%. Assim, a proporção de domicílios com segurança alimentar caiu de 44,8% para 41,3%.

2021 teve mais mortes por COVID-19, mas a taxa de letalidade foi menor

Em 2020 e 2021, o Brasil registrou 22,3 milhões de casos de COVID-19 e 633 mil mortos. O ano de 2021 registrou maior número de casos e mortes (respectivamente, 14,6 milhões e 420,3 mil) do que o ano de 2020 (7,7 milhões e 212,7 mil), segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde. Porém, a taxa de letalidade da doença (percentual de óbitos em indivíduos com diagnóstico de COVID-19) foi mais alta em 2020.

“Em 2020, não se conhecia a doença, não se sabia que medicamentos administrar, havia desconhecimento sobre os protocolos de manejo, e não tinha vacina. Em 2021, a letalidade chegou a subir, mas estabilizou quando a cobertura vacinal cresceu. Foi um ano de alta incidência, mas, apesar do maior número de infecções, a letalidade foi baixa”, explicou Clician.

A maior taxa de letalidade foi observada na 18ª semana epidemiológica (SE) de 2020, entre 26 de abril e 2 de maio, quando chegou a 7,0%. Em 2021, a taxa de letalidade começou em 1,9% e foi a 3,0% até a 17ª SE (25 de abril a 01 de maio), quando se estabilizou. A partir da 32ª SE (08 a 14 de agosto), quando a cobertura vacinal chegava próxima a 55% da população, a taxa passou a 2,9%, mantendo-se nesse patamar até o final de 2021.

Em 2021, homens brancos tiveram a maior incidência de óbitos por Covid-19

A Síntese de Indicadores Sociais de 2021 mostrou ainda a evolução da mortalidade, permitindo apontar o impacto da pandemia na saúde da população. Enquanto de 2010 a 2019, período anterior à pandemia, o crescimento médio anual dos óbitos foi de 1,1%, houve um aumento de 15,3% em 2020 e de 16,9% em 2021. Em 2020, ocorreram 1,1 milhão de óbitos no Brasil e, em 2021, 1,8 milhão, um aumento de 59,9%. Já a taxa de mortalidade aumentou 46,6% de 2010 a 2021, passando de 5,8 para 8,5 para cada mil habitantes.

“Indicadores demográficos costumam ser muito estáveis, com variações bem pequenas ao longo dos anos. Então, essas variações na mortalidade observadas em 2020 e 2021 representam um grande impacto”, avalia Clician.

A análise da mortalidade por Covid-19 mostra um aumento de 97,6% nos óbitos entre 2020 e 2021, que passaram de 212,7 mil para 420,3 mil. Os grupos mais acometidos em 2020 foram homens pretos ou pardos (27,5%) e os homens brancos (27,2%), seguidos das mulheres brancas (21,5%) e mulheres pretas ou pardas (19,6%). Em 2021, essa distribuição foi alterada: homens brancos foram maioria (30,8%), seguidos das mulheres brancas (25,3%), homens pretos ou pardos (22,8%) e mulheres pretas ou pardas (17,8%).

Segundo Clician, essa mudança pode ter sido influenciada pelas políticas de enfrentamento da pandemia adotadas na Região Nordeste, onde há predominância de população preta e parda e menor adensamento nas áreas urbanas. A pesquisadora destaca que, de 2020 para 2021, houve aceleração do crescimento dos óbitos nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e desaceleração no Norte e Nordeste.

Municípios maiores implementaram mais políticas para enfrentar a Covid em 2020

Em relação às políticas adotadas pelos municípios para o enfrentamento da Covid, observou-se que o tamanho populacional influenciou indicadores de políticas relacionadas à COVID-19. Em 2020, maiores municípios regulamentaram mais sanções a desrespeito de normas de isolamento social, fizeram seleção pública para profissionais de saúde, garantiram continuidade de atendimento a doentes crônicos e ampliaram leitos de internação.

“Ao mesmo tempo, os maiores também declararam ter vivenciado ultrapassagem de capacidade de atendimento com leitos para internação e UTI, o que está relacionado, entre outros fatores, ao fato de que muitos pequenos municípios não tinham estrutura e transferiram doentes”, explica Leonardo Athias, analista do IBGE.

De 2010 a 2021, cai a quantidade de leitos de internação

Ao se avaliar o número de leitos no SUS por 1.000 habitantes e o de leitos não-SUS segundo 1.000 beneficiários de planos de saúde, houve redução em ambos os indicadores de 2010 a 2021, passando de 1,73 leito SUS em 2010 a 1,47 em 2021, com menor valor observado em 2019 (1,42 leito). Já a taxa de leitos não-SUS era de 8,93 em 2010 e passou a 4,86 leitos em 2021.

O número de leitos complementares no SUS por 1000 habitantes apresentou pouca variação entre 2010 e 2019, passando de 0,12 para 0,15. Em 2020, aumentou para 0,19 leito por 1.000 habitantes e em 2021 chega ao maior valor, 0,27, o que se mostrou relacionado ao enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Por outro lado, o número de leitos complementares não-SUS por 1.000 beneficiários de plano de saúde caiu de 1,40 para 1,14 entre 2010 e 2019, e voltou a crescer em 2020 (1,53) e 2021 (1,56), superando o início da série.

“Houve criação, em 2020 e 2021, de leitos de internação e leitos complementares para atender à pandemia e com critérios menos estritos, como em hospitais de campanha e outras adaptações, mas desde meados de 2021, o número de leitos começou a cair”, observa Clician. Entre janeiro de 2019 (58,4 mil) e julho de 2022 (76,9 mil), a maior quantidade foi verificada em julho de 2021, com 105,7 mil leitos complementares.

Atendimentos pelo SUS perdem participação entre 2010 e 2021

Quanto aos atendimentos médicos, houve um forte aumento em termos absolutos entre 2010 e 2021, de cerca de 291 mil para 449 mil, sobretudo pelo atendimento não SUS, que cresceu 79% no período, acima do atendimento pelo SUS, que teve crescimento de 47%. Dessa forma, a proporção dos atendimentos pelo SUS dentre o total decresceu de 76,1% para 72,3%. As maiores proporções de atendimentos pelo SUS, em 2021, foram de Médico da família (98,8%) e Clínico geral (79,2%), enquanto as menores foram de Gineco-obstetra (59,3%) e Radiologista (60,5%).