PNAD Contínua
Pela primeira vez, mais da metade da população acessa a internet pela TV
24/07/2025 10h00 | Atualizado em 24/07/2025 15h19
Destaques
- Em 2024, entre os 188,5 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade do país, 89,1% (ou 168,0 milhões) utilizaram a Internet nos últimos três meses, sendo 90,2% em área urbana e 81,0% na área rural.
- O percentual de pessoas que acessaram a Internet por microcomputador caiu de 63,2%, em 2016, para 33,4%, em 2024. Já o percentual de acesso à Internet por TV subiu de 11,3%, em 2016, para 53,5%, em 2024, ultrapassando, pela primeira vez, mais da metade dos usuários da Internet.
- Em 2024, o percentual de pessoas brancas que utilizaram a Internet no período de referência foi de 90,0%, pouco maior que o das pessoas de cor ou raça preta (88,4%) e parda (88,6%). Em 2016, a desigualdade era maior: 72,6% das pessoas brancas, 63,9% das pretas e 60,3% das pardas haviam utilizado a Internet.
- De 2019 para 2024, a proporção de idosos utilizando a internet subiu de 44,8% para 69,8%, a maior alta entre os grupos etários analisados.
- Em 2024, entre as pessoas que utilizaram a Internet no período de referência, 10,5% acessaram o serviço gratuitamente, em estabelecimentos públicos (escolas, universidades ou bibliotecas).
- De 2022 a 2024, as finalidades de acesso à internet que mais cresceram foram: acesso a bancos e instituições financeiras (de 60,1% para 71,2% dos usuários), comprar ou encomendar bens ou serviços (de 42,0% para 48,1%) e usar algum serviço público (de 33,4% para 38,8%).

Em 2024, entre os 188,5 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade do país, 89,1% (ou 168,0 milhões) utilizaram a Internet no período de referência dos últimos três meses. O meio de acesso indicado pelo maior número de pessoas foi, destacadamente, o telefone móvel celular (98,8%), seguido, em menor medida, pela televisão (53,5%), pelo microcomputador (33,4%) e pelo tablet (8,3%). Os dados são do módulo anual da PNAD Contínua sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), divulgado (24) hoje pelo IBGE. Leia também as notícias sobre tecnologias da informação e comunicação nos domicílios e sobre a posse de telefone celular para uso pessoal.
Entre 2023 e 2024, houve aumento de pessoas que utilizaram a televisão e o tablet para acessar a Internet (3,7 p.p. e 0,7 p.p., respectivamente) e redução do uso do microcomputador (-0,8 p.p.).
O acesso à Internet por meio do microcomputador declinou de 63,2%, em 2016, para 46,2%, em 2019, até atingir 33,4% em 2024, o menor valor da série histórica. No entanto, entre os estudantes de curso superior ou de pós-graduação, mais de ¾ acessaram a Internet por meio de microcomputador em ambas as redes de ensino: 77,4% da rede pública e 77,5% da rede privada.
Já o percentual de pessoas que acessaram a Internet por meio de aparelho televisor subiu de 11,3%, em 2016, para 32,2%, em 2019, até alcançar em 2024, pela primeira vez, mais da metade dos usuários (53,5%). O uso do tablet, por sua vez, apresentou uma tendência de queda entre 2016 e 2022, manteve-se estável em 2023, e apresentou uma pequena variação positiva em 2024.
Para Gustavo Fontes, analista da pesquisa, “no período abrangido pela pesquisa, observamos mudanças importantes no uso de equipamentos para acessar a Internet. Houve um crescimento substancial do uso da televisão para esse fim, ultrapassando, em 2024, mais da metade dos usuários da Internet, o que pode refletir, entre outros fatores, o avanço das plataformas de streaming. Por outro lado, o uso do computador para acessar a Internet tem apresentado uma tendência de queda desde o início da série, apesar de uma desaceleração dessa tendência observada a partir de 2023. Entre os estudantes, já se verificou, em 2024, uma interrupção da queda no uso do computador para acessar a Internet”.
Em 2024, enquanto 72,9% dos estudantes da rede privada acessavam a Internet pelo microcomputador, esse percentual foi de apenas 29,2% entre os estudantes da rede pública. O percentual de utilização de televisão para acessar a Internet chegou a 72,6% para estudantes da rede privada, também superior ao observado entre estudantes da rede pública (53,2%).
O telefone móvel celular foi o principal equipamento utilizado para acessar a Internet pelos estudantes tanto na rede pública (97,2%) quanto na rede privada (98,6%).
Utilização da Internet em área rural passa de 33,9% em 2016 para 81,0% em 2024
Em 2016, ano inicial da série, 66,1% da população de 10 anos ou mais de idade havia utilizado a Internet no período de referência, subindo para 89,1% em 2024. Em 2023, 88,0% das pessoas de 10 anos ou mais haviam utilizado a Internet. Embora a utilização da Internet seja menor entre os residentes em áreas rurais, observou-se uma forte expansão de seu uso nesse grupo populacional, de 33,9% em 2016 para 81,0% em 2024. No mesmo período, os percentuais de utilização da internet em áreas urbanas subiram de 71,4% para 90,2%.
Em 2024, a região Centro-Oeste (93,1%) manteve a maior proporção de pessoas que utilizaram a Internet, ao passo que as Norte (88,2%) e Nordeste (87,2%) permaneceram com os menores resultados. Entretanto, essas duas regiões apresentaram maior expansão desse indicador em relação ao ano anterior, com aumentos de 2,9 p.p. e 3,0 p.p., respectivamente; enquanto no Sudeste a proporção de usuários teve variação negativa de 0,6 p.p no último ano. No período de 2019 a 2024, a Norte e a Nordeste registraram altas de 18,2 p.p. e 17,2 p.p., respectivamente, nesse indicador, mostrando que a desigualdade regional quanto ao acesso à Internet está diminuindo.
Desigualdade de acesso à internet por cor ou raça diminui
A desigualdade de acesso à Internet por cor ou raça vem se reduzindo ao longo da série. Em 2024, o percentual de pessoas brancas que utilizaram a Internet no período de referência foi de 90,0%, um pouco maior que o estimado para pessoas de cor ou raça preta (88,4%) e parda (88,6%). Em 2016, as diferenças eram mais expressivas: 72,6% das pessoas brancas, 63,9% das pretas e 60,3% das pardas haviam utilizado a Internet.
Em relação ao sexo, 89,8% das mulheres utilizaram a Internet em 2024, um pouco acima do percentual apresentado pelos homens (88,4%). Por nível de instrução, o grupo de pessoas sem instrução (46,0%) apresentava um percentual de uso da Internet bastante inferior ao dos demais grupos de escolaridade, com destaque para aqueles com ensino superior incompleto (97,9%) e com superior completo (97,2%).
Utilização da internet entre os idosos mostra o maior crescimento
Em 2024, o percentual de pessoas que utilizaram a Internet, no período de referência, no grupo etário de 10 a 13 anos foi de 84,8%. Esse percentual cresceu sucessivamente nas faixas etárias subsequentes e alcançou 96,4% no grupo de 25 a 29 anos. Em seguida, a proporção de usuários declinou até 89,9%, no grupo de 50 a 59 anos, e 69,8% entre os idosos (60 anos ou mais).
O aumento do percentual de pessoas que utilizaram a Internet, entre 2019 e 2024, foi bastante expressivo no grupo etário de 60 anos ou mais: de 44,8% para 69,8% (expansão de 25,0 p.p.), seguido pelo grupo de 50 a 59 anos: de 74,4% para 89,9% (mais 15,5 p.p.). Em relação a 2023, esses grupos também apresentaram as maiores expansões no percentual de usuários da Internet (3,8 p.p. e 1,9 p.p., respectivamente).
92,4% dos estudantes acessaram a internet em 2024
Em 2024, o percentual de pessoas que utilizaram a Internet foi de 92,4% no grupo dos estudantes e de 88,4% entre os não estudantes. Em relação ao ano anterior, houve maior aumento do uso da Internet entre os não estudantes (1,3 p.p.) enquanto entre os estudantes a alta foi de 0,5 p.p.
Enquanto 97,0% dos estudantes da rede privada utilizaram a Internet em 2024, esse percentual entre os estudantes da rede pública de ensino foi de 90,0%.
Entre os estudantes do ensino fundamental, 94,2% dos estudantes da rede privada e 85,4% da pública utilizaram a Internet (diferença de 8,8 p.p.). No entanto, entre os estudantes do ensino médio, os percentuais foram, respectivamente, 95,9% e 96,7%, uma diferença de apenas 0,8 p.p. Entre aqueles que cursavam o ensino superior ou pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) as proporções de acesso estavam próximas da universalidade nas duas redes de ensino (98,0% dos estudantes da rede privada e 98,4% da pública utilizaram a Internet).
Proporção de acesso diário à Internet chega a 95,2% em 2024
Em 2024, entre as pessoas de 10 anos ou mais de idade que utilizaram Internet no período de referência dos últimos três meses, 95,2% usavam de forma habitual todos os dias; 1,9% utilizavam quase todos os dias (cinco ou seis dias por semana); 2,4%, de uma a quatro vezes por semana; e apenas 0,6% utilizavam com uma frequência inferior a uma vez por semana.
A PNAD Contínua passou a investigar, a partir de 2022, a frequência com que as pessoas normalmente utilizavam a Internet. O percentual de pessoas que utilizavam a Internet diariamente, de forma habitual, passou de 93,4%, em 2022, para 94,3%, em 2023, até 95,2%, em 2024.
Acesso a bancos foi a finalidade de uso da Internet que mais cresceu de 2022 a 2024
O percentual de pessoas que acessaram a Internet para conversar por chamadas de voz ou vídeo manteve-se como a finalidade mais informada, alcançando 95,0% dos usuários em 2024. Essa proporção teve uma oscilação positiva de 0,4 p.p. em relação a 2023 (94,6%) e cresceu 3,6 p.p frente a 2019 (91,4%). A segunda finalidade mais relatada de uso da Internet foi enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de e-mail (90,2%). Essa utilização recuou 0,9 p.p. frente a 2023 (91,1%) e também caiu 5,6 p.p. ante 2019 (95,8%).
Outras finalidades apontadas por mais da metade dos usuários da Internet foram: assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (88,5%); usar redes sociais (84,2%); ouvir músicas, rádio ou podcast (83,5%); acessar bancos ou outras instituições financeiras (71,2%); ler jornais, notícias, livros ou revistas pela Internet (68,9%); e enviar ou receber e-mails (60,8%).
As demais atividades realizadas pela Internet investigadas na pesquisa abrangiam menos da metade dos usuários: comprar ou encomendar bens ou serviços (48,1%); usar algum serviço público (38,8%); jogar (30,2%); e vender ou anunciar bens ou serviços (12,3%).
De 2022 a 2024, as finalidades de acesso à internet que mais cresceram foram: acesso a bancos e instituições financeiras (de 60,1% para 71,2% dos usuários), comprar ou encomendar bens ou serviços (de 42,0% para 48,1%) e usar algum serviço público (de 33,4% para 38,8%). Gustavo Fontes avalia: “Algumas finalidades de uso da Internet tiveram uma expansão importante de 2022 a 2024, como acessar bancos ou outras instituições financeiras, por exemplo. Em apenas dois anos, houve um aumento de 22 milhões de pessoas no contingente que usou a Internet para acessar bancos. Outras finalidades de uso da Internet em crescimento foram comprar ou encomendar bens ou serviços (quase 13 milhões de pessoas a mais) e usar algum serviço público (expansão de mais de 11 milhões de pessoas)”.
Em 2024, 10,5% dos usuários acessaram a Internet gratuita de locais públicos
Em 2024, 10,5% das pessoas que utilizaram a Internet no período de referência dos últimos três meses afirmaram ter acessado o serviço gratuitamente em estabelecimentos públicos de educação (como escolas e universidades) e bibliotecas públicas (frente a 8,9% em 2022 e 10,2% em 2023).
A proporção de estudantes que utilizaram o acesso gratuito à Internet em estabelecimentos públicos de educação e bibliotecas públicas foi de 29,6% em 2024, 2,5 p.p. acima de 2023 (27,1%). Entre os estudantes da rede pública, pouco mais de 1/3 (34,3%) dos que utilizaram Internet no período de referência acessaram o serviço de forma gratuita em escolas, universidades ou bibliotecas públicas. Em 2023, esse percentual foi de 30,5%.
Analisando por curso frequentado, entre os estudantes da rede pública que utilizaram a Internet, 27,4% dos estudantes do ensino fundamental, 39,3% do ensino médio e 52,3% do ensino superior ou pós-graduação acessaram a Internet gratuitamente em escolas, universidades ou bibliotecas públicas em 2024. Houve aumento para todos os grupos em relação a 2023, cujos percentuais eram, respectivamente, de 25,3%, 33,9% e 45,5%.
No país, 30,9% dos estudantes da rede pública (independentemente de terem ou não acessado a Internet no período de referência) acessaram a Internet em escolas, universidades ou bibliotecas públicas no último ano, o que representa uma expansão de 3,6 p.p. em relação a 2023, quando o percentual era de 27,2%. Em 2022, primeiro ano da série para esse indicador, o percentual foi 23,9%.
Privacidade e segurança estão entre os principais motivos para crianças não usarem a Internet
Em 2024, 10,9% das pessoas de 10 anos ou mais de idade (ou 20,5 milhões de pessoas) não utilizaram a Internet no período de referência, frente a 12,0% em 2023 e 20,5% em 2019. Os dois motivos mais apontados para não acessar a internet foram não saber utilizar (45,6%) e não ter necessidade (28,5%). Os motivos seguintes foram econômicos (serviço de acesso à Internet era caro, bem como equipamento eletrônico necessário era caro) e somavam 10,9%. A falta de tempo foi apontada por 4,3% das pessoas e a preocupação com privacidade ou segurança, por 3,8%.
Entre os que não acessaram a internet em 2024, 73,4% eram sem instrução ou com ensino fundamental incompleto e 52,1% tinham 60 anos ou mais de idade.
Para a população de 60 anos ou mais, os principais motivos foram não saber utilizar a Internet (66,1%), e falta de necessidade (22,1%). Já as crianças de 10 a 13 anos eram 8,6% dos que não utilizaram a internet, o segundo recorte etário mais numeroso, e seus principais motivos foram a falta de necessidade (33,9%) e a preocupação com privacidade ou segurança (22,5%). Este segundo motivo pode refletir receio por parte dos pais ou responsáveis. Destacam-se também os motivos econômicos desse grupo mais jovem: equipamento eletrônico necessário era caro (9,3%) e serviço de acesso à Internet era caro (8,9%).
Gustavo ressalta que “no período de 2022 a 2024 foi observado que, entre as pessoas mais novas e entre os estudantes que não usaram a Internet, a parcela de pessoas que relataram a preocupação com privacidade ou segurança como principal motivo para não acessar a Internet aumentou, ano a ano, o que tende a refletir, sobretudo no caso de crianças e adolescentes, uma preocupação dos pais ou responsáveis. Já os motivos de ordem financeira têm perdido participação.”
Mais sobre a pesquisa
Desde 2016, o módulo anual de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua analisa o acesso à Internet e à televisão e a posse de telefone móvel celular para uso pessoal, com detalhamento geográfico para Brasil e Unidades da Federação. Acesse o material de apoio e a publicação completa para mais informações.