Observa Censo
Observadores internacionais do Censo 2022 trocam experiências sobre a coleta em seis cidades
29/09/2022 14h00 | Atualizado em 29/09/2022 14h00
Com a presença de observadores de institutos de estatística de 18 países das Américas do Norte, Central e Sul e África, além de representantes de organizações internacionais, foi realizado na última segunda-feira (26), o encontro de encerramento do projeto Observa Censo 2022, no Rio de Janeiro, que reuniu cerca de 160 pessoas.
Os observadores internacionais, que vieram ao Brasil e estiveram em campo acompanhando o recenseamento, de 19 a 23 de setembro, em Belo Horizonte (MG), Cabo Frio (RJ), Florianópolis (SC), Recife (PE), Boa Vista e Pacaraima (RR), relataram as experiências compartilhadas durante a semana de trabalhos e como os aprendizados poderão ser utilizados no futuro, tanto no Brasil quando em seus países de origem.
Produto de uma parceria entre o IBGE, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, o Observa Censo começou com duas etapas virtuais. Nesse caso, os representantes dos países puderam acompanhar palestras sobre os diversos aspectos relacionados à operação do Censo Demográfico do Brasil.
Na abertura do encontro, o presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, agradeceu as organizações que ajudaram o IBGE na realização do Observa Censo, destacou as principais inovações na pesquisa e frisou a iniciativa do IBGE em buscar observadores para acompanhar o processo de coleta do Censo 2022.
“O detalhamento e a logística deste evento contaram não somente com o trabalho do IBGE, mas também com a parceria incansável da ABC, do UNFPA e da OIT, a quem agradeço. Quando fizemos o primeiro teste do Censo em Paquetá, em agosto do ano passado, me perguntaram qual seria a principal inovação da pesquisa em 2022. Respondi que seria o acompanhamento do Censo em tempo real, o que permitiria a transferência de dados imediata e um feedback de gestão muito maior. E isso foi uma das coisas que chamaram a atenção dos observadores, essa transferência de dados no campo”, disse o presidente.
Observadores elogiam o Censo e pretendem incorporar inovações em suas pesquisas
O evento de encerramento contou com apresentações de representantes dos grupos que visitaram Belo Horizonte (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), Cabo Frio (Bahamas, Belize, Senegal, Sudão e Trinidad e Tobago), Florianópolis (Chile, Peru e Uruguai), Recife (Colômbia, Equador, México, República Dominicana e Honduras) e Boa Vista e Pacaraima (representantes de órgãos internacionais).
Ana Angelina Fontes Gomes, do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde, que esteve em Belo Horizonte (MG), avaliou como positiva a visita ao Brasil. “Foi um prazer enorme fazer parte desse ambicioso projeto que é o Observa Censo 2022. Da nossa semana de trabalhos em Belo Horizonte, podemos destacar dois pontos essenciais. O planejamento de todo o processo do Censo, que foi muito bem concebido em todas as suas fases, desde o recrutamento, seleção, treinamento, base cartográfica e as ferramentas de gestão. Também destacamos a boa execução e o fato de o Brasil, e o IBGE, respeitarem as normas internacionais de uma operação como essa”, analisou a especialista de Cabo Verde.
Ana Angelina acrescentou: “Sobre o aperfeiçoamento da metodologia para identificar as minorias étnicas, reconhecemos que foi dado um passo muito importante na identificação do povo quilombola e ficamos impressionados quando nos foi explicado como foi feita a identificação desse povo. Como se trata de uma metodologia nova, recomendamos o seu aperfeiçoamento de modo a identificar toda a população dentre essas minorias étnicas”.
Quando citou os principais aprendizados durante a semana de observação, a especialista afirmou que a tecnologia utilizada no Censo é algo a ser implementado em outros países. “Também elencamos alguns pontos importantes que iremos levar daqui para a nossa operação censitária. A harmonização do cadastro de endereços, a inovação da captura de coordenadas no momento da entrevista e a interconexão entre os diferentes aplicativos, foram pontos muito importantes que levaremos de aprendizado, pois em alguns países, ainda não se faz o Censo digital”, finalizou Ana Angelina.
Já Mohamed Melanine, representante do UNFPA Sudão e do grupo que esteve em Cabo Frio (RJ), comemorou a oportunidade de ter visitado setores de diferentes realidades e elogiou o processo de capacitação dos supervisores e recenseadores. “Ficamos muito satisfeitos, pois o time do IBGE em Cabo Frio nos apresentou setores censitários de diferentes tipos, em áreas mais ricas, de classe média, mais pobres e até de setores rurais, o que nos permitiu ter um grande leque de experiências.
Também visitamos áreas de supervisão e um posto de coleta”, explicou Melanine. “Percebemos que os supervisores e os recenseadores são muito bem treinados na metodologia e no uso dos equipamentos do Censo. Nas áreas que visitamos, notamos um número muito pequeno de recusas da população em responder ao questionário. Dos quatro setores visitados, observamos apenas três recusas”, acrescentou o sudanês.
O especialista ressaltou, ainda, o principal fator analisado ao acompanhar o trabalho de coleta que deve ser aproveitado na operação censitária de seu país. “Muitos podem pensar que em uma operação digital não é necessário o uso de mapas de papel. No caso do Sudão, em particular, nós temos 63 mil recenseadores. Imprimir essa quantidade de mapas custa dinheiro e nós estávamos hesitantes se deveríamos ou não realizar a impressão. Com a experiência que tivemos no Brasil, vimos que é importante que os recenseadores tenham mapas de papel por uma série de motivos. Dentre eles, permite que tenham uma visão mais ampla da região onde se encontram e ajuda a poupar a bateria do dispositivo móvel. Essa é uma boa prática que levaremos para a nossa operação”, destacou Mohamed.
IBGE celebra a troca de conhecimento e utilizará a experiência adquirida em outros projetos de cooperação
O diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, aproveitou para agradecer o auxílio na realização do Observa Censo e comentou sobre os objetivos e expectativas que o IBGE tinha quando idealizou o encontro. “Nós não nos cansamos de agradecer o apoio de agências como o UNFPA, a OIT, a ABC, a ACNUR e a OIM para a realização de um evento como esse. Esperamos ter conseguido mostrar aos observadores os avanços que tivemos com esse Censo na comparação com o Censo de 2010, sobretudo na parte tecnológica, e também a série de desafios que temos e como estamos trabalhando para superá-los”, afirmou Azeredo.
Cimar explicou ainda como um projeto como esse pode ajudar o IBGE a produzir mais parcerias no futuro: “A ideia de criar esse evento também surgiu com a intenção de ter pessoas nas superintendências estaduais do IBGE aptas a realizar esse processo de cooperação. Recebemos muitos convites de outros países para falar do Censo mas muitas vezes não conseguimos atender a todos. Com a realização desse projeto, agora temos mais pessoas capacitadas e com experiência para levar o nosso conhecimento para outros locais”.
Roberto Sant’Anna, gerente de Relações Internacionais do IBGE, fez um balanço do Observa Censo e falou sobre as experiências compartilhadas durante os dias de trabalho. “O projeto Observa Censo configurou uma atividade muito bem sucedida, uma vez que pôde proporcionar às instituições participantes uma oportunidade de trocar experiências e aprender fazendo. Para o IBGE, foi importante pois uma vez mais, pudemos participar e mostrar a excelência desse instituto e também ter a oportunidade de conhecer e receber as informações e experiências das instituições internacionais”.