Censo Demográfico
Conheça famosos que já trabalharam no Censo; processo seletivo tem mais de 200 mil vagas abertas
12/01/2022 09h00 | Atualizado em 14/11/2022 16h34
Destaques
- Profissionais reconhecidos, como a apresentadora Ana Maria Braga e o jornalista Pedro Bial, comentam a satisfação e o aprendizado que tiveram como recenseadores do IBGE.
- As inscrições para o processo seletivo para recenseador e agente censitário do Censo 2022 estão abertas até o dia 21 de janeiro.
- São mais de 200 mil vagas para quase todos os municípios do país.
O Censo Demográfico 2022 contará com a participação de 183.021 recenseadores, profissionais que visitarão todos os domicílios brasileiros, entrevistando seus moradores. Atuando na ponta da coleta da pesquisa mais importante do país, eles têm papel fundamental para viabilizar toda a operação censitária. Nesta reportagem, profissionais reconhecidos, como a apresentadora Ana Maria Braga e o jornalista Pedro Bial, comentam a satisfação e o aprendizado que tiveram como recenseadores do IBGE.
Realizado a cada dez anos, o Censo traça o retrato da população e de suas condições de vida. Com informações para todos os municípios, ajuda a definir políticas públicas que beneficiam cidadãos e comunidades. As inscrições para o processo seletivo para recenseador e agente censitário (23.870 vagas) foram prorrogadas até 21 de janeiro. Todas as etapas do Censo seguirão rígidos protocolos de saúde e segurança adotados pelo IBGE, de acordo com as melhores práticas de prevenção e combate à Covid-19. Clique aqui e faça sua inscrição no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Participar do Censo Demográfico é uma grande oportunidade não somente pela possibilidade de desenvolver competências em diversas áreas - como relacionamento com as pessoas, conhecimento da sua localidade, ganho de experiência profissional -, mas também pela consciência de que o recenseado está contribuindo para uma missão importantíssima para nosso país”, afirma o coordenador de Recursos Humanos do IBGE, Bruno Malheiros.
Ele recomenda que os que têm dúvida sobre a relevância do trabalho devem buscar se informar com alguém que já tenha sido recenseador ou atuado de alguma forma com o IBGE. E são muitos os bons exemplos, até mesmo entre personalidades que se destacam hoje em várias áreas.
A apresentadora Ana Maria Braga viu no Censo 1970 a oportunidade de obter rendimento num momento em que se preparava para prestar o vestibular. Ela conta que, para a realização do trabalho, atuou numa área com mais quatro universitários. “Eu sei que ganhei naquela época uma grana que me ajudou muito. No meu pré-vestibular, eu estudava até de madrugada para poder prestar o exame para entrar na universidade. E me lembro direitinho que me ajudou muito e trabalhei bastante, mas valeu muito a pena”.
Já Pedro Bial, também jornalista e apresentador do programa Conversa com o Bial da TV Globo, diz que a experiência com o Censo 1980, aos 22 anos, foi um ritual de iniciação na vida adulta e de conhecimento do Brasil. Para ele, foi uma experiência de profundidade existencial e humana que ajudou em sua formação. “É daquelas experiências que mudam a sua vida. Tem o antes e o depois daquele julho ou agosto de 1980. A mim foi incumbido um quarteirão de Copacabana, no Posto 6, entre a Rua Barata Ribeiro e a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, com muitos prédios com centenas de apartamentos. Acho que, ao todo, fiz mais que centenas de apartamentos, fiz milhares. Ia batendo de porta em porta, entrando, vendo as mais diferentes configurações familiares, gente, pessoas, famílias, níveis de renda. E eu me envolvia, já com meu jeitinho de repórter, cumpria o formulário, mas ficava observando. Aquilo foi um filme, mais do que um filme, uma série, e que me preparou para a vida”, recorda Bial.
A jornalista e comentarista da Globonews Flávia Oliveira destaca sua ligação com o IBGE, como aluna de ensino médio em estatística na ENCE (Escola Nacional de Ciências Estatísticas) e como estagiária do departamento de economia do IBGE na antiga sede da Mangueira. “A intimidade que a formação estatística me deu com números, com a capacidade de análise, de interpretação e de tabulação foi decisiva para a jornalista em que me transformei”, lembra Flávia.
André Jung foi baterista das bandas Titãs e Ira!. Participou do Censo 1980, quando cursava jornalismo na ECA (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) e iniciava a carreira como músico. “Eu estava doido para comprar umas congas (instrumento de percussão) e o dinheiro que eu ganharia como recenseador seria perfeito. Então me inscrevi na seleção, fiz o exame, passei, fui para o treinamento e comecei a trabalhar, aplicando os questionários em domicílios do bairro de Sumarezinho, em São Paulo. Foi uma experiência incrível, que eu guardo com muito carinho. Tenho muito orgulho de ter atuado numa coisa tão importante para a nação quanto um recenseamento”, disse Jung em 2018, em entrevista para a Revista Retratos, do Instituto.
Atualmente diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo também participou do Censo Demográfico em 1980 e conta como essa decisão marcou sua vida. “Foi uma das minhas maiores experiências. Foi a grande oportunidade de conhecer como vivem as pessoas, entrar nos domicílios, fazer as perguntas, contar os moradores. Trabalhar o convencimento dos moradores em responder ao Censo do IBGE me tornou, sem dúvida, um cara mais confiante, persuasivo e profissional”.
Em 2019, o cineasta Zelito Viana e o ator Marcos Palmeira, pai e filho, também falaram sobre a relação deles com o IBGE para a Revista Retratos, após a realização do documentário "O país é este". Dirigido por Zelito e apresentado por Marcos Palmeira, o documentário foi lançado em 2002 e mostra o Brasil por meio dos dados do Censo 2000. O diretor contou que a inspiração foi o Censo 2000. “Foi ótimo, e nos divertimos muito”, vibra Zelito. Marcos destaca que foi o seu primeiro contato com o IBGE e, para ele, foi muito esclarecedor. “Foi mais um aprendizado ter falado dos números e das pessoas, não de uma maneira didática, e sim de forma prática. Foi uma experiência muito marcante não só para mim, mas para toda a equipe”, finaliza Palmeira.
Leia ou OUÇA a íntegra dos depoimentos
Ana Maria Braga, apresentadora do "Mais Você", da TV Globo
Eu estava me preparando para o vestibular em São José do Rio Preto e não tinha grana. Aí, apareceu a inscrição do IBGE para trabalhar no Censo, e fiz uma área, o bairro da Boa Vista, junto com mais quatro universitários. A gente batia de casa em casa. Naquela época, não tinha essa coisa de você receber mapa pronto pelo Google, então, eles davam uma área, como se fosse, aqueles mapas de cidade com rua, e aí você tinha que seguir com chuva, com sol, com calor.
Então eu batia de casa em casa, ia sempre acompanhada de mais uma pessoa. Era preciso contar quantas pessoas moravam na casa, idade, profissão, escolaridade. Tinha de perguntar quantas geladeiras, se tinha geladeira, se tinha fogão, se tinha telefone, se tinha carro. Enfim, mas era um questionário bem complexo, e era tudo no papel, e você preenchia na mão tudo aquilo.
Quanto mais casas você visitasse, mais você terminava o seu trabalho, a cobertura de área. E era um trabalho de confiança, porque a pessoa podia dizer que tinha ido, mas não tinha. Hoje em dia, deve ter métodos mais avançados, até gostaria de saber. Sei que eu ganhei naquela época uma grana que me ajudou muito no meu pré-vestibular. Eu estudava até não sei que horas, de madrugada, pra poder prestar o exame pra entrar na faculdade. E eu me lembro direitinho, me ajudou bastante, trabalhei muito, mas valeu muito a pena. Foi isso aí! Manda um beijo para o pessoal do IBGE! Super beijo! Lindo dia!
Pedro Bial, jornalista e apresentador do "Conversa com Bial", da TV Globo
A minha experiência como recenseador no Censo de 1980, quando eu tinha 22 anos, foi um ritual de iniciação na vida adulta e no Brasil. Foi uma experiência de profundidade existencial e humana para mim, que me formou. É daquelas experiências que mudam a sua vida. Tem o antes e o depois daquele julho ou agosto de 1980, meio do ano.
A mim foi incumbido um quarteirão de Copacabana, no Posto 6, entre a Rua Barata Ribeiro e a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, com muitos prédios com dezenas de apartamentos. Acho que, ao todo, fiz mais de centenas de apartamentos, fiz milhares. Ia batendo de porta em porta, entrando, vendo as mais diferentes configurações familiares, gente, pessoas, famílias, níveis de renda. E eu me envolvia, já com meu jeitinho de repórter, cumpria o formulário, mas ficava observando. Aquilo foi um filme, mais do que um filme, uma série, e que me preparou para a vida, para o Brasil, para profissão de repórter.
Me emocionei seguidas vezes. Foi um negócio extraordinário; e, quando digo que foi um ritual de iniciação, é porque eu ainda morava com a minha mãe e, durante o Censo, fiz o movimento de sair de casa. Fui à luta, era o ingresso mesmo na vida adulta.
A experiência do recenseador é não só a experiência de estar contribuindo para o projeto Brasil, para algo grande, coletivo, para uma ideia de sociedade; como também, pessoalmente, individualmente, cada uma daquelas pessoas com quem tive contato, em cujas casas entrei, me moldaram não só como cidadão, mas também existencialmente, para a minha sensibilidade para com o outro, para as diferenças. Copacabana, né, um lugar onde tem tudo, muito. Esse foi o meu Censo.
Flávia Oliveira, jornalista e comentarista da Globonews
Minha relação com o IBGE vem dos anos 1980. Em 1984, eu comecei a estudar na Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE, ainda hoje uma unidade de ensino mantida pelo IBGE, mas que, naquela época, tinha um curso técnico de ensino médio, à época Segundo Grau. Eu fiz o Segundo Grau Técnico em estatística, portanto tenho uma formação em estatística que, sem dúvida alguma, para mim foi determinante na entrada no jornalismo econômico. A intimidade que a formação estatística me deu com números, com a capacidade de análise e de interpretação e de tabulação foi decisiva para a jornalista em que me transformei. Até hoje, os números e a produção estatística do IBGE são essenciais no meu trabalho como jornalista de economia e de temas sociais.
Em 1986, o último ano do curso técnico em estatística, eu estagiei na então sede do IBGE em Mangueira, no departamento de Economia. Eu fazia revisão por amostragem dos formulários do censo econômico. Então é uma ligação muito intensa por ter estudado em instalações do IBGE, por ter estagiado e, portanto, ter trabalhado por um curto período, também numa instalação emblemática, o IBGE Mangueira, que não existe mais. E, ao longo de toda a minha trajetória profissional – lá se vão 28 anos de jornalismo –, também usando as informações e a produção do IBGE para ancorar meu trabalho jornalístico.
Não preciso nem dizer do meu pesar pelo adiamento do Censo 2020 em razão da pandemia; e da minha alegria em ver o reinício da preparação das operações para essa pesquisa, que é o mais importante diagnóstico sobre a sociedade brasileira, sobre condições de vida, de renda, de acesso à educação e à habitação. A produção estatística do IBGE a partir do censo é elemento fundamental para o autoconhecimento da sociedade brasileira e, portanto, para o diagnóstico e elaboração e aplicação de políticas públicas. Parabéns ao IBGE! Vamos contribuir e, alegremente, participar do Censo.
André Jung foi baterista do Titãs e do Ira!
Em 1980, eu fazia jornalismo na ECA (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), apesar de estar focado mesmo em estudar música. Minha carreira como músico ainda estava começando, mas eu já sabia que era essa a profissão que eu queria seguir. Foi nessa época que vi uma notícia sobre o processo seletivo do IBGE para o Censo de 1980. Eu estava doido para comprar umas congas (instrumento de percussão) e o dinheiro que eu ganharia como recenseador seria perfeito. Então me inscrevi na seleção, fiz o exame, passei, fui para o treinamento e comecei a trabalhar, aplicando os questionários em domicílios do bairro de Sumarezinho, em São Paulo.
Foi uma experiência incrível, que eu guardo com muito carinho. Tenho muito orgulho de ter atuado numa coisa tão importante para a nação quanto um recenseamento. Além disso, com o meu trabalho no Censo, consegui o dinheiro para as minhas congas! Elas já estavam sendo fabricadas, porque eram feitas sob encomenda por um artesão. E eu fui buscá-las assim que recebi o dinheiro. Essas congas acompanharam a minha carreira. Em abril de 1981, comecei a tocar no Titãs e gravei o primeiro disco deles. Eu era o baterista da banda, mas toquei percussão em muitas músicas. E na faixa Querem Meu Sangue, que o Nando Reis canta, eu toquei um trechinho solo com as congas.
Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE
“Meu nome é Cimar Azeredo, eu sou recenseador do IBGE, e estou aqui para fazer o Censo 80, o censo é muito importante para conhecer onde estamos, quantos somos, como vivemos...”. Eu repetia esse texto em todas as casas. Em 1980, eu tinha 19 anos, morava em Santo Antônio de Pádua (RJ), tinha acabado de servir no Tiro de Guerra, e fui contratado pelo IBGE para ser recenseador do Censo 80. Era o meu primeiro emprego.
Chegar na casa das pessoas mais pobres na hora do almoço e ver o que elas comiam, isso foi duro, por vezes voltava pra casa com olhos marejados. Lembro também do carinho das pessoas comigo, era cidade pequena, na roça virei “o rapaz do Censo”.
Correr os setores censitários, listando ruas, identificando as quadras, bater de porta em porta, entrar nas casas e aplicar o questionário foi uma experiência fantástica. Trabalhei em setores da área rural, da área urbana, fiz setores de alta renda, áreas mais pobres. Cada setor, cada casa visitada tinha as suas peculiaridades.
Eu estava me preparando para fazer o vestibular e essa experiência foi tão relevante que bagunçou a minha escolha referente à carreira, cheguei a pensar a prestar o vestibular para Sociologia. Na época fui o recenseador que recenseou mais domicílios. O que ganhei me deu autonomia para ir a Niterói (RJ) fazer o pré-vestibular.
Ter participado do Censo 80 foi uma das maiores experiências da minha vida. Outro ponto que eu destaco foi a grande oportunidade de conhecer como vivem as pessoas, entrar nos domicílios, fazer as perguntas, contar os moradores. Trabalhar o convencimento dos moradores em responder ao Censo do IBGE me tornou, sem dúvida, um cara mais confiante, persuasivo e profissional.